22 Março 2023
Mulheres católicas da Arquidiocese de Kinshasa realizaram uma marcha pacífica de protesto e depois celebraram a missa com seu pastor, o cardeal Fridolin Ambongo.
A reportagem é de Prisca Materanya, publicada por La Croix International, 21-03-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mais de 3.000 mulheres da Arquidiocese de Kinshasa realizaram uma manifestação pacífica para protestar contra o aumento da violência contra mulheres e crianças na região oriental da República Democrática do Congo.
As mulheres realizaram a marcha de protesto no dia 18 de março, após um encontro no Palácio do Povo com o presidente congolês, Félix Tshisekedi, durante o qual discutiram os problemas socioeconômicos e de segurança do país centro-africano, que afetam principalmente mulheres e crianças.
Mapa da África (Foto: Wikimedia Commons)
O Pe. Charles Kombe, capelão do grupo, e outros padres se juntaram às mulheres para a marcha pacífica. Com terços nas mãos, rezaram para implorar a misericórdia de Deus sobre o país.
A marcha terminou com uma missa na Catedral de Nossa Senhora do Congo, presidida pelo cardeal Fridolin Ambongo. O frade capuchinho de 63 anos, que é arcebispo de Kinshasa desde 2018, recordou os objetivos desse dia de oração.
“Estamos diante do Senhor para gritar a nossa sede de paz, para dizer não a esta guerra que nos foi imposta injustamente”, disse. “Precisamos agora de um país onde reinem os sentimentos de fraternidade e de solidariedade.”
Ambongo, que é membro do grupo de nove cardeais conselheiros do Papa Francisco (C9), lembrou às mulheres que esse infortúnio que está atingindo a República Democrática do Congo não é causado apenas por pessoas de fora.
“Ele também é causado pelos filhos e pelas filhas de nosso país, que estão sedentos por dinheiro e poder. Nenhum forasteiro pode dividir o nosso país, exceto com a ajuda de nossos irmãos e irmãs”, disse ele.
O cardeal observou que esse dia também foi uma oportunidade para desafiar aqueles que fazem alianças que acabam custando a vida dos congoleses. “Estamos aqui para desafiar todos os congoleses que gastam o seu tempo fazendo promessas que não vão conseguir cumprir a parceiros externos. Eles têm de parar”, insistiu.
Referindo-se ao Evangelho do dia (Lucas 18, 9-14), o cardeal Ambongo exortou as mulheres católicas a semearem amor e humildade.
“O chamado ao amor e à humildade é a mensagem que estou defendendo”, disse Diakese Marie-Louise, uma mulher de 70 anos que participou da marcha. “Considerando os sentimentos que nos movem ao vermos o sofrimento de nossas irmãs no leste do nosso país, é difícil amar e permanecer humilde”, confessou.
“Essa mensagem me encoraja a não guardar rancor, a sempre me voltar para Deus e focar no essencial”, disse Naomie Zawadi, uma jovem de 26 anos cujos pais foram vítimas da violência da guerra em Beni (leste do país).
Durante a liturgia do sábado passado na catedral, as mulheres católicas de Kinshasa arrecadaram dinheiro que será enviado a outras dioceses do país que estão em guerra, para ajudar crianças e mulheres vítimas da violência.
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Católicos na República Democrática do Congo protestam contra a violência contra as mulheres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU