22 Março 2023
Relatório da ONU sobre qualidade de vida: tornar os cidadãos mais felizes ajuda a melhorar os balanços estatais. A Itália ocupa o 33º lugar no mundo.
A reportagem é de Caterina Stamin, publicada por La Stampa, 20-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Você é feliz? Porque se você é, eu também sou e é isso que importa." Quem nunca se perguntou o que significa ser feliz. Há aqueles que se identificaram na filosofia de vida de Christopher Gardner, o empresário que inspirou o filme de Muccino À Procura da Felicidade. Há aqueles que tentaram dar-lhe uma cor: segundo o biólogo Wallace J. Nichols é o azul, a tonalidade que une no horizonte céu e mar. E há aqueles que afirmam que possa ser aprendido: a Finlândia, o país mais feliz do mundo, criou uma masterclass para ensiná-lo.
A verdade é que cada um tem seu próprio significado para felicidade. E não importa qual seja. O dado relevante é que também a felicidade é mensurável e pode ser usada como parâmetro para escolhas de políticas públicas. Para calcular o quanto um país é feliz, o Relatório Mundial da Felicidade é publicado todos os anos por ocasião do dia mundial da felicidade. Por que? Porque o bem-estar das pessoas afeta o sucesso do país em que vivem. É a economia da felicidade.
Voltemos a 28 de junho de 2012, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas, com o acordo dos 193 estados membros, optou por instituir um dia mundial da felicidade justificando-o assim: “Está em ato uma profunda mudança de mentalidade em todo o mundo: as pessoas reconhecem que o progresso não deveria apenas trazer crescimento econômico a todo custo, mas também bem-estar e felicidade".
Em outras palavras: um país com um alto número de pessoas felizes é um país feliz e, e consequentemente, é um país mais produtivo. Quem explica isso é o professor John Helliwell, que juntamente com os pesquisadores Richard Layard e Jeffrey Sachs, entrevistou uma grande amostra de habitantes em mais de 150 países, coletando dados que possam definir a felicidade como uma entidade quantificável. A todos foi perguntado o quanto se consideram felizes numa escala “de 0 a 10?”. E o que emergiu é que com o crescimento da qualidade de vida também aumentou a felicidade geral. Os dados foram descritos no primeiro relatório mundial sobre felicidade e hoje, mais de 10 anos depois da resolução 66/281 da ONU, sempre em 20 de março celebramos a felicidade para focar a atenção no bem-estar coletivo como objetivo de política pública.
A análise se baseia em seis fatores: suporte social, renda, liberdade para fazer escolhas de vida, generosidade e ausência de corrupção em cada país. Com base nesses parâmetros é elaborada uma classificação que este ano contém poucas surpresas: os países escandinavos continuam a ser os mais felizes do mundo, com a Finlândia no primeiro lugar pelo sexto ano consecutivo, seguida pela Dinamarca. Depois Irlanda, Israel, Holanda, Suécia e Noruega, Suíça, Luxemburgo e Nova Zelândia.
E o Bel Paese? A Itália está na 33ª posição, um degrau abaixo da Espanha, mas bem distante de França e Alemanha, em 21º e 16º lugar respectivamente. Continuamos entre os países mais felizes do mundo, mas ano após ano retrocedemos: em 2021 estávamos na 31ª posição e no ano anterior na 28ª. Uma tendência contrária à da Lituânia, o único país entre os vinte primeiros a melhorar em mais de 30 pontos em relação a 2017.
Olhando para o final do ranking o Afeganistão e o Líbano, dilacerados pela guerra, são os mais infelizes. Rússia e Ucrânia ocupam os 70º e 92º lugares, mas o que é surpreendente, destaca Emmanuel De Neve, diretor do centro de pesquisa sobre o bem-estar da Universidade de Oxford, é que “na Ucrânia eram mais felizes em 2022, com a invasão de ampla escala da Rússia, do que em 2014, quando Moscou anexou a Crimeia, porque o povo ucraniano sentiu maior solidariedade econômica e moral dos outros países".
A explicar como a felicidade pode orientar as políticas públicas, serão os convidados de mais de 50 países do World Happiness Summit, o evento internacional que chega pela primeira vez à Europa em Como de 24 a 26 de março. Entre eles, Karen Guggenheim, fundadora da iniciativa, Lord Richard Layard, coeditor do World Happiness Report, e Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia em 2002. "O objetivo deve ser uma sociedade mais feliz - esclarece Jeffrey D. Sachs, presidente da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas – mas para chegar a isso é necessário que as pessoas não sejam felizes apenas individualmente, mas que se tornem felizes umas às outras”.
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A economia da felicidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU