20 Julho 2021
"É por isso que existe a necessidade da autocrítica, do exame de consciência e daquela virtude que em nossos dias é um pouco ridicularizada, a humildade ou pelo menos um saudável realismo", escreve Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 18-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Cada um de nós confunde os limites do seu campo de visão com as fronteiras do mundo. Esta consideração de filósofo é bela embora até amarga e bastante pessimista, como Arthur Schopenhauer. Na verdade, captura ironicamente uma atitude a que todos nós somos tentados a ceder, a de nos considerarmos a medida de todas as coisas. Muitas vezes, na onda dessa atitude, caímos até mesmo no ridículo ou na obstinação, tentando defender o indefensável e opor-se também às evidências. Na raiz desse comportamento está a desmedida veneração do próprio eu, das próprias ideias e convicções, do próprio comportamento. Quando se começa a praticar essa “massagem” doce e apaixonada do "superego", como dizem os psicólogos, é difícil parar.
Na verdade, podemos até vir a acreditar que somos vítimas de inveja ou maldade quando outros tentam nos mostrar que o mundo da verdade é muito mais amplo do que nosso perímetro intelectual e visual. E assim nos tornamos acrimoniosos, reclamamos de ser incompreendidos, nos encerramos em um silêncio arrogante. É por isso que existe a necessidade da autocrítica, do exame de consciência e daquela virtude que em nossos dias é um pouco ridicularizada, a humildade ou pelo menos um saudável realismo. O poeta Thomas S. Eliot advertia que essa “é a virtude mais difícil de conquistar porque nada é mais difícil de morrer do que a vontade de pensar bem de si mesmos, sempre e em qualquer situação”.
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