11 Março 2019
Em tempos de uso cada vez mais intenso da telemedicina, um caso mostra como a naturalização da tecnologia pode desumanizar por completo a relação entre médico e paciente. Aconteceu na Califórnia semana passada. Ernest Quintana tinha câncer de pulmão. Aos 78 anos, o idoso já tinha sido internado e mandado de volta para casa algumas vezes desde o começo do ano. No quarto do hospital, ele aguardava o resultado de uma tomografia. Eis que entra no leito um robô com uma tela acoplada. Do outro lado, um médico que não se identificou – e até hoje, não se sabe de onde falava – comunicou que ele provavelmente não sairia do hospital vivo. E, ainda, que não havia muito o que o serviço de saúde pudesse fazer, além de lhe dar morfina, embora a droga fosse prejudicar sua respiração. A máquina falou tudo isso posicionada ao lado do ouvido ruim de Ernest, o que fez com que sua filha, mesmo em choque com a situação, tivesse que repetir o parecer para o pai. O idoso morreu dois dias depois.
A informação é publicada por Outra Saúde, 11-03-2019.
O caso acendeu um debate ético. Segundo a Associação Americana de Medicina, notícias sensíveis não devem ser dadas por videoconferência, a não ser que não haja saída. No episódio em questão, o paciente estava internado num hospital em que outros profissionais poderiam fazê-lo de forma presencial. Procurado pelo New York Times, a direção do hospital não esclareceu as circunstâncias, mas afirmou que o diagnóstico inicial não foi comunicado por vídeo, dando a entender que a família mentiu.
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A telemedicina e a relação entre médico e paciente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU