19 Mai 2022
A Associação dos Padres Católicos dos EUA premiará uma avó pela sua vida no ministério pastoral, um padre que acolhe a imigrantes e católicos LGBTQIA+, e a fundadora do New Ways Ministry, irmã Jeannine Gramick.
A reportagem é publicada por La Croix, 17-05-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Associação de Padres Católicos dos EUA (AUSCP, sigla em inglês) apresentará este ano o seu maior prêmio a três indivíduos – para uma avó pelo ministério de uma vida inteira na paróquia e na comunidade, a um padre que acolhe imigrantes e católicos LGBTQIA+ e a uma freira que cofundadora do New Ways Ministry.
Os prêmios serão entregues durante a assembleia da AUSCP de 20 a 23 de junho em Baltimore, disse o comunicado de imprensa da associação.
A AUSCP, que tem cerca de 1.200 padres entre suas fileiras, é a maior associação de padres dos Estados Unidos. Foi fundado em 2011 como um grupo de apoio aos sacerdotes que se inspiram nos ensinamentos do Concílio Vaticano II (1962-65) e na sua implementação contínua.
O Prêmio São João XXIII é concedido anualmente pela associação para aqueles que encarnam o que o Papa João XXIII e o Concílio Vaticano II imaginaram.
Os três, selecionados entre os indicados apresentados pelos membros da AUSCP, são:
Cathy McClain,
mãe e avó que foi fundamental no estabelecimento do programa Safe Streets em uma área de Baltimore;
Padre Joseph Muth,
um pároco de Baltimore cuja paróquia criou o Immigration Outreach Service Center para ajudar pessoas com asilo político e outros serviços;
Irmã Jeannine Gramick,
cofundadora da organização New Ways Ministry, que educam e defendem a justiça e a igualdade para católicos LGBTQIA+ e a reconciliação dentro da igreja e das comunidades civis.
Entre os premiados anteriores estão o arcebispo John R. Quinn, de San Francisco, aposentado, autor de “Ever Ancient, Ever New: Structures of Communion in the Church”, e a irmã Simone Campbell, das Irmãs do Serviço Social, diretora-executiva da Network, lobista, líder do grupo Nuns in the Bus, um grupo católico de defesa de políticas federais adequadas nos Estados Unidos.
Cathy McClain faz parte da Paróquia Santa Verônica desde que se converteu católica aos 10 anos.
Agora, como mãe de uma família mista de quatro filhos e cinco netos, ela é catequista e Ministra da Juventude certificada; ela também atuou como membro do Conselho Paroquial, diretora da Escola Dominical, coordenadora da RCIA, fundadora do Coro Evangélico, cantora, ministra da Eucaristia e secretária paroquial.
Todos esses trabalhos são realizados como voluntário.
O padre Joseph Muth, ordenado em 1974 e recentemente aposentado como pároco de longa data da paróquia de São Mateus, recebe pessoas de diferentes comunidades étnicas de 45 países diferentes, principalmente imigrantes e refugiados.
A paróquia criou o Centro de Serviços de Imigração em 2000 para ajudar pessoas com asilo político, ajuste de status e reagrupamento familiar; um alcance à comunidade muçulmana; e o padre Muth convidaram católicos LGBTQIA+ em um grupo chamado “Lead” para se juntarem à sua comunidade.
A irmã Jeannine Gramick era uma estudante de doutorado em educação matemática em 1971 na Universidade da Pensilvânia, onde Dominic Bash, um católico gay, perguntou a ela: “O que a Igreja Católica está fazendo por meus irmãos e irmãs lésbicas e gays?”. A resposta: Nada.
Em 1977, junto com o padre Robert Nugent, ela fundou o New Ways Ministry. Através desta organização, a irmã Gramick se envolve em trabalho educacional e pastoral e advocacia pública. Ela é autora ou editada de centenas de artigos e livros e recebeu muitos prêmios.
Uma investigação do Vaticano sobre seu ministério resultou em uma ordem da Congregação para a Doutrina da Fé para que cessasse seu trabalho, em 1999.
Ela se transferiu das Irmãs Escolares de Notre Dame para as Irmãs de Loretto, que continuaram a receber cartas do Vaticano para cessar seu ministério pastoral LGBTQIA+ ou ser demitida da vida religiosa. Com a eleição do Papa Francisco, as cartas do Vaticano cessaram.
Em duas cartas ao New Ways Ministry no ano passado, o Papa Francisco elogiou a organização por seu alcance à comunidade LGBTQIA+ e se referiu à irmã Gramick, como “uma mulher valente” que sofreu muito por seu ministério.
Observando seu aniversário em um ministério para pessoas LGBTQIA+ como o motivo de sua carta, o papa a parabenizou por “50 anos de proximidade, compaixão e ternura” em um ministério que ele descreveu como “ao estilo de Deus”.
Escritas em espanhol em papel timbrado oficial do Vaticano, as cartas de Francisco mencionam que o papa está ciente de que a “história do New Ways Ministry não tem sido fácil”, mas que amar o próximo ainda é o segundo mandamento, vinculado “necessariamente” ao primeiro mandamento amar a Deus.
A divulgação da irmã Gramick foi tema de um premiado documentário, intitulado “In Good Conscience”.
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Avó, freira e padre recebem o prêmio João XXIII da Associação dos Padres Católicos dos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU