Em meio a apagão, líder quilombola morre eletrocutado em Macapá

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

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20 Novembro 2020

Presidente da Associação dos Quilombos de São Francisco do Matapí, Sérgio Clei Almeida, de 50 anos, tentava restabelecer o fornecimento de energia na comunidade de Torrão do Matapí, em Macapá, quando recebeu uma descarga elétrica.

Foto: Dayane Oliveira/Brasil de Fato

A  reportagem é de Márcia Maria Cruz, publicada por De Olho nos Ruralistas, 19-11-2020.

Em meio ao apagão que atinge o Amapá há dezoito dias, o presidente da Associação dos Quilombos de São Francisco de Matapí, Sérgio Clei de Almeida, de 50 anos, morreu eletrocutado nesta quarta-feira (18), quando tentava restabelecer o fornecimento de energia elétrica para a comunidade de Torrão do Matapí, em Macapá.

Sérgio era professor. Segundo a educadora popular Núbia Quilombola, ele tentava consertar um transformador na sua comunidade, quando o fornecimento de energia voltou de forma inesperada e ele foi atingindo pela descarga elétrica.

Núbia destaca que as comunidades locais, já abaladas pelos transtornos do blecaute, receberam com consternação a morte de um importante líder. Boa parte das comunidades de São Francisco do Matapí foi reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Palmares em 2016, no fim do governo de Dilma Rousseff.

Mais de 250 quilombos sofrem com a falta de energia elétrica

Assim como em 80% das localidades do estado, a falta de energia afetou o abastecimento de água, compra e armazenamento de alimentos, serviços de telefonia e os serviços de saúde nas comunidades quilombolas. O apagão teve início no dia 03, depois da explosão seguida de incêndio de três subestações que ficam em Macapá.

Na capital amapaense, são 258 comunidades quilombolas que sofrem com a falta de eletricidade. De acordo com Núbia Souza, a situação é dramática em 120 delas, onde as pessoas não têm o que comer e também falta água. “A alimentação começou a faltar, apodreceu tudo”, relata. “Não deu para salgar e reaproveitar a comida”.

As comunidades sofrem ainda com a falta d’água. Os quilombos contam com poços artesianos e, sem energia elétrica, as bombas não funcionam. “As bombas queimaram”, informa Núbia.

Ela lembra que a população nas áreas rurais, de difícil acesso, sente mais os efeitos do apagão: “Muitos habitantes estão sem comer ou alimentando-se apenas de mandioca”. Diante da situação de calamidade, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq) pediu ajuda à Anistia Internacional para conseguir água e alimentos para as comunidades.

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