17 Novembro 2020
O papel da inovação na história sempre foi o de motor da mudança: mas com a pandemia o que mudou foi o próprio conceito de inovação que, especialmente em um momento de crise como o atual, deve-se guiar por uma abordagem antropocêntrica, ou seja, deve colocar o homem e suas necessidades no centro. Este foi o tema da quarta edição do Innovation Summit de Deloitte: durante o encontro foi apresentada uma pesquisa que fez um balanço das mudanças induzidas pelo covid nos hábitos e comportamentos dos cidadãos.
A reportagem é de Chiara Merico, publicada por Business Insider, 16-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
A crise, efetivamente, está tendo um forte impacto não só na economia, mas também na sociedade, em particular no que diz respeito à crescente familiaridade dos italianos com as tecnologias digitais. Alguns dados: 59% dos aposentados entenderam, após a emergência sanitária, que as inovações digitais não são difíceis de usar e 87% dos italianos sentem-se à vontade para usar as novas tecnologias, número superior ao do Reino Unido e França onde o percentual é de 77%. “A primeira evidência que emergiu do estudo é precisamente esta: há uma maior consciência de quanto a inovação seja útil e possa ser importante”, explicou, ao Business Insider Itália Andrea Poggi, líder de inovação da Deloitte North South Europe. “Mas também foi evidenciado que a inovação puramente digital, exclusivamente tecnológica, não é suficiente: as tecnologias nos ajudaram a administrar a emergência, mas ao mesmo tempo nos fizeram perceber a importância do contato humano. A pandemia expôs os limites da inovação”. Por isso, segundo Poggi “existe uma grande necessidade de uma inovação que não seja apenas tecnológica, mas que dê espaço ao contato humano, às interações sociais e que responda às necessidades quotidianas das pessoas”.
Existem duas áreas específicas nas quais a inovação centrada no ser humano pode contribuir para tornar a vida, a saúde e a mobilidade dos cidadãos significativamente mais fáceis. Na área da saúde, “o Covid destacou como a inovação é necessária, em primeiro lugar porque favorece o acesso aos serviços de saúde: com a pandemia, 26% dos italianos pela primeira vez fizeram a marcação de exames médicos online”, disse Poggi. “Ao mesmo tempo percebemos que não basta um portal de internet, mas precisamos interagir com os médicos, por exemplo através da telemedicina: assim se garante o contato com a pessoa, mas através da tecnologia”. Quanto à mobilidade, “não há dúvida de que o Covid nos assustou: agora temos medo do transporte público. Nesse sentido, a inovação pode ajudar na segurança, por exemplo, por meio de soluções de inteligência artificial aplicadas ao fluxo de passageiros, evitando as aglomerações”, destacou Poggi.
Pontos a melhorar não faltam: antes de mais nada, as lacunas de infraestrutura são os principais obstáculos à inovação. De acordo com a pesquisa, durante o lockdown os fatores mais problemáticos foram o acesso à conectividade de alta velocidade (de acordo com 50%) e a acessibilidade digital dos serviços escolares (49%). Em terceiro lugar (46%) está o compartilhamento de dados entre as estruturas sanitárias. Além disso, para 44% dos italianos, os sistemas de monitoramento da população ativados para conter a infecção precisam ser aprimorados. É portanto necessário intervir para “melhorar a conectividade das pessoas através de infraestruturas de rede e aumentar a segurança do mundo digital”, especialmente em campos como “saúde, pesquisa, ambiente de trabalho”, destacou a ministra da inovação tecnológica, Paola Pisano. “Não só estão circulando fake news na rede que levam a população a se dividir em questões importantes, mas também ferramentas que possam criar problemas de segurança cibernética”. Por exemplo, “entre o início de março e o final de abril, foram registrados 1,2 milhão de novos domínios vinculados ao coronavírus, dos quais 86 mil foram considerados nocivos ou de risco grave”, lembrou Pisano.
Sobre o tema das fake news também falou o fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, que destacou a importância de educar os mais jovens para se locomover da massa de informações que chove sobre eles através da internet e das redes sociais. “Na educação de crianças e jovens, as competências midiáticas são mais importantes do que nunca, porque as pessoas veem coisas no Facebook e precisam avaliá-las”. E diante de fake news ou teorias de conspiração "as pessoas não sabem como controlar essas informações: é um grande problema, mas precisamos nos concentrar no longo prazo em como ensinar nossas crianças a avaliar as informações que recebem".
Também o Ministro das Universidades, Gaetano Manfredi, destacou o conceito de que “as competências digitais devem ser patrimônio de todos os indivíduos. A pandemia é uma enorme tragédia, mas também representou um elemento de grande importância para a inovação”. Que, como lembrou Poggi, “é necessária, mas se não levar as pessoas em consideração será uma inovação estéril, que pode levar a um aumento de eficiência, mas não de sustentabilidade. E esta é a grande lição do covid: devemos usar a inovação para fortalecer a sociedade, para permitir que o ser humano se sinta bem”.
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Colocar o ser humano no centro: a nova face da inovação no pós-covid - Instituto Humanitas Unisinos - IHU