21 Mai 2021
O primeiro papa jesuíta da história ainda não disse se participará de uma grande reunião da “Família Inaciana” no Dia de Todos os Santos, em novembro deste ano, na cidade de Marselha, no sul da França.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada em La Croix International, 20-05-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Papa Francisco ainda não anunciou se participará de um grande encontro em novembro próximo na França, que reunirá seus companheiros jesuítas e outros grupos ligados à herança espiritual de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus.
Os organizadores do evento no Dia de Todos os Santos, que acontecerá na cidade de Marselha, no sul da França, convidaram oficialmente o papa em dezembro passado.
Eles esperam que Francisco, que se juntou aos jesuítas em 1958, esteja entre as cerca de 8.000 pessoas que devem comparecer ao grande encontro da “Família Inaciana”.
Autoridades em Roma e em Paris têm conversado sobre a possibilidade da visita papal nos últimos meses.
Embora o governo francês tenha convidado Francisco para visitar seu país várias vezes, os bispos católicos na França acreditam que as chances de que o pontífice de 84 anos aceite este último convite são muito grandes.
O arcebispo Jean-Marc Aveline, de Marselha, foi a Roma no início de abril para renovar pessoalmente o convite.
Ele também pediu que o papa considerasse a cidade portuária como uma das etapas de uma possível viagem mais ampla ao Mediterrâneo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também mencionou essa possibilidade durante um telefonema com Francisco no dia 21 de março.
De acordo com nossas informações, ao saber da preferência do papa por Marselha, que é considerada mais “periférica” do que Paris, o presidente também deixou claro ao papa, em conversas anteriores, que ele não a considerava essencial que ele fosse à capital francesa.
Francisco não respondeu ao convite até agora, nem aos organizadores de Marselha, nem ao governo.
De acordo com várias fontes, ele ainda não havia tomado uma decisão firme até meados de maio.
A pandemia da Covid-19 forçou o papa argentino a interromper a sua agenda de viagens, normalmente cheia, durante mais de um ano, com a notável exceção de uma histórica visita ao Iraque, em março passado.
Agora que as coisas estão reabrindo, ele recebeu convites para visitar diversos lugares e eventos, alguns dos quais apresentam conflitos de agenda.
Por exemplo, os organizadores da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26) convidaram Francisco para discursar no evento, entre os dias 1º e 12 de novembro, em Glasgow.
John Kerry, o enviado presidencial especial para o Clima dos EUA, se reuniu com o papa no dia 15 de maio e depois disse aos jornalistas que ele acreditava que Francisco realmente participaria das negociações da COP-26 na Escócia.
Há temores entre alguns membros da comitiva do presidente Macron de que o papa não aceite o convite para ir à França, porque não quer que a sua visita seja utilizada para fins políticos, uma vez que a campanha presidencial já terá começado.
“Desde o telefonema entre o papa e o presidente, deixamos por assim mesmo”, disse um deles.
“A bola está com o papa”, disse outro.
Alguns bispos da França estão preocupados com a possibilidade de haver reservas devido à possível proximidade da visita com a publicação do relatório da Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja (CIASE, na sigla em francês).
Os especialistas da CIASE devem publicar os resultados dos seus trabalhos em setembro. Eles devem revelar números sobre o número de vítimas e de padres abusadores na França, o que provavelmente será embaraçoso para a Igreja.
Depois, em dezembro, os bispos planejam fazer um “gesto” simbólico para as vítimas.
“Não temos confirmação nem negação”, disse o secretário-geral da Conferência Episcopal, Hugues de Woillemont.
“Estamos esperando uma decisão, impacientes e confiantes. Se isso acontecer, ficaremos muito felizes e nos prepararemos com alegria. Caso contrário, nós o convidaremos de novo no ano que vem”, disse o sacerdote.
Depois do seu encontro com o papa, o arcebispo Aveline assegurou ao Vatican News que a ideia de passar por Marselha, “uma das periferias da Europa”, para “se dirigir à Europa”, havia “ressoado” em Francisco.
“A viagem do papa à França tem boas chances de acontecer”, disse uma fonte do Vaticano.
“Mas será neste ano ou no ano que vem, depois das eleições presidenciais? Essa é a grande questão.”
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Uma visita papal à França? “A bola está com o papa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU