10 Outubro 2023
O segundo módulo da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que busca responder à pergunta sobre "Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?”, iniciou com uma Missa no Altar da Cátedra em rito greco-bizantino, presidida por Sua Beatitude Rev. Youssef ABSI, patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas, presidente do Sínodo da Igreja Católica Greco-Melquita, com a homilia de Sua Beatitude Eminência Cardeal Béchara Boutros RAÏ, OMM, patriarca de Antioquia dos Maronitas, chefe do Sínodo da Igreja Maronita, que pode ser considerado um passo a mais no caminho da unidade.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Na Congregação Geral os participantes da Assembleia Sinodal escutaram diversos depoimentos, dentre eles o partilhado por Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro e uma das mulheres membros da Assembleia. A leiga brasileira iniciou suas palavras lembrando que “viver o processo sinodal na Igreja do Brasil foi uma continuidade do caminho iniciado na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, destacando o processo de escuta realizado, mesmo com a pandemia.
Ela destacou a importância da Equipe Nacional no trabalho de animação do processo sinodal chegando nas bases, onde foi importante a participação do laicato, uma prática que ajudou a conhecer a realidade em diferentes níveis e dos leigos e leigas se descobrir como corresponsável na missão. Também uma oportunidade para iniciar processos de formação, lembrando as palavras do relatório realizado no Brasil para a fase continental: “o Sínodo caiu, no mundo dos leigos e leigas, como um oceano a ser explorado e valorizado e, por isto a partir de agora não deve ser só um momento, mais uma prática da Igreja”.
Sônia Gomes de Oliveira. (Foto: Captura de tela | Vatican Media)
Sônia Gomes de Oliveira insistiu na necessidade de uma Igreja sinodal na prática “onde todos os batizados são chamados a participar, não só como colaboradores, mas reconhecidos e conscientes da responsabilidade pela missão”, e também afirmando que “nem todos compreenderam o processo”. Ela disse ter compreendido que “Igreja sinodal é a que não deve ter medo de caminhar juntos com aqueles que querem viver a unidade, respeitando os diversos carismas e vocações”, destacando a necessidade de “colocar os chinelos e os pés no caminho, ouvir o povo que grita e a Igreja precisava ouvir”.
Segundo a presidenta do laicato brasileiro, é necessário “exercer o meu papel de batizada no meu ambiente de Trabalho com um jeito e forma de ser Igreja”, que a leve a “unir a minha profissão com o meu ser cristã”. Ela destacou a importância das escutas, de fazê-las do jeito de Jesus, relatando duas experiências marcantes, uma com uma prostituta, que disse: “agora entendi, a Igreja e o Papa Francisco querem saber como estou”, afirmando carregar um fio de esperança, e agradecendo ter chegado até ela, o que fez com que ela se sentisse aliviada, mas dizendo, “pena que o povo da Igreja não faz isto sempre!” Uma segunda experiência foi num presidio, onde experimentou o consolo levado até os detentos, e como “somos chamados a consolar”.
Em suas palavras, Sônia foi partilhando diversas experiências vividas nas escutas, querendo assim ressaltar que “falar de uma experiência sinodal é falar de uma Igreja que tem que ser aberta para acolher, aberta para escutar”, pois, “existem muitos lugares de dor, sofrimento, é importante a presença da Igreja”, chamado a todos e todas a estar ali, “ainda temos muitos lugares que não conseguimos chegar”. É por isso que temos que “ser Igreja no coração do mundo”, uma Igreja que acolhe a todos, e ter um coração fraterno que acolhe os crucificados de hoje, refletindo sobre o sofrimento das mulheres e a necessidade de entender que “fazer o caminho sinodal é ser pobre com os pobres e não para os pobres”.
Diante de tantas coisas bonitas que existem na Igreja, a presidenta do laicato no Brasil fez um chamado a ser cireneus, a “criar ou fortalecer uma rede da sinodalidade que acolhe, que reza, que ajuda”. Uma Igreja que respeita a cultura dos povos indígenas e comunidades tradicionais, com uma liturgia mais próxima de sua realidade, com uma presença mais acolhedora para com aqueles que são descartados.
Finalmente, mostrou a necessidade de “uma Igreja que precisa que cativemos mais pessoas, Igreja do encantamento que leva a entender que eles também são testemunhas do Ressuscitado, Igreja da Esperança, Igreja profética que entra nos porões onde a vida está ameaçada, Igreja da partilha da Eucaristia, Igreja da Pertença. A Igreja que o Espírito nos impele a mostrar Jesus”, destacou.
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Sônia Gomes de Oliveira: “Igreja sinodal é a que não deve ter medo de caminhar juntos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU