31 Julho 2023
Após a Missa Te Deum das Festas Pátrias, a Infobae Peru questionou a presidente da república, o primeiro-ministro e os ministros sobre as severas palavras do arcebispo de Lima contra o governo. Sua atitude não passou despercebida.
A reportagem é de Jordan Arce, publicada por Infobae, 28-07-2023.
Após a saída da Missa Te Deum das Festas Pátrias, a presidente da república, Dina Boluarte, o primeiro-ministro, Alberto Otárola, e os ministros do atual gabinete foram questionados pela Infobae Peru sobre a contundente mensagem do arcebispo de Lima, Dom Carlos Castillo, contra as ações do governo diante dos protestos sociais que resultaram em luto para dezenas de famílias devido à brutal repressão das forças policiais.
Apesar de estarem a poucos metros da imprensa, tanto Boluarte quanto Otárola, assim como os ministros, se recusaram a responder à pergunta. A presidente peruana apenas esboçou um sorriso e levantou a mão direita para cumprimentar e seguir seu caminho.
Mais tarde, ao saírem da Catedral de Lima, o primeiro-ministro Otárola e seus ministros adotaram a mesma atitude que ela. Embora tenham ouvido claramente a pergunta dos jornalistas, optaram por ignorá-la e continuar andando. Nenhum dos membros do gabinete mostrou intenção de se aproximar para responder.
A poderosa e reflexiva mensagem de D. Carlos Castillo, na presença da presidente, do primeiro-ministro e de outros funcionários, não passou despercebida. Inclusive, nas redes sociais, o trecho do vídeo em que ele faz seu discurso se tornou viral, e muitos internautas começaram a mencioná-lo.
Durante suas palavras emocionadas, o arcebispo da capital repreendeu as mais altas autoridades, porque "parece que não perceberam que nosso povo existe, sofre e exige mudanças urgentes".
"Comparando nossa situação com o texto de Isaías, o povo que caminhava nas trevas, o Peru de hoje ainda não vê a luz nessa situação concreta e histórica. Pelo contrário, é um povo oprimido e abatido como ovelha sem pastor, que sente o peso da escuridão e da confusão", expressou ele.
Segundo o arcebispo, pouquíssimas vezes se chegou à celebração das Festas Pátrias em uma situação de tamanha incerteza, tensão e divisão política como a que estamos vivenciando há bastante tempo.
Em outro momento, o representante da Igreja Católica convocou Boluarte, Otárola e os demais funcionários do Executivo a se colocarem no lugar dos familiares das vítimas falecidas durante as manifestações que começaram desde 08-12-2022, após a tentativa de golpe de estado de Pedro Castillo.
"Com todo respeito, faço um apelo às máximas autoridades do país para que se coloquem na situação daqueles que mais sofrem, enfrentando cara a cara nossos equívocos e os graves males em que incorremos, incluindo as mortes que ainda esperam justiça e reparação", refletiu.
Além disso, o prelado foi enfático ao apontar que não pode "ficar em silêncio diante do relaxamento humano e ético da pátria" e questionou que se busque restringir a democracia em vez de fortalecê-la e ampliá-la.
Essa parte da mensagem do arcebispo foi a que despertou maior atenção entre a população.
Enquanto isso, analistas políticos afirmaram que a resposta das autoridades à imprensa, por mais sucinta que fosse, teria servido para que o governo marcasse sua posição sobre um dos principais questionamentos a este governo: as dezenas de mortes durante os protestos e a brutal repressão policial e militar ocorrida.
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Peru. As reações do governo à mensagem do arcebispo Carlos Castillo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU