Santa Sé-Alemanha: o fantasma do cisma

(Foto: Reprodução | Vatican News)

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26 Julho 2022

 

A “Declaração da Santa Sé” dessa quinta-feira, 21 de julho, sobre o Caminho Sinodal da Igreja Católica alemã é preocupante. Surpreende a falta de compreensão por parte das instâncias vaticanas sobre o Caminho Sinodal nos seus desdobramentos globais, aliás ainda em andamento, pois os documentos serão aprovados definitivamente apenas durante a próxima assembleia plenária de setembro, após as três anteriores.

 

O comentário é de Lorenzo Prezzi e Marcello Neri, publicado em Settimana News, 21-07-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Os textos provisórios dos quatro âmbitos de trabalho (o poder na Igreja, o ministério, as mulheres na Igreja, a vida afetiva e sexual) sofreram profundas modificações nas redações posteriores. A Declaração ignora o processo compartilhado do Caminho Sinodal e parece não conhecer os estatutos que o orientam, claramente inspirados nas indicações do Vaticano II.

 

É difícil compreender a acusação de “obrigar os bispos”, dado o amplo consenso manifestado por eles e, muito menos, as “novas abordagens de doutrina e moral” que não são indicadas.

 

A “ameaça à unidade da Igreja” parece atribuível ao medo das poucas e estrondosas vozes críticas que chegaram até Roma, as mesmas que questionam o processo sinodal como tal, a partir daquele desejado e iniciado pelo Papa Francisco. Entre estas estão as observações questionáveis dos bispos poloneses e de alguns países do norte da Europa, assim como de um grupo de bispos, predominantemente estadunidenses, que parecem todos inspirados por ambientes conservadores poloneses.

 

Quem acompanhou o caminho percorrido pelos sinodais reconhece a exatidão do discernimento, a autocorreção, a reformulação, a distinção entre direito divino e direito humana, entre poder sacramental e poder jurisdicional.

 

O brevíssimo texto vaticano mortifica a liberdade dos cristãos e mina a autonomia canônica da Conferência Episcopal Alemã.

 

Anular o trabalho realizado pelo Sínodo alemão – como o texto parece impor – não enriquecerá o trabalho do Sínodo universal, mas condicionará negativamente o seu caminho e a sua recepção.

 

Trata-se de uma página negativa da atualidade eclesial, mesmo que o Papa Francisco tenha nos acostumado com o reconhecimento honesto de possíveis erros. Como no caso das acusações, que se revelaram verdadeiras, ao bispo chileno que havia “encoberto” os delitos do Pe. Fernando Karadima.

 

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