27 Junho 2023
Três elementos são necessários para a beleza. Em primeiro lugar a integridade ou perfeição: as coisas incompletas, de fato, resultam disformes. Em seguida, a devida proporção ou harmonia das partes. Finalmente, a clareza, segundo a qual as coisas que têm cores definidas e brilhantes são consideradas belas.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 25-06-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Aqui estão três cânones clássicos para definir a categoria mais fluida e variável, a beleza.
É Tomás de Aquino, com sua habitual clareza de pensamento, que fixa a estética tradicional.
Umberto Eco aprofundou o tema dedicando a sua tese ao famoso pensador medieval, mas também descobrindo a sua originalidade.
No entanto, o encontro com a beleza é muito complexo e, apesar de possuir uma necessária objetividade, também depende da percepção do sujeito que a admira ou critica. Deve-se, portanto, ser cautelosos ao julgar a arte. Tentamos, assim, ir além da trilogia tomista.
De fato, a Inacabada de Schubert é de extraordinária beleza, assim como a Pietà Rondanini de Michelangelo e O Homem Sem Qualidades de Musil e muitas outras obras deixadas em aberto por seus autores e em vão completadas por seguidores posteriores. Também a harmonia das partes pode ser desequilibrada, como acontece nos rostos pintados por Picasso, mesmo assim conquistam e fascinam quem as contempla.
Da mesma forma, o preto, que é a ausência de cores definidas e brilhantes, e mesmo as pinturas acromáticas exercem seu poder de atração. Nesse sentido, é famosa a abertura das Elegias de Duino de Rilke: “O belo é apenas o começo do terrível”.
E ele ecoava Virginia Woolf quando confessava que “a beleza tem dois cortes, um de alegria e outro de angústia, e corta o coração em dois”.
Por isso, a beleza é tão misteriosa quanto o divino e, infelizmente, tem sempre à espreita seu antípoda, que são as feiuras estéticas e as feiuras morais.
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#beleza. Comentário de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU