08 Agosto 2023
Empresas do setor se beneficiam de subsídios abundantes, enquanto destroem o clima global e pressionam o custo de vida.
A reportagem é de Peri Dias, publicada por 350.org e republicada por EcoDebate, 07-08-2023.
Nesta quinta-feira (03/08), ao anunciar ao mercado seus resultados financeiros do 2º trimestre de 2023, a Petrobras deve se somar à lista de empresas do setor que estão obtendo lucros extraordinários às custas das condições de vida de milhões de famílias em todo o planeta e do agravamento da crise climática global.
Desde 2022, companhias do setor fóssil vêm registrando, trimestre a trimestre, resultados recordes ou muito elevados em relação à sua média histórica. No mesmo período, a alta da inflação global, em boa medida puxada pelo custo da energia e dos combustíveis, agravou a desigualdade social em diversos países, e a crise climática, que tem na queima de combustíveis fósseis sua principal causa, avançou rapidamente.
If you made $53,000 a day or $20 million per year since Jesus was born you would still not make the profit Shell made in 2022.
— Mike Hudema (@MikeHudema) August 5, 2023
It’s time for Shell to Stop Drilling and Start Paying for the climate damage they’ve caused. #ActOnClimate #climate #energy #renewables pic.twitter.com/qzQ45AEo6o
Analistas de mercado preveem que o lucro líquido da Petrobras para o período entre abril e junho de 2023 deve ficar em torno de 26 bilhões de reais. No primeiro trimestre, a cifra alcançou 38,2 bilhões de reais. Confirmada a previsão dos especialistas, a empresa terá registrado mais de 64 bilhões de reais de lucro líquido em apenas meio ano.
“Enquanto a Petrobras anuncia lucros exorbitantes, a maioria dos brasileiros luta para pagar suas contas básicas, incluindo as de transporte e alimentação, que são bastante influenciadas pelo modelo de circulação de pessoas e de mercadorias que o país escolheu nas últimas décadas, centrado em combustíveis fósseis”, afirma Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina. “Para piorar, nos últimos anos, o governo brasileiro ampliou os estímulos a termelétricas a gás e carvão como parte da matriz elétrica, o que deixa a conta de luz ainda mais cara. Os combustíveis fósseis estão comendo uma fatia crescente do orçamento das famílias”, completa Zugman.
Bravo @GreenpeaceUK! All over the world record temps, record wildfires, record floods, record melts and @RishiSunak is looking to approve over 100 new oil and gas licences.
— Mike Hudema (@MikeHudema) August 4, 2023
We're in a #climateemergency - expanding the proble is the last thing we should be doing. #ActOnClimate pic.twitter.com/iwTeMf0dgG
Outras gigantes mundiais do setor também atravessam um período de bonança, que contrasta com a piora geral do poder de compra da população. Exxon, Shell, TotalEnergies e Chevron registraram, em conjunto, lucro de mais de 25 bilhões de libras (155 bilhões de reais) só no primeiro trimestre do ano.
“As empresas de petróleo e gás funcionam assim em todo o mundo, são Robin Hood às avessas: empobrecem quem já é pobre e enriquecem quem já é rico. O Brasil só corrigirá esse problema quando investir fortemente em energia renovável e deixar os combustíveis fósseis no passado”, diz Ilan Zugman.
Apesar dos conhecidos impactos dos combustíveis fósseis sobre o clima global e os biomas, governos do mundo inteiro seguem destinando um volume ultrajante de subsídios para o consumo de petróleo, gás e carvão. Em 2022, a cifra ultrapassou 1 trilhão de dólares, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o maior valor desde o início da série histórica, em 2010.
China has begun work on an $11bn desert renewables project in Inner Mongolia. The 16GW facility will be the world's largest desert renewable project: https://t.co/PNS5Lb4w1U
— Mike Hudema (@MikeHudema) August 3, 2023
We have so many solutions. Shelve fossil fuels and Implement them.#ActOnClimate #climate #energy pic.twitter.com/0vAPan6AUO
Simultaneamente, as temperaturas globais também estão batendo recordes, impulsionadas pelo aquecimento global, que tem no consumo de petróleo, gás e carvão sua causa principal.
De acordo com a Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA), os últimos oito anos foram os mais quentes desde o início dos registros, há 140 anos, e este ano vem seguindo o mesmo padrão. Julho de 2023 foi, provavelmente, o mês mais quente da história.
“Para a grande maioria das pessoas, o mundo está mais perigoso e caro por causa dos combustíveis fósseis. Os únicos que se beneficiam da expansão das empresas de petróleo e gás como a Petrobras são os grandes acionistas”, afirma Ilan Zugman.
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Empresas de petróleo e gás lucram enquanto a crise climática global se agrava - Instituto Humanitas Unisinos - IHU