Erdogan e Putin, a “mesma” religião

Mais Lidos

  • Da escola neoliberal à educação democrática. O papel da filosofia na revolução democrática da educação. Artigo de Christian Laval

    LER MAIS
  • Há 50 anos morria o homem que explicou a pobreza no Brasil

    LER MAIS
  • Direitos sim, fordismo não!

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

18 Mai 2023

Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin são realmente tão diferentes? Nem tanto. Pelo menos em relação ao uso político da religião. E se o sultão turco islâmico encerrou há poucos dias sua campanha eleitoral indo rezar em Santa Sofia, que ele mesmo tirou há três anos da dimensão museológica desejada por Ataturk e reconvertida em mesquita, o czar russo ortodoxo não quis ficar atrás.

A reportagem é de Gian Antonio Stella, publicada por Corriere della Sera, 17-05-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

E fez isso optando por vincular-se ainda mais estreitamente ao patriarca moscovita Kirill, há muito tempo seu principal aliado na guerra de ocupação contra a Ucrânia, “devolvendo” à Igreja Ortodoxa aquele que é considerado o “ícone dos ícones”, o mais importante, o mais venerado, a “Trindade” de Andrej Rublëv (1360-1430, o mais célebre pintor de representações sagradas em madeira), conservado desde 1929 na Galeria Tretyakov de Moscou.

A decisão foi rotulada por Anna Zafesova no La Stampa como a “ruptura definitiva com a tradição do Estado laico pós-comunista”. Resumindo: se “Paris vale uma missa”, como disse Henrique IV, Moscou vale um ícone. Especialmente nestes tempos de venenos em torno e dentro do Kremlin.

Resta uma questão. Se a Última Ceia de Leonardo da Vinci ou a Pietà de Michelangelo são patrimônio de toda a humanidade, e nós, italianos, temos o dever de conservá-los para todos, inclusive para os russos, o mesmo vale para a “Trindade” de Rublëv. Mesmo que fosse verdade, como defende o patriarcado russo, que “o ícone é taumatúrgico” e “os milagres não podem se consumar em um museu”, é aceitável que essa obra-prima tão delicada a ponto de ser protegida hoje com todo o cuidado contra a umidade, o cerco dos visitantes e as mudanças climáticas acabe em uma igreja onde essa atenção científica não estaria garantida?

Em julho passado, explicam em Moscou, o ícone foi levado ao Mosteiro da Santíssima Trindade e São Sérgio, em Sergiev Posad, a 60 quilômetros da capital, por ocasião do 600º aniversário da fundação da catedral do mosteiro. Após seu retorno, a historiadora de arte Kseniya Korobejnikova publicou no Telegram o texto da ata do conselho ampliado de restauração da Galeria Tretyakov. Estava escrito que o ícone havia sofrido 61 “alterações substanciais” durante a viagem, e as consequências “poderiam ameaçar a existência da antiga e frágil obra de arte”.

Por outro lado, Putin e seus generais também tiveram algum cuidado ao bombardear as igrejas ucranianas?

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Erdogan e Putin, a “mesma” religião - Instituto Humanitas Unisinos - IHU