06 Fevereiro 2021
O Alto Comitê para a Fraternidade Humana busca promover uma sociedade global mais fraterna, especialmente através de programas em escolas ao redor do mundo.
A reportagem é de Nicolas Keraudren, publicada por La Croix International, 04-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A primeira celebração promovida pelas Nações Unidas do “Dia Internacional da Fraternidade Humana” ocorreu em 04 de fevereiro, acolhida por vários líderes religiosos do mundo e outras importantes figuras no campo da cultura, política e ciências humanas.
A ideia para desta celebração anual vem da publicação do histórico documento de Abu Dhabi – dois anos atrás – sobre a fraternidade humana, que foi assinado pelo Papa Francisco de Roma e o Grande Imame de Al-Azhar (Egito), Ahmed Al-Tayyeb.
Mas a implementação das recomendações desse marcante texto tem sido amplamente trabalhada pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana, que foi especialmente criado em setembro de 2019.
A decisão da Assembleia Geral da ONU de estabelecer o Dia Internacional sobre a Fraternidade Humana é considerada uma das principais conquistas do Comitê sediado em Abu Dhabi.
O Alto Comitê é atualmente composto por onze membros.
Entre eles está a ex-diretora geral da UNESCO, Irina Bokova. Ela acredita que o pequeno grupo deve entrar agora em “uma fase mais concreta”.
O Comitê espera integrar os valores do documento para a fraternidade humana “em sistemas educacionais do mundo” pelo desenvolvimento, entre outras coisas, de “uma rede de universidades” sobre esses assuntos.
Para esse fim, o Alto Comitê precisa de parceiros internacionais.
No último mês, o secretário-geral, Mohamed Abdel Salam, encontrou-se com o presidente do Conselho Europeu para “discutir projeções para cooperação”.
Em acréscimo, a Universidade de Al-Azhar – Instituição Islâmica sunita baseada em Cairo, cujo presidente é membro do Comitê – decidiu estudar o documento sobre a fraternidade humana com seus alunos.
E o Vaticano também enviou o texto para dioceses e outras organizações católicas ao redor do mundo.
Junto a essas iniciativas, o Alto Comitê encabeça um projeto para construir algo chamado como “Casa da Família Abraâmica”.
Esse complexo incluiria uma mesquita, uma igreja e uma sinagoga.
Apesar dos desafios da atual crise sanitária, espera-se que seja construído em 2002 na ilha de Saadiyat, em Abu Dhabi.
“As autoridades dos Emirados Árabes estão nos dando todo o suporte”, explicou Bokova.
Mas ela disse que o Alto Comitê manterá sua “independência”, longe da influência externa.
A cada ano, no Dia Internacional, o Comitê anunciará em Abu Dhabi os vencedores do Prêmio Zayed para a Fraternidade Humana – nomeado em homenagem ao fundados dos Emirados Árabes Unidos.
Neste ano, os ganhadores do prêmio foram António Guterres, secretário-geralda ONU, e Latifa Ibn Ziaten, fundador da Associação Imad.
Bokava disse que isso faz Abu Dhabi parecer a “capital mundial da tolerância”.
Mas Laure Assaf, professor assistente de antropologia na sede de Abu Dhabi da Universidade de Nova York, disse que isso “também serve à política externa dos Emirados Árabes... e inclui assuntos econômicos”.
A monarquia do Golfo está tentando se promover como modelo internacional. E por razões óbvias. Aproximadamente 90% daqueles que vivem nos Emirados são estrangeiros.
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O grupo inter-religioso que está promovendo a visão de fraternidade humana do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU