“A diaconia [o serviço social cristão] é o púlpito da justiça”, afirmou o bispo da Igreja Evangélica da Confissão de Augsburgo na Áustria, Michael Calupka, na Consulta aos Líderes das Igrejas da Região da Europa Central e Ocidental vinculadas à Federação Luterana Mundial (FLM), reunida em Eisenach, Alemanha, dias 6 e 7 de outubro.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Presente no encontro, a secretária-geral da FLM, Anne Burghardt, perguntou, no seu discurso, “como podemos ser mensageiros de esperança e reconciliação?” O papel das igrejas na sociedade, frisou, não é o de ser “instrumentalizado pela política, mas defender a dignidade e a reconciliação”.
Burghardt sinalizou que “sem justiça não pode haver paz duradoura” e que, como cristãos, “devemos lembrar que é Deus quem traz a reconciliação, mas somos parte do processo”.
No encontro, representantes de igrejas luteranas em sociedades onde são minorias mencionaram a “aventura protestante em um ambiente não protestante”, definição cunhada pelo teólogo austríaco Wilhelm Dantine (1911-1981).
A secretária-geral do Conselho Luterano da Grã-Bretanha, Anna Krauss, definiu as igrejas dessa família denominacional como “moldadas por sua natureza não britânica”, integradas principalmente por pessoas que emigraram ou fugiram de seus países nas décadas após a Segunda Guerra Mundial. Um foco especial das igrejas luteranas é o combate ao racismo e outras formas de discriminação na sociedade.
Já na França, igrejas luteranas empreendem esforços de trazer a teologia para uma sociedade secularizada. O secretário de Relações Internacionais da Igreja Protestante Unida da França, Ulrich Rüsen-Weinhold, relatou uma iniciativa de oferecer programas de meio-dia para trabalhadores em igrejas do centro das cidades, período em que podem participar dos encontros pois estão em intervalos de almoço.
Em Amsterdã, disse o presidente do Sínodo Evangélico-Luterano, Andreas Wöhle, apenas 9% dos seus habitantes ainda integram alguma igreja cristã. Ele sugeriu incluir um terceiro nível nas discussões ecumênicas: o diálogo com as pessoas que deixaram a igreja.
Após a Consulta, seus participantes assistiram as comemorações do 75º aniversário do Comitê Nacional Alemão da Federação (GNC/FLM), em 7 de outubro, no Castelo de Wartburg, onde o reformador Martinho Lutero escreveu o seu chamado “Testamento de Setembro”.
Na celebração, Anne Burghardt enumerou os quatro pilares da FLM desde os anos de sua fundação, em 1947, e sua relevância para os dias atuais: o serviço aos necessitados; os esforços conjuntos em teologia; os esforços ecumênicos; e iniciativas conjuntas em missão. Esses serviços visam testemunhar a fé cristã como uma missão holística em palavras e ações.
“É uma tarefa contínua tanto para a FLM quanto para cada igreja-membro individual refletir sobre como esses diferentes aspectos são representados e equilibrados em suas vidas e trabalho”, apontou.