Polarização política preocupa igrejas luteranas das Américas

Abertura da Pré-Assembleia da Federação Luterana Mundial (Foto: Reprodução | Portal Luteranos)

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

02 Mai 2023

Ao participar da Pré-Assembleia da região América Latina, Caribe e América do Norte em preparação à Assembleia Geral da Federação Luterana Mundial (FLM), reunida em Bogotá de 17 a 21 de abril, o pastor Marcos Jair Ebeling, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), discorreu sobre a polarização política instalada no país e suas consequências nas igrejas.

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.

As tensões, disse, atingiram o seu pico durante a campanha eleitoral do ano passado. “A maioria das denominações pentecostais e grande parte das principais igrejas evangélicas – presbiterianas, batistas, luteranas – se aliaram à extrema direita”, o que levou a “uma grande reflexão teológica interna”, uma questão que “contribuiu para a divisão do corpo de Cristo”, apontou.

Este desenvolvimento, prosseguiu, “é sobre o poder político, especialmente o poder de dirigir a narrativa religiosa hegemônica sobre os princípios morais”. Ele explicou que os princípios morais cristãos ofereceram respostas, ao longo da história, às questões existenciais das pessoas. Tornaram-se, portanto, uma âncora que dá sentido à vida e uma voz de esperança para a humanidade.

“O problema reside no fato de que esses princípios buscam controlar a sociedade por meio da construção de teologias e dogmas sobre quem pode e quem não pode receber a esperança cristã ou o amor proclamado de Cristo”, arrolou o pastor. Essa disputa, descreveu, tem impactos em outros problemas no Brasil: “várias comunidades religiosas estão relativizando a defesa dos direitos humanos”.

Em consequência, aquelas pessoas que atuam na área social, profética ou mesmo missionária são chamadas de “comunistas”. O ministério diaconal, uma característica inerente ao Evangelho, está sendo politizado e transformado em acusação, lamentou.

Ebeling apresentou a temática para ser debatida no encontro preparatório à Assembleia Geral, que estará reunida em Cracóvia, na Polônia, de 13 a 19 de setembro, sob o tema “Um Corpo, um Espírito, uma Esperança”.

Na mesma plenária, em Bogotá, a pastora Danielle Dokman, da Igreja Evangélica Luterana no Suriname, identificou três temas caros às igrejas do Caribe: migração, justiça climática e desvantagem tecnológica. “Em países com legado colonial, a migração é um padrão constante”, disse. “Como resultado, os países caribenhos estão realmente empobrecidos pela exploração de recursos materiais e pela fuga de cérebros de trabalhadores altamente qualificados”, lamentou.

Muitos países do Caribe são ilhas, lembrou. Oceanos, mares e rios são formas de vida importantes para o sustento dos povos. “No entanto, a poluição da água causada pela mineração de plástico e minerais põe em risco a vida de nossos vizinhos, de nossa família e de nós mesmos, porque precisamos da água para sobreviver”.

A mensagem final da Pré-Assembleia regional conclama as igrejas da América do Sul, do Caribe e da América do Norte a responder a uma gama de desafios contextuais, incluindo a polarização, a corrupção de governos, a desinformação na mídia e nas redes sociais, “a discriminação estrutural sofrida por grupos vulneráveis, que chamamos de gritos de pessoas que desejam justiça”, entre eles os povos indígenas.

A secretária geral da FLM, pastora Dra. Anne Burghardt destacou, na mensagem que apresentou à Pré-Assembleia que “unidade não significa uniformidade”. Quando a unidade se confunde com a unidade, frisou, “nossos vizinhos são forçados a abandonar seus dons para se conformar ao grupo dominante”.

Leia mais