18 Fevereiro 2021
Nicola Girasoli, núncio apostólico no Peru, furou a fila e se vacinou “em segredo” com a vacina da Sinopharm.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 17-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O arcebispo de Lima, Carlos Castillo, afirmou que está “entristecido e indignado” depois de saber que o núncio apostólico no Peru, Nicola Girasoli, foi uma das 487 pessoas que se vacinou em segredo contra a covid-19 com doses do laboratório chinês Sinopharm.
“Estamos entristecidos e indignados porque é uma pessoa tão boa e próxima a nós. Ele se vacinou por motivou que ele deve explicar, parece-me que sua explicação até agora não é suficiente”, assegurou Castillo para a emissora RPP Notícias.
O arcebispo limeño defendeu que saber que Girasoli figura na lista de vacinados lhe “dói muito” e enfatizou que os membros da Igreja Católica deem “também superar a indiferença para com os problemas do povo”.
Girasoli apareceu na lista do caso conhecido como “Vacunagate”, que motivou demissões de funcionários e investigações do Congresso e Ministério Público, junto com o ex-presidente Martín Vizcarra e as ex-ministras de Relações Exteriores e de Saúde, Elizabeth Astete e Pilar Mazzetti, respectivamente.
A maioria das vacinas foi aplicada aos membros da equipe que realizou os ensaios clínicos da Sinopharm no país, nos quais 12 voluntários participaram, mas também houve um grupo de políticos, funcionários, seus familiares e “convidados” que receberam as doses em segredo.
Depois dessa lista ter sido publicada, Girasoli emitiu um comunicado no qual assegurou que recebeu a vacina porque foi parte dos ensaios clínicos do laboratório chinês Sinopharm, como “consultor em temas éticos”.
“Por meio do meu médico pessoal, fui convocado com consultor da prestigiosa Universidade Cayetano Heredia em temas éticos sobre este processo e a motivo de minha condição de convalescente pelas consequências que ainda tenho da covid-19”, defendeu.
Girasoli, que aparece nas listas de quem recebeu as duas doses, em 21 de janeiro e 11 de fevereiro, assegurou que se contagiou com a covid-19 em abril do ano passado e teve “sintomas severos”, o qual conseguiu se recuperar um mês depois.
Apesar deste pronunciamento, Castillo assegurou que enviou uma mensagem ao Núncio, que chegou ao país em 2017, expressando-lhe que rechaça sua ação e espera que dê explicações mais detalhadas.
“Disse-lhe que isto é grave. Estes sinais de privilégios são as coisas que o povo critica na Igreja”, demarcou.
O arcebispo disse que os representantes da Igreja Católica têm “que ser a esperança” para seus fiéis e reconheceu que todos podem “cair em erros”, sempre devem “ter cuidado” no que fazem.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Peru. O arcebispo de Lima está “entristecido e indignado” pela vacinação fraudulenta do Núncio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU