"Uma Assembleia Eclesial, que foi organizada exatamente para corrigir o modelo de uma conferência meramente episcopal e para melhor representar os pontos de vista e as soluções possíveis do conjunto do povo de Deus, privar do seu direito de escrever um Documento Final, onde deveriam constar os avanços necessários depois de Aparecida, contribui para o esquecimento da própria Assembleia Eclesial. A 'Mensagem ao Povo da América Latina e Caribe' qualifica, apressadamente, a Assembleia como 'uma verdadeira experiência de sinodalidade', como se tivesse sanado e não parcialmente reproduzido os obstáculos à sinodalidade, ao clericalismo, à autorreferencialidade e ao autoritarismo", escreve Paulo Suess, doutor em Teologia pela Universidade de Münster e bacharel em Teologia pela Universidade de Munique (LMU). Professor de Missiologia em diferentes institutos superiores, Suess foi secretário executivo e assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), presidente da International Association for Mission Studies (IAMS) e perito do Sínodo para a Amazônia.
Entre suas últimas publicações, destacamos: Introdução à teologia da missão (Vozes, 4. ed., 2015); Dicionário de Aparecida: 40 palavras-chave para uma leitura pastoral do Documento de Aparecida (Paulus, 2007); Dicionário da Evangelii gaudium (Paulus, 2015); Missão e misericórdia: a transformação missionária da Igreja segundo a Evangelii gaudium (Paulinas, 2017); e Dicionário da Laudato si’: sobriedade feliz (Paulus, 2017).
Para levar a Igreja Católica do “Sínodo para a Amazônia” (2019) à “XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos” (2024), o voo fez uma escala de emergência na “Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe”, no México D.F. (2022). Nessa Assembleia, realizada de maneira híbrida, virtual, em dimensão continental, e presencial, na cidade do México, de 21 a 28 de novembro de 2021, a serpente emplumada, da mitologia mesoamericana não acompanhou mais ou até impediu a continuidade do voo. A rica experiência da primeira evangelização do México e as discussões do “Sínodo para a Amazônia” poderiam servir para continuar os aprendizados de uma nova evangelização pós-colonial (cf. RICARD, 1968, p. 408-421; SUESS, 2013, p. 78-88; RASCHIETTI, 2022, p. 435-569). Por desconhecimento ou por opção, a Primeira Assembleia Eclesial não se serviu de nenhum dos antigos livros sagrados para tirar algumas lições do passado indígena. O paradigma da inculturação permitiria fazer sinapses com o contexto mítico, histórico e sociocultural do outro, hoje. Do saber dos povos indígenas, que desde a conquista souberam, com armas materiais e espirituais, defender a vida de suas comunidades, também os habitantes da “casa comum”, hoje ameaçada, muito podem aprender, em defesa da “causa comum”, para vida da humanidade.
Desde tempos imemoriais, na cultura mesoamericana da língua dos náhuas, uma serpente com penas de quetzal foi venerada como divindade. No período pós-clássico (900 a 1519 d.C.), o culto à serpente emplumada se concentrou em Cholula, perto de Puebla, onde a divindade foi chamada "Quetzalcóatl", herói civilizador ou rei-sacerdote, pássaro e serpente, representando, simbolicamente, céu e terra (cf. SOUSTELLE, p. 9 et seq.; KRICKEBERG, p. 40-68). Segundo a época, seus múltiplos significados mudaram e até hoje inspiram crenças de origem e horizontes da civilização mesoamericana (cf. BONFIL BATALLA, p. 217-246). Essas origens, guardadas nas mitologias, fazem parte de conexões genéticas e epigenéticas de uma longa história que nos alcança e condiciona nas tentativas de uma evangelização contemporânea inculturada. Esquecimentos ou rupturas explícitas com esse passado não protegem das ciladas do neocolonialismo nem dos seus traumas embutidos na realidade sociocultural. Ao contrário: o esquecimento das origens é a afirmação da orfandade e facilita o neocolonialismo pela hegemonia de supostas conquistas contemporâneas e seus dogmas, os quais se sobrepõem às colonizações antigas e aos seus traumas.
Na conquista espanhola, em alguns momentos, Fernando Cortés (1485-1547), o conquistador do México, foi considerado o Quetzalcóatl redivivo ou seu enviado, enquanto, em outros, alguns elementos da tradição oral de Quetzalcóatl foram amalgamados com tradições cristãs (LAFAYE, p. 225-300). Em diferentes épocas, a invocação de Quetzalcóatl garantiu origem, legitimidade e identidade (cf. PAZ, p. 22-26). A proposta da Assembleia Eclesial não menciona essas narrativas de origem (cf. LEÓN-PORTILLA, p. 293-336). Por não se referir às raízes profundas de nenhum dos povos deste continente, distanciou-se deles e silenciou suas cicatrizes do passado. Doenças de raiz só se curam a partir da raiz, e não pelas folhas. Até hoje, ciladas do pós-colonialismo rodeiam evangelizadores desatentos.
O propósito dessa “Primeira Assembleia Eclesial” lembra, como antigamente, alunos de cursos superiores que não alcançavam a média prevista e eram obrigados a submeter-se a “exames de segunda época” (LEI Nº 1.029, 30.12.1949). A “Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe” tornou-se, de certa maneira, a “segunda época” ou o “pente-fino” da V Conferência Episcopal de Aparecida (2007). Foi realizada para retomar lacunas, promessas e sugestões de Aparecida que ainda não encontraram a devida atenção. A Igreja, “chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp 11), ainda não fez o seu dever de casa, delineado na Conferência Episcopal de Aparecida. Por isso, o Papa Francisco queria envolver uma base eclesial mais ampla na realização das Conclusões de Aparecida e propôs, em vez de uma VI Conferência Episcopal, realizar uma Primeira Assembleia Eclesial.
Diante da fragilidade dos resultados da Primeira Assembleia Eclesial, é oportuno fazer uma advertência: embora as conferências latino-americanas tenham sido episcopais, não se realizaram desarticuladas do conjunto do povo de Deus. A maioria dos delegados dessas conferências veio de realidades sofridas em suas dioceses. Em seu conjunto, não se tratava de elites, e, por causa disso, não servem como exemplos de um clericalismo que precisa ser erradicado. Contudo, mesmo as decisões pastorais corretas precisam da participação do povo de Deus ao qual se referem. Na “Síntese Narrativa”, que sistematizou a escuta das vozes do povo de Deus, antes da realização da “Assembleia Eclesial”, o anseio da “participação” é mais de duzentas vezes mencionado. Por conseguinte, pode-se presumir dessa assembleia uma forte vontade de maior e real participação do povo ao qual a Igreja se propõe servir.
As metas da Assembleia do México foram:
Mas essa Assembleia Eclesial não deveria ser apenas o pente-fino para descobrir lacunas, renovar promessas ou retomar compromissos de Aparecida, esquecidos no decorrer dos 14 anos. Francisco propôs também uma inovação metodológica: transformar a tradição das “conferências episcopais” em “assembleias do povo de Deus”, nas quais todos os batizados seriam representados como interlocutores na preparação, na realização e no encaminhamento das decisões do respectivo evento. E se alguém dissesse: “as conferências episcopais são uma conquista já ancorada na tradição latino-americana”, teria razão. As Conferências episcopais produziram sempre seu próprio Documento Final, em contraste com os Sínodos universais ou especiais, cujos documentos finais foram escritos como “Exortação Apostólica” pelo papa. O “Sínodo para a Amazônia” é o último exemplo disso. Seu “Documento Final”, na realidade, foi um compêndio de propostas para o papa, que fez delas as suas escolhas na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia.
Tradições são históricas. Oito anos antes da Primeira Assembleia Eclesial (2019), na Evangelii Gaudium (2013), o Papa Francisco já relativizou o recurso a tradições obsoletas: “A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cômodo critério pastoral: 'fez-se sempre assim'”. Ao propor a substituição de uma “VI Conferência Episcopal” por uma “Primeira Assembleia Eclesial”, Francisco certamente pensou no significado de uma maior participação do povo nessa Assembleia. Mas esse avanço teve limitantes e preço:
a) a inexperiência dos organizadores de trabalhar com o grande número de pessoas que participaram daquela Assembleia – mais de mil –, nas duas modalidades de presença física e virtual;
b) o despreparo teológico de grande parte dos próprios participantes, chamados de assembleístas que, embora "infalível 'in credendo'" (EG 119) e “independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização” (EG 120), impediu decisões de questões complexas, como a ministerialidade, mediante votações parlamentares no prazo de uma semana;
c) entre as três opções possíveis, fazer (1) um Documento Final com um número reduzido de assembleístas votantes, (2) um Documento Final, votado por todos os assembleístas, com poucas páginas e com temas em torno dos quais facilmente se constrói um amplo consenso e (3) não fazer nenhum Documento Final, encarregando “um grupo de elite” (cf. EG 113, 239), uma espécie de “comissão teológica”, para escrever uma síntese seletiva do debate.
Essa foi a opção do “Conselho Episcopal Latino-Americano” (CELAM), que decidiu, sem votação dos assembleístas, que não haveria Documento Final no evento do México, mas um texto a ser escrito por assessores. Após um anos, dia 31 de outubro de 2022, o Celam apresentou, em Roma, esse texto como “sistematização do que foi expresso no diálogo” dos assembleístas: “Para uma Igreja sinodal em saída para as periferias – Reflexões e propostas pastorais da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe” (cf. CELAM, Apresentação). Não sendo Documento Final votado pela Assembleia nem Exortação Apostólica Pós-Sinodal escrito pelo papa, embora sua publicação seja autorizada por Roma, o texto terá pouca autoridade e ficou sem o “cheiro das ovelhas” (EG 24), e, ao menos nesse item, aquém do Documento de Aparecida e do Documento Final do Sínodo para a Amazônia.
Uma Assembleia Eclesial, que foi organizada exatamente para corrigir o modelo de uma conferência meramente episcopal e para melhor representar os pontos de vista e as soluções possíveis do conjunto do povo de Deus, privar do seu direito de escrever um Documento Final, onde deveriam constar os avanços necessários depois de Aparecida, contribui para o esquecimento da própria Assembleia Eclesial. A “Mensagem ao Povo da América Latina e Caribe” qualifica, apressadamente, a Assembleia como “uma verdadeira experiência de sinodalidade”, como se tivesse sanado e não parcialmente reproduzido os obstáculos à sinodalidade, ao clericalismo, à autorreferencialidade e ao autoritarismo.
Por que tanta ênfase nesse “Documento Final”? As Conferências Episcopais que precederam a “Primeira Assembleia Eclesial” iniciaram seus trabalhos com a constatação da soberania da assembleia, e com a consulta aos participantes sobre a possibilidade e a qualidade de um Documento Final. Uma minoria, mais distante da realidade pastoral votou, geralmente, contra. Mas foram exatamente as Conclusões das respectivas Conferências Episcopais que representaram o magistério latino-americano, pois permitiram prolongar e aprofundar os eventos em processos frutíferos nas comunidades.
No fim da Assembleia Eclesial percebeu-se que o Celam substituiu a metodologia das “conferências episcopais” pela “metodologia dos sínodos”, conduzindo a Assembleia para substituir o “Documento Final” por “12 Desafios Pastorais” que foram os seguintes:
1. Reconhecer e valorizar o papel dos jovens na comunidade eclesial e na sociedade como agentes de transformação.
2. Acompanhar as vítimas das injustiças sociais e eclesiais com processos de reconhecimento e reparação.
3. Promover a participação ativa das mulheres em ministérios, órgãos governamentais, discernimento e tomada de decisões eclesiais.
4. Promover e defender a dignidade da vida e da pessoa humana desde a sua concepção até o seu fim natural.
5. Aumentar a formação da sinodalidade para erradicar o clericalismo.
6. Promover a participação dos leigos em espaços de transformação cultural, política, social e eclesial.
7. Ouvir o grito dos pobres, excluídos e descartados.
8. Reformar os itinerários formativos dos seminários, incluindo temas como ecologia integral, povos nativos, inculturação e interculturalidade e pensamento social da Igreja.
9. Renovar, à luz da Palavra de Deus e do Vaticano II, nosso conceito e experiência da Igreja do Povo de Deus, em comunhão com a riqueza de sua ministerialidade, que evita o clericalismo e favorece a conversão pastoral.
10. Reafirmar e dar prioridade a uma ecologia integral em nossas comunidades a partir dos quatro sonhos da Querida Amazônia.
11. Promover um encontro pessoal com Jesus Cristo encarnado na realidade do continente.
12. Acompanhar os povos nativos e afrodescendentes na defesa da vida, da terra e das culturas. [1]
O conjunto desses 12 desafios mostra basicamente desafios sociais contemporâneos já lamentados em outros textos. Foram excluídos, desses “12 desafios pastorais”, cobranças pastorais incisivas, apresentadas no “Documento Final do Sínodo para a Amazônia”, redigido e publicado dois anos antes, em Roma, e meio ano mais tarde, no final do “IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal”, (SANTARÉM II, 2022).
Em sua “Mensagem ao Povo da América Latina e Caribe”, a Assembleia Eclesial, de 2021, resgatou a “conversão pastoral” de Aparecida, onde já estava enfocada como “graça da conversão permanente” (DAp 383),
Sobretudo, quanto a esse último imperativo de Aparecida que propõe uma real assunção dos leigos na realização das pautas eclesiais e da inclusão de sua palavra nos discernimentos, nas decisões, no planejamento e na execução dos planos pastorais, a “Mensagem da Assembleia Eclesial” assumiu lamentações anteriores, como a “conversão missionária e sinodal” (MdAE): “Dói o grito de quem sofre por causa do clericalismo e do autoritarismo nas relações, o que leva à exclusão dos leigos, especialmente das mulheres nas instâncias de discernimento e decisão sobre a missão da Igreja, constituindo um grande obstáculo à sinodalidade” (MdAE). Essa frase da Mensagem parece corajosa, mesmo seu conteúdo já estando presente dois anos antes no Documento Final do Sínodo para a Amazônia (DFSA 99 et seq.). Faltam propostas para superar a situação lamentada. Quem vai remover a pedra? O que esperamos?
Consultou-se na preparação e durante essa Assembleia Eclesial o maior número de batizados. Já faz tempo que sabemos onde os sapatos pastorais apertam os pés dos missionários. Propostas concretas foram represadas há séculos. Ser católico, na América Latina, deixou de ser obrigatório. O catolicismo, no mundo de hoje, não é mais um fenômeno culturalmente óbvio. A separação entre religião e cultura caminhou rápido. Não adianta esperar um milagre nas trincheiras do tradicionalismo, do autoritarismo e do clericalismo.
Ao assistir esse desajuste, quem não se lembraria do conto “Diante da lei”, do escritor tcheco Franz Kafka, que faz parte do seu romance O processo. O cenário entre o camponês e o guarda é o interior de uma Igreja. “Diante da Lei”, imaginada como uma casa fortificada, um camponês pede licença para entrar. Logo é barrado por um guarda que lhe diz que não pode autorizar sua entrada. “O homem do campo pergunta se poderá entrar mais tarde. – 'É possível' – diz o guarda. – 'Mas não agora!'. [...] O homem do campo não esperava tantas dificuldades. A Lei havia de ser acessível a toda a gente.”
Negar a Lei ao pobre significa negar-lhe a vida. O “agora não”, no interior da Igreja, muitas vezes significa chegar tarde para curar feridas abertas e perder um kairós. Fecharam-se portas por excesso de cuidado, perderam-se anos de graça e entregaram-se as ovelhas ao fundamentalismo de lobos. Às vezes, na Igreja, utilizamos o conceito “processo” para indicar a necessidade de um tempo prolongado para resolver uma determinada questão e nos esquecemos que esse processo, há muito tempo, já está em andamento. Na Amazônia lutou-se, na esfera civil, contra esses lobos que, com a licença dos Estados nacionais, invadiram a região; na esfera eclesial, permitiu-se que vastas regiões, por causa de um certo fundamentalismo na questão dos ministérios, ficassem praticamente desatendidas.
A “experiência eclesial interna” da Assembleia Eclesial, segundo sua Mensagem, foi “alegre”. Permanecem silenciadas as raízes das dores da história profunda, dos traumas dos sujeitos dessa Assembleia e dos destinatários dessa Mensagem, que, em apenas três páginas, cinco vezes invoca a alegria. A palavra “cruz” não aparece nenhuma vez. Não há experiência eclesial alegre sem experiência pascal e penitencial. A penitência mínima de um pedido de perdão não haveria de começar, no século XX, pelos abusos de menores no interior das Igrejas, mas a partir da conivência com as barbaridades e as políticas de assimilação toleradas ou praticadas desde o começo da chamada “conquista espiritual”.
O caminho sinodal, no entanto, a Mensagem (MdAE) descreve corretamente, como sendo “um espaço significativo de encontro e abertura para a transformação das estruturas eclesiais e sociais”. Esse espaço pode permitir “a renovação do impulso missionário e a proximidade com os mais pobres e excluídos”. Para tal propósito haveria de ser um espaço de encontro e diálogo entre “penitência” pelo passado e “promessa” de uma nova presença eclesial no futuro. Os sinais do Reino de Deus, nesse espaço de conversão pastoral, brotam de múltiplas experiências pascais, históricas e contemporâneas. Os discípulos missionários do seu Reino, desde seu batismo, são marcados com o sinal da cruz. Não podemos desvincular a alegria da ressurreição do sofrimento na cruz. A conversão pastoral da Igreja só tem credibilidade se leva em conta e assume a experiência da cruz dos povos latino-americanos e caribenhos, à qual foram submetidos pelos Estados e pelas próprias Igrejas. Um ato penitencial é o primeiro ato que caracteriza uma verdadeira conversão sinodal e pastoral. O Documento de Aparecida menciona o Reino 60 vezes, e a “cruz”, 17 vezes. O México não assumiu essa dívida deixada por Aparecida. A Mensagem do México não fala da cruz. A articulação da alegria como sinal do Reino com a experiência pascal da Igreja permanece tarefa além da Assembleia Eclesial do México.
Cada reorientação pastoral para com os povos indígenas, cada comemoração e celebração no âmbito da Igreja deve-se iniciar com um pedido de perdão, como o Papa Francisco humildemente mostrou em sua “peregrinação penitencial” ao Canadá (24.-30.07.2022). Depois deve-se lembrar a contribuição indígena para uma humanidade mais fraterna, que saiba amar a criação e o Criador, e por fim, em alguns momentos de graça, falaremos da defesa dos povos indígenas protagonizada pela Igreja e a doação de vida dos seus mártires.
Os “novos caminhos” nos inserem em uma longa caminhada desde o Vaticano II (1962-65), Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) até Aparecida (2007). A III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de Puebla (1979), em sua “Mensagem aos Povos da América Latina”, já incluiu em seu pedido de perdão o que valeu para Aparecida (2007): “Reconhecemos que ainda estamos longe de viver tudo o que pregamos” (PUEBLA, Mensagem, n. 2). Os processos pastorais e os propósitos eclesiais são envolvidos em esquecimentos, travas estruturais e mentalidades, que nem sempre acompanham a evolução histórica. Na Evangelii Gaudium, o Papa Francisco convida todos “a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades” (EG 33) e os propósitos de Aparecida.
Segundo a “Mensagem ao Povo da América Latina e Caribe” da Assembleia do México (MdAE) de 2022, a tarefa de “repensar e relançar” as propostas de Aparecida, “nas novas circunstâncias latino-americanas e caribenhas”, exige “novos caminhos missionários” de escuta, discernimento, decisão e ação transformadora nas periferias geográficas e existenciais, mas também nas estruturas e doutrinas conscientes de sua historicidade, nos centros eclesiais. São exatamente essas estruturas e doutrinas que, muitas vezes, estorvam a reorientação da “Igreja em saída”. Uma das inspirações para essa nova contextualização e consciência histórica que ocorreu através do evento do México, foi delineada pelo Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, seis anos depois de Aparecida e oito anos antes de México.
Os quatro imperativos para uma pastoral em chave missionária, que constam dessa Exortação, já foram preparados pelo Documento Final da Conferência de Aparecida (2007). Francisco, o então cardeal Bergoglio e arcebispo de Buenos Aires, era presidente da comissão de redação do texto conclusivo de Aparecida. Lembrar essa narrativa de Aparecida e transpor os conteúdos da Evangelii Gaudium à ação pastoral pós-México faz parte da correta leitura da tradição da Igreja, sempre acordada pela memória perigosa do Evangelho.
Aparecida e México, com suas temáticas abrangentes, já presentes nas “Conclusões de Puebla” [2], são ensaios para a Igreja universal na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, que será realizada em Roma, em duas etapas, de 4 a 29 de outubro de 2023 e em outubro de 2024. O Documento de Trabalho para a Etapa Continental: “Alarga o espaço da tua tenda” (DEC) dessa XVI Assembleia Geral foi publicado dia 27 de outubro 2022 pelo Secretaria Geral do Sínodo. Trata-se de um Documento que termina a primeira etapa com a síntese bastante realista com as vozes do povo de Deus, recolhidas em reuniões, convocações e diálogos dos continentes. Em sua metodologia, esse DEC já mostra aprendizados sinodais recíprocos entre Igreja universal e particular. Seu texto será o “quadro de referência” para o trabalho da segunda etapa, a “etapa continental”, do Sínodo 2021/2024.
Cada evento eclesial tem como parâmetros o evento anterior e a sua capacidade de relançar, com novas luzes, as propostas anteriores. A Evangelii Gaudium propõe quatro diretrizes, não só para relançar as propostas de Aparecida para América Latino e Caribe, mas também para superar a estagnação e a polarização da Igreja urbi et orbi:
(1) Escuta ampla e diálogo participativo. “Ouvir a todos” (EG 31), porque a escuta faz parte de um “processo participativo” que promove “uma comunhão dinâmica, aberta, missionária” (EG 31) e uma experiência dialogal da sinodalidade (cf. EG 246). A evangelização faz parte de um diálogo, no qual todos os batizados são mestres e alunos (cf. EG 119). A “conversão sinodal” é um pressuposto, o qual a metodologia da Assembleia Eclesial não conseguiu facilitar. Seu “horizonte de comunhão e participação”, na busca de “novos caminhos eclesiais, sobretudo, na ministerialidade e sacramentalidade da Igreja” (DFSA, 86), permanece ainda um longo caminho a percorrer.
(2) Não ao tradicionalismo. Para que desta escuta de todos possa brotar uma nova ação e conversão, é preciso abandonar o cômodo critério pastoral do “fez-se sempre assim” (EG 33). O tradicionalismo é a porta fechada contra inovações possíveis e necessárias. Do questionamento desse tradicionalismo, e não da tradição como tal que é uma asa da nossa existência histórica, depende a possibilidade de tornar o cristianismo e, com seu projeto atual, urgente e contemporâneo.
(3) Encarnação como saída ao encontro do outro. A nova ação exige uma nova contextualização sociocultural no mundo de hoje: sair “de si próprio para o irmão”, que é a “absoluta prioridade” (EG 179) da vida cristã, bem como é a condição para uma nova leitura e prática da encarnação. No outro “está o prolongamento permanente da Encarnação para cada um de nós” (EG 179).
(4) Concentração no essencial. A complexidade social e o pluralismo cultural exigem concentrar-nos “no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário” (EG 35). “As elaborações conceituais hão de favorecer o contato com a realidade que pretendem explicar, e não nos afastar dela” (EG 194).
As três metas, previamente anunciadas para a Assembleia do México continuam como deveres de casa:
Essas três metas receberam um reforço importante pelos quatro imperativos da Evangelii Gaudium: a escuta ampla e diálogo participativo, a distinção clara entre tradição e tradicionalismo, encarnação no universo do outro, e a concentração no essencial, no anúncio da Boa Nova.
As intenções das metas da Assembleia Eclesial e dos imperativos da Evangelii Gaudium apontam para a razão de ser da Igreja, o anúncio do Evangelho com palavras, sinais e obras.
Esse anúncio exige hoje um novo estilo de vida que permita, por meio de uma nova proximidade da Igreja, viver a sua relevância em todos os ambientes. Antes de sair para qualquer reunião, conferência, assembleia ou congresso, antes de preparar qualquer texto, discurso ou catequese, antes de defender uma determinada teologia, devemos perguntar-nos sobre sua relevância para o anúncio da Boa Nova, levando em conta duas condições: a contextualização sempre nova e permanente desse anúncio e a consciência histórica para a hermenêutica correta do Evangelho, sem timidez ou medo de errar.
Na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (19.03.2022), o Papa Francisco resume a mensagem central da Evangelii Gaudium para a Cúria Romana e seu serviço à Igreja no mundo: “A Igreja cumpre o seu mandato sobretudo quando testemunha, com palavras e obras, a misericórdia que ela mesma recebeu gratuitamente” (PE 1). O próprio Jesus deu aos seus discípulos o testemunho concreto dessa misericórdia, no gesto do lava-pés. Com “obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se [...], tocando a carne sofredora de Cristo no povo” (EG 24).
Como qualquer conversão e reforma eclesial, assim também “a reforma da Cúria Romana se insere no contexto da missionariedade da Igreja” (PE 3), que é um contexto de escuta e diálogo, de gratidão, perdão e paciência. O discípulo missionário “cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio. [...] A Igreja evangeliza e se evangeliza” (EG 24). Por fidelidade a Jesus Cristo e por causa de sua consciência histórica a sua conversão é permanente e sua reforma perene (cf. EG 26). A Praedicate Evangelium, a “serviço da instauração do Reino da vida” (DAp 366; MdAE), vale para todos os setores da Igreja, não só para a Cúria Romana, sendo, por isso, de profunda relevância nesse contexto de mudanças históricas, às quais a Assembleia Eclesial do México queria responder, e que gera polarizações entre “cúpula” e “base”, entre povo de Deus e pastores, que por vezes têm diferentes percepções da realidade. O anúncio da Boa Nova tem duas asas, a contextualização e a consciência histórica, ambos a serviço da verdade e de uma ação transformadora na Igreja.
A tarefa de situar o anúncio da Boa Nova em contextos concretos é um processo complexo, lento e plural que visa “encurtar as distâncias” (EG 24) geográficas, socioculturais e pastorais dos interlocutores. Encurtar as distâncias exige,
Assembleias, sínodos e concílios nos ensinam a conviver com “uma realidade dinâmica” (FT 211) e a aceitar os condicionamentos históricos da verdade. Dogmas e estruturas da Igreja respondem a questionamentos de um determinado tempo histórico, que hoje possam ter perdidos a sua pertinência. A Igreja “tem necessidade de crescer na sua interpretação da Palavra revelada e na sua compreensão da verdade” (EG 40). A expressão dessa verdade nas doutrinas, nos ministérios e ritos pode ser multiforme (cf. EG 41), e resultar em discussões produtivas entre setores diferentes. Sínodos, assembleias eclesiais e concílios tomam suas decisões com maiorias, não com unanimidade. Basta ler as votações finais dos documentos do Vaticano II, para se dar conta da realidade histórica, na qual precisamos aprender a viver com consensos sofridos e plurais, que não significam unanimidade. O Espírito pode transformar as diferenças entre as pessoas e povos, que por vezes são incômodas, “em dinamismo evangelizador” (EG 131, cf. 162).
Propostas de mudanças não rompem com a unidade da Igreja, desde que não afetem a “substância” da verdade que é escatológica. É bom lembrar-nos do IV Concílio de Latrão (1215), o qual definiu que “entre o Criador e a criatura a dissemelhança é maior do que a semelhança” (DENZINGER, n. 806). Essa dissemelhança não teria também seu lugar nas diferentes falas da criatura sobre o Criador?
Três séculos mais tarde, a doutrina missionária reflete um rigorismo mais cristalizado. O pensamento de Francisco Xavier (07.04.1506-03.12.1552), que, como padroeiro das missões, representa o pensamento eclesial de sua época até o Vaticano II, pode-se resumir em poucas linhas: “O cristianismo em sua vertente católica é a única religião que salva. As religiões não cristãs dos outros são idolatria. Na religião idolátrica ninguém se salva. [...]. Por causa da falta de missionários, muitas almas se perdem. O diálogo inter-religioso serve para convencer o outro dos seus erros e convertê-lo ao cristianismo” (SUESS, 2007, p. 59).
Para os neófitos do Japão, o destino dos antepassados, segundo Francisco Xavier, se tornou um grande problema. “Onde estão nossos pais e parentes falecidos?” (ibid.), perguntavam. E Francisco não tinha nenhum consolo. De Cochin, em 29 de janeiro de 1552, ele escreveu a seus companheiros da Europa: “Muitos choram os mortos e me perguntam se podem ter algum remédio por via de esmolas e orações. Eu lhes digo que nenhum remédio têm” (ZUBILLAGA, Cartas, n. 96,48). Para os japoneses, uma Boa Nova que não incluísse os antepassados, era inaceitável, na verdade era uma má notícia.
Era previsível que a transformação de uma “Conferência Episcopal” em “Assembleia Eclesial”, não seria fácil. Tanto o Celam quanto a maioria dos participantes da Assembleia Eclesial não estavam preparados para esse evento do qual participaram e não tiveram informações claras sobre as decisões que poderiam tomar ou sobre as sugestões que poderiam propor. O Celam, a serviço das “Conferências Episcopais” latino-americanas e caribenhas, sem experiência na condução de uma Assembleia Eclesial com ampla participação do povo de Deus, e com tempo insuficiente para assimilar a essência da “conversão sinodal” (cf. DFSA, cap. V), naufragou nessa travessia. Sem colete salva-vidas, o náufrago agarrou-se em algumas pranchas e pedaços de madeira que lhe permitiram exausto, mas ainda vivo, voltar para terra firme, de onde partiu e onde a serpente emplumada o esperava.
Contudo, os embaraços experimentados por ocasião da “Primeira Assembleia Eclesial não foram em vão. Podem servir de balão de ensaio para posteriores eventos, sejam assembleias, conferências ou sínodos. O que se pode aprender com essa experiência do México, realizada para retomar reflexões, promessas e decisões de um evento anterior, com um número maior de delegados, representando o povo de Deus e não só o setor episcopal? Realmente será necessário ouvir a todos, o povo e o papa: “Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, e estilo e os métodos evangelizadores” (EG 33). Explicando a sua proposta da Assembleia Eclesial, o Papa Francisco lembrou o Vaticano II (cf. Lumen gentium 12), ponderando que “não seria apropriado pensar em um esquema de evangelização realizado por agentes qualificados enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor das suas ações. A nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados” (EG 120). Também para o povo de Deus não é fácil de se emancipar da tutela pastoral.
Por conseguinte, duas tarefas pedagógicas, fora do corporativismo, aguardam o Celam: ser menos, especificamente, episcopal para ser mais, genericamente, eclesial. A participação de um grande número de participantes não é um problema insuperável. Essa “participação” já foi praticada no início e durante o Vaticano II, quando a assembleia dos mais de dois mil padres conciliares se declarou soberana, em face aos esquemas preparados pela Cúria Romana.
Mas há também resistências internas na Igreja, doutrinárias e de mentalidade. A transformação de um Conselho Episcopal em Conselho Eclesial pode ser um avanço eclesiológico para uns, mas para outros representa o desmonte do princípio hierárquico da Igreja. Suscitar e acompanhar a comunhão eclesial e a participação de todos os batizados na condução de uma instituição eclesial exige despojamento e muita sensibilidade e vigilância na aceitação do pluralismo entre os próprios bispos e o povo de Deus (cf. EG 131; 255). Na Igreja que emerge da conversão sinodal, “cada ministro é um batizado entre os batizados” (EC 10), e cada bispo é “mestre e discípulo” (EC 5).
Repetidas vezes, o papa lembrou que é o Espírito que guia o povo de Deus nos processos de conversão sinodal, transforma os batizados de “ouvidores” da hierarquia e de executores de decisões tomadas por outros, em protagonistas da evangelização. “A presença do Espírito confere aos cristãos certa conaturalidade com as realidades divinas [...], embora não possuam os meios adequados para expressá-las com precisão” (EG 119).
Grosso modo, os assembleístas foram conduzidos, mas não conduziram a Assembleia. Não estiveram previamente articulados para, no início da Assembleia, eleger o presidente da Assembleia e pôr em votação, se queriam um Documento Final ou não. Ainda teremos um longo caminho pela frente para pôr em prática o significado da passagem de “Conferências Episcopais” para “Assembleias Eclesiais do povo de Deus”. O evento do México mostrou, que a conversão eclesial exige além de um “novo estilo de vida” (EG 80, 168) ad intra, também uma “nova mentalidade” (EG 188; 205) ad extra. Desde que “alarguemos o espaço de nossa tenda” (cf. Is 54,2), o Sínodo de 2021/2024 nos dá uma nova oportunidade.
[1] CNBB. Conheça os 12 desafios pastorais da Igreja da América Latina e Caribe. Brasília. Texto aqui. Acesso em: 20 out. 2022. (Nota do autor)
[2] Cf. a temática do Sínodo sobre a sinodalidade (Comunhão, Participação, Missão), de 2023/2024, com as Conclusões de Puebla (1979): 3ª Parte: Comunhão e Participação; 4ª Parte: Igreja missionária, tb. n. 1304. (Nota do autor)
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