16 Novembro 2022
De acordo com o canal Telegram Mash, em breve será formada uma sociedade militar privada que atuará sob a bandeira da Igreja Ortodoxa e apoiará as tropas regulares de Moscou na Ucrânia. Farão parte dela batalhões rebatizados como “Cruz de Santo André”, elementos “abençoados” por expoentes religiosos e destinados a participar da crescente mobilização.
A reportagem é de Andrea Marinelli e Guido Olimpio, publicada em Corriere della Sera, 14-11-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ela apoiará as tropas regulares de Moscou na Ucrânia. Enquanto isso, há dúvidas sobre os próximos movimentos de Kiev. Ocorreu na Síria e agora se repete na Ucrânia: a multiplicação de milícias para apoiar a ação do contingente enviado por Moscou. Trata-se de um anúncio; é preciso ver se terá uma consequência concreta.
É um coquetel cheio de símbolos: patriotismo, fé, nacionalismo. Afinal, muitas tropas, antes de partirem para a zona de operação, são abençoados pelos religiosos, um gesto para “santificar” a missão contra o inimigo.
Como sempre, há uma diferença entre os propósitos e a realidade, mas não seria tão estranho se o projeto levasse ao nascimento de unidades em paralelo com os mercenários da Wagner. Também retornaram as informações sobre um possível uso de combatentes sírios por parte do Kremlin, núcleos transferidos recentemente, mas que permaneceram na retaguarda. O site Middle East Eye escreveu a esse respeito, repropondo uma história que já havia sido divulgada, mas sem confirmações efetivas e, portanto, por enquanto, deve ser registrada apenas como boato.
Os especialistas acrescentam que os grandes danos sofridos pela ponte Kerch, na Crimeia, representam um problema adicional para garantir suprimentos, especialmente combustível. Um pesquisador, por outro lado, voltou atrás em relação à retirada dos ocupantes. O general Surovikin, hoje encarregado da missão, decidiu deixar a cidade porque manter o fluxo de ajuda era insustentável, e a localidade não podia ser usada como ponto de partida para uma ofensiva. As condições eram desfavoráveis, e outras seriam as prioridades de Moscou, com mais interesse pelo setor oriental e a vontade de estabilizar o front, explorando os mobilizados. Uma decisão plausível do ponto de vista militar, racional, mas que permanece negativa no plano político.
Estamos ainda em uma crise feita de fases, e os líderes olham para o momento e com profundidade. Mykhailo Podolyak, um dos conselheiros de Zelensky, afirmou que o Kremlin ainda não está pronto para negociar, e isso só acontecerá após a libertação de Donetsk e Lugansk, e terá que levar em conta o declínio do apoio da opinião pública, “do oligarca ao sapateiro”. É um confronto de opiniões, e o campo de batalha é que determinará o veredito.
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Ao lado das tropas russas, marcha a companhia militar da Igreja Ortodoxa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU