10 Fevereiro 2021
Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, direciona uma “Carta Aberta” ao Prof. Dr. Volker Leppin, de Tübingen, Alemanha, diretor acadêmico da parte protestante do Grupo de Estudos Ecumênicos de Teólogos Protestantes e Católicos (ÖAK), que junto da Profa. Dra. Dorothea Sattler, de Münster, sua contraparte católica, foi diretor chefe do estudo “Juntos à Mesa do Senhor”.
A carta é publicada pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade Cristã, 08-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O estudo, que foi publicado no outono de 2019, considera que “a prática de mútua participação nas celebrações da Santa Comunhão/Eucaristia, respeitando cada uma das outras tradições litúrgicas, seria teologicamente bem fundado”.
"Juntos à Mesa do Senhor",
Documento criado por teólogos católicos e protestantes
pela intercomunhão
Em 06 de maio de 2020, o contato oficial do grupo de discussão, uma associação de membros do Conselho de Igrejas Evangélicas na Alemanha (EKD) e a Conferência dos Bispos Alemães (DBK), concluíram “que o estudo desenvolve uma estrutura teológica para a decisão individual da consciência, tendo em vista a participação recíproca na Ceia Eucarística/do Senhor”. Em vista do Terceiro Kirchentag Ecumênico, em Frankfurt, maio de 2021, essa decisão poderia ter um forte impacto.
No encontro de outono da DBK, ao fim de setembro de 2020 em Fulda, uma votação sobre a decisão do grupo de discussão estava planejada, mas foi temporariamente suspensa devido à carta do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Luis F. Ladaria, s.j., enviada em 18 de setembro ao presidente da DBK, Georg Bätzing, e demais membros. A carta estava acompanhada de comentários doutrinais sobre o documento “Juntos à Mesa do Senhor” referindo “em particular a questões teológicas que não estavam suficientemente esclarecidas no documento, em vista da fundamental interpretação católica sobre Igreja, Eucaristia e ministério”.
A intervenção da Congregação para a Doutrina da Fé tornou-se necessária porque o estudo da ÖAK recebeu novamente o status de uma opinião especialista da DBK, sobre as bases cujos bispos católicos de forma individual posicionaram-se em termos da doutrina.
Até então, o presidente da DBK, dom Bätzing, não deu nenhuma resposta oficial aos comentários doutrinais da CDF. Entretanto, uma declaração da ÖAK, de 06 de janeiro de 2021, afirmava que dom Bätzing “estava para apreciar e escrever factualmente”. Essa era uma pretensão de apoio ao trabalho das comissões episcopais da DBK em trabalhos futuros, e para oferecer uma avaliação crítica do voto.
Em sua declaração, a ÖAK rejeita as críticas do Vaticano. Os diretores da ÖAK consideram que a possibilidade de individualmente praticar comunhão recíproca na Ceia do Senhor ou Eucaristia ser “teologicamente justificada e pastoralmente acolhedora”.
Em uma entrevista ao final de janeiro de 2021, o cardeal Koch, presidente do PCPCU, expressou seu espanto sobre o estilo e tom da declaração. Ele também lamentou o fato que muitas das afirmações no texto residem no nível puramente acadêmico e não estão ligadas à realidade da Igreja. Ainda, é incompreensível o porquê de a declaração ser publicada agora, antes da assembleia geral da DBK, no verão de 2021. “A Congregação para a Doutrina da Fé endereçou sua carta ao presidente da Conferência dos Bispos Alemães, e uma resposta dele é esperada aqui em Roma”.
Em vista dessas declarações pelo cardeal Koch, o professor Leppin defendeu, mais uma vez, em entrevista de 03 de fevereiro ao portal katholisch.de, os princípios teológicos e a proximidade de praticar o estudo “Juntos à Mesa do Senhor”. Ele ainda pensa que seria possível ver uma “recusa ao diálogo [...] na decorrente atitude do cardeal responsável pelo ecumenismo”, atribuindo “ao escritório do Conselho para a Unidade, em Roma” uma certa “distância da realidade ecumênica” e confiando em “uma resposta substantiva” vinda do cardeal.
Em sua Carta Aberta, o cardeal Koch responde e contra-argumenta as objeções do professor Leppin e, ao mesmo tempo, enfatiza a relevância ecumênica das preocupações teológicas que ainda existem do lado católico.
A carta, em alemão, pode ser conferida abaixo.
Quando os bispos alemães publicaram uma carta pastoral em 1º de fevereiro, pedindo abordagens pastorais compreensivas aos probl[...]
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