28 Outubro 2020
O tribunal penal do Vaticano concordou em 27 de outubro em ampliar um julgamento de abuso sexual envolvendo o seminário juvenil da Santa Sé incluindo a organização religiosa responsável pela administração da residência, para além de dois padres já acusados.
A reportagem é de Nicole Winfiel, publicada por National Catholic Reporter, 27-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O advogado do acusador argumentou no tribunal que havia evidências de “negligência grosseira” e “falta de vigilância” na administração do seminário São Pio X, o que resultou em abusos em seu cliente quando ele era um jovem coroinha.
O seminário, localizado em um palácio dentro dos jardins do Vaticano, abriga meninos de 12 a 18 anos que atuam como coroinhas nas missas papais na Basílica de São Pedro. Um dos ex-coroinhas diz que foi repetidamente molestado por um seminarista mais velho enquanto morava lá.
O advogado Dario Imparato pediu ao tribunal que responsabilize também o próprio seminário e a associação de padres Opera Don Folchi que o administra, bem como a diocese de Como, que é responsável por ambos.
Depois de consultar outros juízes a portas fechadas, o presidente do Tribunal, Giuseppe Pignatone, disse que o tribunal concordou em processar o seminário e a Ópera Don Folchi, embora tenha rejeitado o pedido de trazer a diocese de Como para o caso.
O desenvolvimento amplia substancialmente o primeiro julgamento criminal no Vaticano sobre alegações de abuso sexual ocorrido em território do Vaticano. De acordo com a acusação original, o padre Gabriele Martinelli, 28, é acusado de abuso de autoridade como um seminarista mais velho para forçar um seminarista mais novo a “atos carnais” de sodomia e masturbação, usando violência e ameaças, de 2007 a 2012.
O ex-reitor do seminário, padre Enrico Radice, é acusado de ter ajudado Martinelli a evitar os investigadores ao desacreditar as alegações da vítima como infundadas.
O escândalo é particularmente grave porque o abuso supostamente ocorreu dentro da própria Cidade do Vaticano, e as alegações eram conhecidas pelo menos desde 2012, mas foram encobertas pelo Vaticano e outras autoridades da Igreja até que a vítima e seu colega de quarto, Kamil Jarzembowski, a tornaram públicas em 2017.
Depois disso, o papa Francisco dispensou o estatuto de limites no caso e assinou uma nova política para a Cidade do Vaticano requerendo que tais crimes sejam reportados para os procuradores do Vaticano.
Tanto Martinelli quanto Radice não responderam publicamente sobre as acusações. Eles estiveram na corte na terça-feira, para supostamente prestar depoimento, mas a audiência foi ocupada com a questão da expansão do julgamento.
A Opera Don Folchi atacou as acusações contra Martinelli e seu seminário como “lama”, um “ataque violento à Igreja” e nada mais do que “calúnias e falsificações”.
A próxima audiência foi marcada para 19 de novembro.
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Vaticano amplia julgamento de abuso em seminário em meio a alegações de negligência - Instituto Humanitas Unisinos - IHU