IPB aprova substitutivo da moção que reprimia esquerdistas

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08 Agosto 2022

 

Para evitar um racha na Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), como ocorreu nos anos 70 do século passado, quando a denominação apoiou a ditadura militar e dissidentes constituíram a Igreja Presbiteriana Unida, o Supremo Concílio aprovou, no dia 29 de julho, um substitutivo da resolução que pedia o repúdio ao “pensamento de esquerda”, com possibilidade inclusive de exclusão a quem o manifestasse.

 

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.

 

Por 738 votos contra 538, informa o repórter Cézar Feitoza, da FolhaPress, o Supremo Concílio aprovou o relatório apresentado à última hora no encontro pelo presidente do Conselho de Administração do Instituto Presbiteriano Mackenzie e pastor da Igreja do Botafogo, Cid Pereira Caldas. O texto afirma que “a IPB tem mantido equidistância de radicalismos”. Diz, ainda, que “não é finalidade da IPB manifestar-se sobre partidos políticos”.

 

O relatório substitutivo manteve, no entanto, o entendimento da IPB, de 1954, definindo a “incompatibilidade entre o comunismo ateu e materialismo e a doutrina bíblica”. Cid Pereira é considerado uma liderança moderada na IPB. A igreja silenciou, até agora, sobre a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, pastor da denominação investigado por crimes de corrupção passiva, tráfico de influência e prevaricação.

 

Depois do encontro, circulou nas redes sociais a manifestação assinada por Luana A. Flor, teóloga e doutoranda em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, e pela membra da igreja, Lauana A. Flor, repudiando o Supremo Concílio pelas “decisões indignas contra as mulheres cristãs e presbiterianas”.

 

As remetentes denunciaram “a forma desonrosa” como o Supremo Concílio tem tratado as mulheres da denominação, “impedindo-as, por meio de decisões proibitivas, desestímulos ou boicotes, supostamente baseados em interpretações equivocadas e fundamentalistas da Bíblia, de exercerem plenamente seus dons de talentos em favor do crescimento da Igreja de Cristo e da proclamação do Evangelho da Paz”.

 

Elas mencionaram “apenas alguns impedimentos aprovados ou reafirmados” em relação às mulheres assumidas pelo Supremo Concílio do final de julho: proibição de eleições de diaconisas, proibição de mulheres ofertarem elementos como o pão e o vinho na Santa Ceia, inclusive mediante acompanhamento pastoral em ambiente hospitalar e casa de pessoas enfermas; negação de acesso ao púlpito para mulheres pregarem a Palavra.

 

As missivistas lamentaram que depois de mais de 160 anos de história da IPB se registre “tamanho descalabro”. Elas lembraram que as mulheres são maioria na IPB, fiéis dizimistas e que sustentam a igreja para além da questão financeira, “em ações e gestos cotidianos”.

 

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