O relatório da Oxfam e a batalha contra os empobrecidos. Artigo de Riccardo Petrella

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26 Mai 2022

 

"Devemos imprecar contra o cinismo, a hipocrisia e a velhacaria dos poderosos, dos empobrecedores e dos predadores, incluindo a mesquinhez dos oportunistas. Por fim, devemos nos aliar em escala mundial porque a história mostra que os fracos, os excluídos, os empobrecidos podem derrotar as desigualdades apenas quando estão unidos", escreve Riccardo Petrella, cientista político e economista italiano com doutorado em ciências políticas e sociais da Universidade de Florença (Itália), em artigo publicado por Il Manifesto, 25-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

É hora de parar, mesmo inconscientemente, com a ideia de que a desigualdade no que diz respeito aos direitos à vida, em particular à pobreza, seja um fenômeno "natural", inevitável, insolúvel, se não localmente e para algumas categorias sociais. Devemos reafirmar que a pobreza é um processo, uma construção social, resultado dos processos de empobrecimento, provocados e mantidos pelos grupos sociais dominantes, precisamente os "empobrecedores".

 

Na maioria das vezes, a profusão de dados que levam a pensar, os valores intoleráveis, os relatórios anuais sobre a pobreza extrema, sobre bilionários em contínuo crescimento e os empobrecidos em condições de vida cada vez mais extremas, terminam com petições aos poderosos para diminuir as injustiças, apelos aos governos e aos enriquecidos para serem um pouco menos egoístas, convites gerais à solidariedade e à compaixão.

 

A ladainha se repete há mais de 50 anos, exemplo: os relatórios da Oxfam, sem falar na infinidade de relatórios das diversas agências da ONU, do Banco Mundial e, até mesmo, do grande templo, o Fórum Econômico Mundial, onde se reúnem anualmente os principais empobrecedores (e enriquecidos) do mundo. Enquanto isso, há dois anos, todos sabem que desde o início da pandemia de Covid-19, os bilionários aumentaram em número (573), enquanto as pessoas em extrema pobreza foram 263 milhões.

 

E o que está acontecendo, além das meritórias denúncias do Papa Francisco e de milhares de pequenas associações nos vários cantos da terra? Nada de significativo. Justamente o que deveria ter "logicamente" acontecido (mudanças no sistema) não aconteceu.

 

Mas devemos ser gratos aos milhões de cidadãos comuns que com paixão, voluntários ou remunerados, em todos os campos (da saúde, à assistência aos mais frágeis, aos excluídos, aos migrantes; da infância à educação, à moradia, aos direitos humanos e sociais ...) garantem que, com suas ações, as imensas cidades predadoras do mundo possam ser ainda um pouco habitáveis...

 

Os empobrecedores do mundo, no entanto, continuam as guerras e as devastações da vida da Terra unicamente para conservar e aumentar seu poder e continuar seu furto contra a vida dos outros e da natureza.

 

Há anos, o grito planetário, "vamos mudar o sistema", ressoa em todos os continentes, mas ele também não parece demover de um único centímetro a pequena minoria dos empobrecedores e dos predadores.

 

Render-se? Abandonar? Tentar se salvar? Mesmo essas soluções, hoje predominantes, não parecem dar bons resultados, pelo contrário, aumenta o medo da extinção em massa, assim como a falta de confiança nos outros.

 

Não se deve abandonar, não devemos desistir. Devemos sempre denunciar, com força, sem comprometimentos, as obras dos empobrecedores e dos semeadores de racismo, classismo, xenofobia, supremacias, em todos os lugares, em todos os momentos.

 

Devemos imprecar contra o cinismo, a hipocrisia e a velhacaria dos poderosos, dos empobrecedores e dos predadores, incluindo a mesquinhez dos oportunistas. Por fim, devemos nos aliar em escala mundial porque a história mostra que os fracos, os excluídos, os empobrecidos podem derrotar as desigualdades apenas quando estão unidos. Em vez disso, são derrotados quando, como nos últimos quarenta anos, se dividiram e perderam a fé em sua capacidade de mudar o curso da história. Veja o caso dos trabalhadores e dos "intelectuais progressistas".

 

A história da Humanidade e a vida da Terra ainda deve ser escrita. Em pé.

 

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