06 Julho 2020
A agência da ONU pede respostas mais eficazes porque a pandemia não terminou.
A reportagem é publicada por L'Osservatore Romano, 04-07-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Os governos devem acordar e olhar para os números; não ignorar o que os dados dizem. A pandemia ainda não acabou. Temos que continuar lutando todos juntos". Essas foram as palavras proferidas pelo chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as emergências sanitárias, Michael Ryan, que pediu respostas mais eficazes aos governos. O mundo corre o risco de passar por uma crise ainda pior se não reverter o rumo: os últimos sete dias, do ponto de vista global, foram os piores desde o início da pandemia, com mais de 160.000 contágios por dia.
"A OMS entende perfeitamente que muitos países querem colocar suas economias de volta nos trilhos", disse Ryan. “Mas isso não pode ser feito ignorando a realidade. A pandemia não desaparecerá como por mágica”. Ontem, a América Latina alcançou a Europa em número de contágios por coronavírus com mais de 2,7 milhões de casos, embora o Velho Continente permaneça em primeiro lugar em termos de número de mortes, segundo dados da OMS. No entanto - disse Ryan - esses números são bastante aleatórios, no sentido de que não devem ser seguidos à risca: cada país tem seus próprios protocolos de saúde e, portanto, possui métodos e meios diferentes para a detecção dos casos.
A OMS também destaca a importância de levar em conta as mutações do vírus. Algumas semanas atrás, circulou a notícia do estudo de uma nova cepa mais contagiosa do que a Sars-Cov-2; uma equipe internacional de pesquisadores mostrou que essa variante do coronavírus "melhorou a capacidade do vírus de infectar células humanas e ajudou a se tornar a cepa dominante que circula hoje no mundo". Para enfrentar a emergência, a Comissão Europeia autorizou o medicamento Remdesivir para o tratamento da covid-19. A autorização seguiu um procedimento acelerado e chegou uma semana após a recomendação da Agência Europeia de Medicamentos (Ema) e a aprovação pelos Estados-Membros.
Enquanto isso, a busca por uma vacina continua. "Já existem 17 candidatos a vacina contra a covid-19 para os quais estão sendo realizados ensaios clínicos, ou seja, estudos de fase 1, 2 ou 3 em seres humanos. Estamos muito confiantes por isso e pela colaboração e transparência demonstrada pelo mundo da pesquisa", disse Ana Maria Henao Restrepo, especialista da OMS. "A linha de projetos é muito rica, porque temos cerca de 150 candidatos a vacina, que estão caminhando para os ensaios clínicos". “Existe a vacina de Oxford, sobre a qual muito já foi escrito e está passando para a fase 3, mas também temos cinco outros produtos em fase 2 de pesquisa. São vacinas que adotam abordagens diferentes, ou seja, vetor viral, RNAm, DNA e proteica", explicou a especialista, ilustrando os dados.
"Deve-se dizer que apareceu nos últimos dias a necessidade de proceder rapidamente, mas também com rigor, para demonstrar a segurança e eficácia dos candidatos a vacinas", disse Soumya Swaminathan, cientista chefe da OMS.
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A OMS aos governos: “Chega de ignorar os dados” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU