#beleza. Comentário de Gianfranco Ravasi

Foto: Eugenia Maximova | Unsplash

Mais Lidos

  • Zohran Mamdani está reescrevendo as regras políticas em torno do apoio a Israel. Artigo de Kenneth Roth

    LER MAIS
  • “O capitalismo do século XXI é incapaz de atender às necessidades sociais da maioria da população mundial”. Entrevista com Michael Roberts

    LER MAIS
  • Guiné-Bissau junta-se aos países do "cinturão de golpes militares" do Sahel e da África Ocidental

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Junho 2023

Três elementos são necessários para a beleza. Em primeiro lugar a integridade ou perfeição: as coisas incompletas, de fato, resultam disformes. Em seguida, a devida proporção ou harmonia das partes. Finalmente, a clareza, segundo a qual as coisas que têm cores definidas e brilhantes são consideradas belas.

O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 25-06-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Aqui estão três cânones clássicos para definir a categoria mais fluida e variável, a beleza.

É Tomás de Aquino, com sua habitual clareza de pensamento, que fixa a estética tradicional.

Umberto Eco aprofundou o tema dedicando a sua tese ao famoso pensador medieval, mas também descobrindo a sua originalidade.

No entanto, o encontro com a beleza é muito complexo e, apesar de possuir uma necessária objetividade, também depende da percepção do sujeito que a admira ou critica. Deve-se, portanto, ser cautelosos ao julgar a arte. Tentamos, assim, ir além da trilogia tomista.

De fato, a Inacabada de Schubert é de extraordinária beleza, assim como a Pietà Rondanini de Michelangelo e O Homem Sem Qualidades de Musil e muitas outras obras deixadas em aberto por seus autores e em vão completadas por seguidores posteriores. Também a harmonia das partes pode ser desequilibrada, como acontece nos rostos pintados por Picasso, mesmo assim conquistam e fascinam quem as contempla.

Da mesma forma, o preto, que é a ausência de cores definidas e brilhantes, e mesmo as pinturas acromáticas exercem seu poder de atração. Nesse sentido, é famosa a abertura das Elegias de Duino de Rilke: “O belo é apenas o começo do terrível”.

E ele ecoava Virginia Woolf quando confessava que “a beleza tem dois cortes, um de alegria e outro de angústia, e corta o coração em dois”.

Por isso, a beleza é tão misteriosa quanto o divino e, infelizmente, tem sempre à espreita seu antípoda, que são as feiuras estéticas e as feiuras morais.

Leia mais