20 Agosto 2020
Nesta segunda-feira (17), a capital paraense foi tomada por neblina, fuligem e cheiro de queimado devido às queimadas.
A reportagem é publicada por Brasil de Fato, 18-08-2020.
Há um ano, no dia 19 de agosto de 2019, a fumaça originada nas queimadas em ritmo acelerado na floresta amazônica transformou o dia em noite em São Paulo, carregando uma chuva de material tóxico. Um ano depois, em Belém, no Pará, o cenário se repete. Nesta segunda-feira (17), a capital paraense foi tomada por neblina, fuligem e cheiro de queimado, devido às queimadas no Pantanal.
A região passa pela maior seca e número de queimadas das últimas décadas. Somente nesse ano foram mais de 1 milhão e 200 mil hectares de área queimada, o que corresponde a 8 vezes o território do município de São Paulo.
Além do problema hídrico que advém de outros territórios, outro fator central é a ação de pecuaristas que atuam desmatando e trocando a vegetação local por outras mais resistentes ao gado. Segundo um levantamento do Instituto SOS Pantanal, cerca de 15% da área já foi convertida em pastagem.
Desde o dia 15 de julho, o governo federal proibiu queimadas em todo o país por 120 dias, e na semana seguinte enviou militares e aeronaves para combater os incêndios no bioma. Porém, ambientalistas afirmam que o socorro foi muito tarde e não arrefecerá os efeitos do desmonte dos órgãos responsáveis pela fiscalização na região, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a devastação na Amazônia alcançou recordes no mês de junho. Foram 1.034,4 km² em alerta de desmatamento, maior patamar da série histórica, 10,6% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.
O crescimento na devastação no primeiro semestre foi de 25% em relação ao mesmo período de 2019 e chegou a 3.069,57 km², o equivalente a duas vezes a área da cidade de São Paulo. No acumulado de 11 meses, a alta foi de 64%. Os números geraram cobranças de investidores internacionais ao governo brasileiro.
As partículas das queimadas viajaram milhares de quilômetros, primeiro rumo ao oeste do continente, chocando-se contra a cordilheira dos Andes, para depois vir para o sul. A chuva, que atingiu o município paulista, veio carregada de material tóxico oriundo de queimadas.
O fogo foi originado majoritariamente da ação predatória de fazendeiros, em busca de expansão das áreas de pastagem ou para plantações de soja, por exemplo. No sudoeste do Pará, fazendeiros chegaram a realizar um “dia do fogo”, promovendo queimadas simultâneas às margens da BR 163, para chamar a atenção do governo de que “o único jeito que tem para trabalhar é derrubando”.
Naquele dia, o Brasil havia registrado um aumento de 83% no número de focos de incêndio em relação ao ano passado, entre os dias 1º de janeiro e 19 de agosto de cada ano, segundo o Programa de Queimadas do Inpe.
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Um ano depois de nuvem negra em SP, queimadas no Pantanal levam fumaça para Belém - Instituto Humanitas Unisinos - IHU