18 Setembro 2020
A cerca de 100 quilômetros de Pequim, uma cidade do futuro está sendo construída. Está localizada em um triângulo denominado Jing-Jin-Ji, formado pelos três centros mais importantes do norte da China, além da capital, Tianjin e Shijiazhuang. Estamos na província de Hubei, um lugar crucial para o desenvolvimento mundial e o relançamento econômico da China. Os planos previstos revelam uma ideia de desenvolvimento urbano onde a inovação está inserida em uma relação simbiótica com o meio ambiente. Será uma nova área dentro da já existente cidade de Xiong'an e será uma megalópole que acolherá 2,5 milhões de habitantes, verde, será "sustentável e inteligente", com uma densa rede de transportes capaz de torná-la um centro importante perfeitamente alinhado com as novas políticas de desenvolvimento chinesas, que consideram o meio ambiente um elemento a não ser negligenciado, mas sim valorizado.
A reportagem é de Mariella Bussolati, publicada por Business Insider, 17-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Região Metropolitana de Jing-Jin-Ji, China. (Foto: Wikipédia)
Foi projetado pelo escritório de arquitetura Guallart de Barcelona, e além de ser autossuficiente, será baseado em um conceito de economia circular que minimiza a poluição e os dejetos e favorecerá o reaproveitamento. Segundo esse conceito, a produção não será apenas aquela ligada ao trabalho, mas também à da energia, alimentos e materiais. A energia será 100% renovável. E as fábricas que poluem serão banidas. No entanto, não será apenas um local para ricos: tudo está sob o estreito controle do Comitê Central, as propriedades serão todas estatais. Haverá, portanto, possibilidades diferentes para cada renda e serviços públicos como hospitais e escolas, mas também estruturas para quem produz.
Mapa com destaque para as regiões de Pequim, Tianjin e Shijiazhuang, na China. (Foto: Reprodução GT)
A cada quatro quadras serão misturados escritórios, casas, lojas, mercados, jardins de infância, piscinas e bombeiros. Os prédios serão construídos com madeira laminada, recurso renovável. Além disso, os espaços serão organizados de forma a tornar os eventuais próximos lockdown confortáveis e serenos. Cada apartamento usará 80% menos energia do que um tradicional e será solar. Terá amplas varandas com espaços dedicados ao cultivo de hortaliças. Na cobertura estarão disponíveis estufas para o cultivo indoor iluminadas com lâmpadas LED. A água da chuva será coletada para permitir o reaproveitamento.
Na parte inferior, serão montados laboratórios com impressoras 3D capazes de fabricar objetos indispensáveis no caso de fechamentos temporários. 70 por cento da área externa será coberta por água e vegetação e a maioria das estradas será organizada para bicicletas e pedestres, não para os carros, que serão em número limitado.
A parte comercial também será diferente. Livrarias e supermercados não terão vendedores e identificarão os clientes com reconhecimento facial. Haverá carros e ônibus sem pilotos e drones que poderão entregar as mercadorias.
Em comparação com outras cidades que passaram por um desenvolvimento recente, como Guandong, esta não será baseada em conceitos principalmente comerciais. Em vez disso, se tornará o exemplo concreto das novas políticas verdes declaradas pelo primeiro-ministro Xi Jinping desde o seu primeiro discurso em 2012. Para construí-la, foram estimados cerca de 580 bilhões de dólares, aos quais deverão ser adicionados outros 91 para criar as infraestruturas de transporte. E é justamente a ferrovia a primeira obra que será construída e concluída e que será inaugurada no final deste ano. Os trens viajarão a uma velocidade de 350 quilômetros por hora e levarão os passageiros a Pequim em meia hora e ao aeroporto de Daxing em 20 minutos.
Xiong'an não nasceu por acaso. A necessidade de construí-la parte da tentativa de resolver alguns problemas de Pequim, que está se expandido horizontal e verticalmente a taxas exponenciais. Os escritórios governamentais, por exemplo, são tão espalhados que os moradores demoram muito para chegar até eles. Por esse motivo serão transferidos para a nova área, escolas, hospitais, sedes de grandes empresas, instituições financeiras. Na prática, boa parte de todas as funções não centralizadas.
Gigantes da tecnologia chinesas como Baidu, Alibaba e Tencent já planejaram as novas sedes. E, obviamente, o 5G vai garantir superconectividade, também para trabalho remoto. Servirá também para dar vida a um aplicativo que enviará alertas em caso de alarmes, mas também notificações de shows, feiras e eventos para a troca.
A parte de construção das estruturas deveria estar concluída até 2022, até 2035 haverá a transferência dos escritórios, até 2050 tudo estará operacional. Nesse ínterim, já começaram os preparativos para trazer o grande público. A terceira edição da Semana Internacional do Design Industrial, que este ano tem a Itália como convidada de honra, será inaugurada em Xiong'an no dia 17 de setembro.
Certamente não é a primeira vez que transformações dessa magnitude ocorrem na China. Basta pensar a área de Pudong, em Xangai, onde foi realizada a Expo, que era uma área agrícola, ou Shenzen, atualmente a capital tecnológica, antes uma vila de pescadores. Mas Xiong'an é algo mais, parece que será uma cidade ideal, onde todos gostariam de morar.
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Carros não tripulados e drones para entrega de mercadorias: a cidade do futuro está nascendo a 100 km de Pequim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU