Estados Unidos e China ficam de fora da Cúpula de Ação Climática em NY; governo dos Emirados Árabes, anfitrião da COP28, também não foi convidado.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 21-09-2023.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, recebeu nesta 4ª feira (20-09) representantes de 34 países para discutir os caminhos para elevar a ambição climática global. Curiosamente, a lista de convidados ao evento em Nova York não contou com os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, Estados Unidos e China, e nem com os anfitriões da próxima COP28, os Emirados Árabes Unidos.

Dos países do G20, apenas cinco tiveram espaço para discursar na Cúpula – África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá e França. A justificativa da ONU é de que os países convidados, especialmente aqueles com espaço reservado para discurso, são reconhecidos pela proatividade no enfrentamento à crise climática e que suas falas poderiam servir como “inspiração” para outros países seguirem o exemplo.

Segundo o Climate Home, representantes dos governos dos Estados Unidos e Reino Unido, que também ficou de fora, pressionaram Guterres por espaço na relação dos discursos na Cúpula, mas acabaram sendo vetados pelo secretário-geral. Em compensação, diversos países europeus e pequenas nações insulares tiveram espaço para falar durante o evento, além de organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

O veto à participação de EUA, China e outros grandes emissores é mais um puxão de orelha de Guterres, que vem abandonando a diplomacia protocolar ao criticar a inação dos países para evitar o pior da crise climática. Mais uma vez, o chefe da ONU cobrou mais ambição e responsabilidade dos governos nessa luta.

“A humanidade abriu as portas do inferno”, disse Guterres na abertura da Cúpula. “Se nada mudar, caminharemos para um aumento de temperatura de 2,8 graus, para um mundo perigoso e instável. Mas o futuro não está dado: cabe a líderes como vocês escrevê-lo”.

O secretário-geral também repetiu o apelo para que os países acabem com a queima de combustíveis fósseis e destravem o financiamento para ação climática. “Temos de recuperar o tempo perdido com atrasos, acusações mútuas e a ganância nua e crua de interesses arraigados que arrecadam bilhões de dólares com os combustíveis fósseis”, argumentou.

Associated Press, Financial Times, Folha, Guardian, Reuters e Valor abordaram o veto de Guterres aos grandes emissores de carbono e as discussões na Cúpula de Ação Climática.

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