16 Novembro 2022
Eles esperam chegar a um acordo até o ano de 2025, aniversário do Concílio de Niceia.
A reportagem é de Antonio Olivié, publicada por El Debate, 15-11-2022.
O Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, revelou em entrevista na Turquia que trabalham em conjunto com a Igreja Católica para unificar as datas da Semana Santa, a partir do ano de 2025, em que coincidem as duas tradições. É preciso lembrar que católicos e ortodoxos costumam celebrar a Páscoa em datas diferentes, desde que foi introduzido o calendário gregoriano, há mais de 400 anos.
A proximidade entre o Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla, uma das mais altas autoridades cristãs, e a Igreja Católica está crescendo e se intensificou durante a guerra na Ucrânia. Nesse período, Bartolomeu e Francisco mostraram sua unidade e firmeza diante da violência, deixando de lado o patriarcado de Moscou, favorável à invasão. O último encontro aconteceu durante a viagem do Papa Francisco ao Bahrein, onde tiveram um encontro privado.
Atualmente, trabalham em um projeto comum para o 1.700º aniversário do Concílio de Nicéia, ocorrido no ano 325 d.C. Comemora-se um evento histórico, no qual uma série de dogmas foram estabelecidos na Igreja, fixados no Credo, que desde então compartilham, com uma ligeira diferença, tanto católicos quanto ortodoxos.
Coincide que o Concílio de Niceia também estabeleceu as datas para as celebrações da Páscoa. Diante da falta de acordo, na ocasião recorreram a astrônomos da Igreja de Alexandria. Foram eles que determinaram que a Semana Santa começasse no primeiro domingo da lua cheia após o equinócio da primavera, em 21 de março, que agora não coincide mais no calendário católico e ortodoxo.
A realidade é que no ano de 1582, o Papa Gregório XIII, aconselhado por especialistas científicos, decidiu atrasar em dez dias o calendário, que em todo o Ocidente é chamado de calendário gregoriano. Decisão que não foi compartilhada pela Igreja Ortodoxa, que manteve o calendário juliano, vigente desde a época de Júlio César, no ano 46.
Do Patriarcado de Constantinopla considera-se que o parecer científico pode ser a chave para resolver a disputa de hoje. Basta recorrer a especialistas em astronomia para certificar qual é o calendário que mais se ajusta à realidade. "Esta é uma questão científica, não religiosa", dizem eles.
Nestes dias, a Igreja de Constantinopla prepara a festa de Santo André, no dia 30 de novembro, apóstolo de grande relevância para eles. Uma delegação da Igreja Católica estará presente e também participará de um congresso cujo tema central é o Concílio de Niceia.
Bartolomeu assegurou que “o nosso objetivo é que neste contexto de aniversário possamos encontrar uma solução para a Páscoa. O Papa tem as melhores intenções e creio que chegou o momento de ambas as Igrejas, Ortodoxa e Católica, estabelecerem uma data comum para celebrar a Ressurreição de Cristo. Espero que desta vez possamos chegar a um acordo."
Tanto a Igreja Anglicana como a Luterana manifestaram o seu interesse em resolver esta questão e certificar a unidade dos cristãos com uma celebração comum. O único obstáculo até agora era o Patriarcado de Moscou, uma autoridade importante no mundo ortodoxo que arruinou seu prestígio nos últimos meses devido ao seu apoio incondicional às ações armadas de Putin. Muitas igrejas ortodoxas ao redor do mundo que receberam apoio econômico de Moscou estão se desassociando dessa instituição.
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Semana Santa pode mudar datas para coincidir com a Igreja Ortodoxa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU