01 Abril 2020
Depois de dez anos à frente da Secretaria Geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em Genebra, o reverendo Dr. Olav Fykse Tveit assume, hoje (1. de abril), a função de bispo-primaz da Igreja da Noruega, de tradição luterana. Até agosto, quando da reunião do Comitê Central do CMI que escolherá um novo líder, o organismo ecumênico será presidido interinamente pelo vice-secretário geral, o padre romeno ortodoxo Ioan Sauca.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista, já foi professor e coordenador do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos.
Liderar o CMI nesses dez anos, um período difícil, segundo Tveit, foi “um privilégio” e uma “bênção”, afirmou em entrevista à agência italiana NEV da Federação de Igrejas Protestantes da Itália e ao serviço de imprensa do organismo internacional. Depois do “inverno ecumênico”, o pastor luterano vislumbra uma “primavera ecumênica”.
O trabalho como comunidades de igrejas abarca “o que podemos fazer juntos pela humanidade”, que é trabalhar sincronicamente pela paz, pela justiça e pela reconciliação, além de ser uma voz de esperança, definiu. Tveit se dá conta que o CMI é mais necessário hoje do que o fora há dez anos. “Estamos num mundo em perigo, num mundo dividido em muitos aspectos. Um mundo em que também a religião é usada como força divisória”, lamentou.
É importante, disse, que “as igrejas possam dizer em uníssono – estamos caminhando, orando e trabalhando juntas”, assim como aconteceu quando da visita do papa Francisco à sede em Genebra, quando o CMI comemorou 70 anos de atividades.
Além do ecumenismo, Tveit destacou a importância do movimento inter-religioso, uma vez que o testemunho cristão “implica estabelecer relações, cuidar do outro, estabelecer relações para que a comunidade local, nacional e internacional possa conviver como uma só família com crentes de diversas religiões”.
Na Nigéria, o CMI firmou, junto com seus associados locais, relações com muçulmanos em escala nacional e internacional, para encontrar maneiras de escutar os feridos e difundir esperança, mediante um centro estabelecido em conjunto em Kaduna. O diálogo inter-religioso, interpretou Tveit, em particular aquele que persegue a justiça e a paz com um claro mandato, é muito necessário.
Referindo-se à pandemia espalhada pela Covid-19, Tveit destacou o fato essencial – a fé – “já que nesses tempos estamos vendo algo que jamais vimos. Temos medo do vírus. Temos medo da pandemia”. Esse medo está relacionado a tod@s que se encontram em situações menos privilegiadas e dispõem de menos recursos, menor acesso à água potável, sabão, serviços sanitários e apoio financeiro, descreveu.
“Sejam valentes, encontrem maneiras de expressar que estamos de verdade unidos” para difundir esperança, servir o próximo e as comunidades, foram as palavras de apoio que Tveit deixou aos colegas locados nas mais diversas funções no organismo ecumênico internacional.
O CMI congrega 350 igrejas das famílias ortodoxas, protestantes, evangélicas e episcopais, representando mais de 500 milhões de cristãos ao redor mundo.
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Tveit se despede do CMI e assume direção de igreja norueguesa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU