10 Outubro 2023
"Caro Jesus, se você permitir, eu teria algumas dúbia a lhe dirigir, perplexidades decorrentes dos seus gestos subversivos e de suas escolhas revolucionárias ao lado dos excluídos, das mulheres e dos vencidos".
O artigo é de Roberto Oliva, presbítero da Diocese de San Marco Scalea, Itália, publicado por Settimana News, 06-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Caro Jesus,
se você permitir, eu teria algumas dúvidas a lhe dirigir, perplexidades decorrentes dos seus gestos subversivos e de suas escolhas revolucionárias ao lado dos excluídos, das mulheres e dos vencidos. Vamos prosseguir por ordem.
Pareceu-lhe apropriado, no Templo Sagrado de Jerusalém, montar um chicote de cordas e derrubar as mesas?
Quando os guardiões da ortodoxia levaram diante de você uma mulher pega em flagrante adultério, por que você contornou a Lei escrevendo no chão e aludindo aos pecados deles?
Por que você violou o código de pureza (Levítico) na frente de inúmeras pessoas ao tocar pessoas afeitas por lepra?
A sua relação conflituosa com o “sábado” escandalizou a muitos: por que raios lhe deu na cabeça, em pleno dia de sábado, arrancar as espigas de milho e comê-las com os seus discípulos?
Você não poderia achar outros dias – fora o sábado – para curar os enfermos? Quem lhe autoriza a se sentir “maior que o sábado”?
Você foi visto na casa de publicanos e prostitutas para almoçar sem antes realizar as abluções previstas, como justifica tal escândalo?
Nas suas parábolas você não poderia ter encontrado um modelo mais adequado do que um herege (o samaritano) para indicar o modelo do homem caridoso?
Os seus contatos frequentes com os pagãos (cananeia, centurião...) fazem-nos pensar que você é tende demais a favor daqueles de fora: de que lado está realmente?
Caro Jesus,
Desculpe-me a franqueza, mas você não poderia ter derramado vinho novo em odres velhos?
Porque nos escandaliza assim, não conseguimos lhe acompanhar: esse mandamento do amor é por demais exigente para vivê-lo - mas sobretudo para entender que é o único significado autêntico de um Evangelho a ser tomado sem calmantes.
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Jesus e as “dubia”. Artigo de Roberto Oliva - Instituto Humanitas Unisinos - IHU