01 Novembro 2022
Em apenas 126 municípios brasileiros (0,4%), a maioria no Rio Grande do Sul (53), 31 de outubro foi feriado municipal em homenagem à Reforma protestante. Mas nenhuma capital da Federação considera esse dia, mais lembrado como o da festa de Halloween.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
É impressionante que o luteranismo, presente no Brasil desde 1822, pelo menos informalmente, e organicamente há 136 anos, com a fundação do Sínodo Rio-Grandense, em 1886, seja menos lembrado na sociedade brasileira do que a Festa das Bruxas.
Num país como o Brasil, num momento da história em que a economia dita as regras, tudo é comprado, vendido, desde planos de saúde à educação, que o cidadão tem mais prestígio e valor conforme sua conta bancária, o preceito da salvação por graça, um dos pilares da Reforma, é uma mensagem revolucionária. Foi assim em 1517, é assim em 2022.
No entanto, o brasileiro, a brasileira, sabe mais a respeito do Dia das Bruxas do que sobre a graça. Tanto a Igreja Católica como igrejas protestantes valorizam as “ações de graça”, as “graças alcançadas”, não por “Trick or Treat” (doces ou travessuras), o pedido de crianças nas portas de casas de lares dos Estados Unidos.
A origem do Halloween remonta aos Samhain, um povo da Irlanda. Era o festival mais importante do calendário celta, que comemorava o fim do verão, o começo do ano novo e as colheitas. Os celtas acreditavam que o festival libertava todo tipo de espírito, e para representá-los se fantasiavam com peles e cabeças de animais abatidos para o inverno.
Nos Estados Unidos, que exportou o Halloween ao Brasil, muito lembrado em aulas de inglês, crianças se fantasiam de bruxas e visitam a vizinhança para pedir “doces ou travessuras”. No Brasil, não chega a isso, limitando-se a vestimentas de fantasia de bruxas. A mensagem revolucionária da graça perde em importância e difusão para as “travessuras”.
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“Halloween” é mais lembrado no Brasil que a Reforma protestante - Instituto Humanitas Unisinos - IHU