Emissões de CO2 na Amazônia aumentaram 122% durante primeiros anos de Bolsonaro

Área de floresta derrubada e queimada e vista na zona rural do município de Apuí, Amazonas (Foto: Bruno Kelly | Amazônia Real)

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25 Agosto 2023

Aumento é resultado do declínio na aplicação de leis ambientais, mostra estudo publicado na Nature. Cifra é referente a 2020, em comparação com média entre 2010 e 2018.

A reportagem é de Cristiane Prizibisczki, publicada por ((o))eco, 23-08-2023.

Estudo publicado nesta quarta-feira (23) na revista Nature mostra que as emissões de gás carbônico na floresta Amazônica aumentaram significativamente durante os dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro. Em 2019, o aumento foi de 89% e, em 2020, de 122%, quando comparadas com a média entre 2010 e 2018.

Segundo o trabalho – assinado por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outras instituições nacionais e estrangeiras – tal aumento nas emissões de gases é resultado, principalmente, do declínio na aplicação de leis ambientais no país.

Para mensurar o aumento das emissões e descobrir suas causas, os pesquisadores coletaram amostras de CO2 em 742 voos realizados em quatro diferentes locais na floresta tropical. O resultado das medições foram então comparados com dados oficiais de desmatamento e queimadas entre 2010 e 2020.

A equipe identificou aumento médio de 79% no desmatamento – 82% em 2019 e 77% em 2020 – e de 28% na área queimada nos dois anos analisados – 14% em 2019 e 42% em 2020.

Dados sobre sanções ambientais também foram analisados, com a identificação de queda de 42% na aplicação de multas e de 81,5% no pagamento das mesmas entre 2019 e 2020.

“O modelo econômico na Amazônia está por trás disso”, diz a pesquisadora do INPE Luciana Gatti, principal autora do artigo.

Emissões X El Niño

Os dados da pesquisa apontam que o nível das emissões registradas entre 2019 e 2020 são compatíveis ao observado em 2015 e 2016, quando o evento climático extremo do El Niño atingiu a região, provocando intensos períodos de seca e o consequente aumento no número de queimadas.

Entre 2019 e 2020, não foram identificadas condições climáticas que justificassem o aumento nas emissões, o que, segundo os autores do estudo, apontam para a alça humana como principal fator.

A pesquisa salienta que as ações de monitoramento e controle podem ser ainda mais importantes nos próximos anos, já que a previsão é de que a região amazônica enfrente um evento de El Niño ainda mais intenso do que o anteriormente registrado. “Os dados mostram claramente a importância de políticas de controle e combate ao desmatamento eficazes”, frisa Gatti.

Outros tipos de exploração

O estudo publicado na Nature nesta quarta-feira (23) também indica que a exportação de madeira proveniente da Amazônia aumentou 700% no período, assim como também cresceram a área plantada de soja (68%), milho (58%) e a usada pela pecuária, com crescimento de 14% no rebanho bovino.

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