Do último domingo até 28 de maio, a Semana dedicada aos temas da encíclica publicada oito anos atrás pelo Papa Francisco. Ao centro o filme documentário "A Carta" que dá voz à natureza, aos migrantes climáticos, às populações indígenas, aos pobres e aos jovens.
A reportagem é de Riccardo Maccioni, publicada por Avvenire, 23-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A palavra norteadora é "esperança", a ser explicitada não como um otimismo genérico, mas no seu significado cristão. Ou seja, da presença de Deus Pai bom, em cada fase da vida do homem. Sempre ao seu lado, abraçando seus problemas, mas ao mesmo tempo chamando-o para suas responsabilidades. Afinal, cada edição da Semana Laudato si', este ano desde o último domingo até 28 de maio, une presente e reflexão sobre o futuro da casa comum. Ponto de partida, a encíclica "social" do Papa Francisco publicada em 24 de maio, oito anos atrás. Um texto que recorda o dever do homem de cuidar da criação da qual ele é o guardião, não proprietário.
Neste 2023, o tema norteador é “Esperança para a terra. Esperança para a humanidade". O que também significa favorecer o "necessário diálogo entre fé e ciência". O próprio Pontífice o recordou anteontem em Regina Coeli, destacando que existe “uma grande necessidade de reunir competências e criatividade!". E as terríveis calamidades recentes que atingiram a Emilia Romagna estão aí para provar isso. Teologia e ciência são, portanto, protagonistas de um diálogo que parte de perspectivas diferentes mas aponta para o mesmo objetivo. E que para alcançá-lo, busca espaços de encontro entre necessidades humanas e necessidades da natureza, entre danos espirituais e danos ecológicos.
Perspectivas, âmbitos de pesquisa em torno das quais gira o próprio filme documentário "A Carta" colocado no centro das iniciativas da Semana. Como se sabe o filme, dirigido pelo diretor Nicolas Brown vencedor de um Emmy, conta o diálogo com o Papa sobre o futuro do planeta a partir da Laudato si'. Para isso, o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral convida ao Vaticano algumas vozes empenhadas na proteção da criação em seus territórios.
Portanto, os protagonistas são Arouna, Robin, Greg, chefe Dada e Ridhima. Chamados para ser a voz da flora e fauna, dos pobres, das populações indígenas, dos jovens, da vida marinha. Eles vêm da África explorada e defraudada, da Índia, do Havaí, da Amazônia. “Este belíssimo filme – ressaltou na apresentação o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral – é um grito de clareza para as pessoas em todo o mundo: acordem! Levem a sério! Ajam juntos! Ajam agora! Não há mais tempo a perder".
Entende bem isso o refugiado climático do Senegal Arouna Kandé, um dos protagonistas do documentário. “Deixei a minha região para me refugiar em outra devido às consequências do aquecimento global. Hoje temos que aceitar não fazer pagar às gerações futuras erros pelos quais não são responsáveis. Também foi peremptório o Cacique Odair “Dadà” Borari, líder do território indígena Marò no Pará no Brasil, que no lançamento da Carta se fez intérprete "da floresta e da população indígena em luta por justiça", que significa defender a Amazônia. Espero – acrescentou – que na política do novo presidente do Brasil não haja espaço para a destruição da floresta.
Entre as propostas para a Semana está em primeiro lugar o convite a assistir "A carta", em família, com os amigos, junto com sua própria comunidade. E depois discutir sobre o tema. Porque “uma vez que se sabe o que é acontecendo, não se poderá mais desviar o olhar”, mas seremos levados a agir. Para além das análises, sempre necessárias, estamos de fato no tempo de fazer. Vai nessa direção o próprio livrinho que acompanha a Semana.
Ao ler "A nossa casa comum", o "guia para cuidar do nosso planeta” realizado em conjunto pela Santa Sé e pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI) fica-se impressionado por dois tópicos que acompanham cada capítulo: "O que precisa mudar?". E “vamos entrar em ação". Isso também será discutido hoje na mesa redonda marcada na Villa Borghese, um Roma. Czerny será acompanhado pelo embaixador da Suécia junto à Santa Sé, Andrés Jato, pelo diretor executivo do SEI, Mans Nilsson, Ulf R.Hansson diretor do Instituto Sueco de Estudos clássicos em Roma e o presidente do Movimento Laudato si', Tomás Insua.