O futuro sombrio da América Latina

Foto: Organização Internacional do Trabalho (OIT)

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12 Mai 2020

"A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) prevê um retrocesso de 5,3% do PIB regional em 2020. Maior índice histórico, superando o ano de 1930, quando a depressão de 1929 fez com que recuasse 5%. Assim, haverá aumento da crise social. Quase 29 milhões de latino-americanos serão empurrados para a pobreza. E 16 milhões, para a extrema pobreza. A taxa de desemprego chegará a 11,5%, afetando 37,7 milhões de pessoas, crescimento de 3,4 pontos percentuais em relação a 2019", escreve Frei Betto, escritor, autor de “O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual” (Cortez), entre outros livros.

 

Eis o artigo.

 

Até domingo, 10/5, a Covid-19 já tinha infectado quase 300 mil pessoas na América Latina e matado mais de 16 mil, pouco mais de 11 mil no Brasil, onde o governo Bolsonaro desdenha a pandemia. Tudo indica, porém, que as cifras devem ser maiores, dada a possibilidade de subnotificação e a dificuldade de aplicar testes a toda a população.

Nosso Continente tem, hoje, 613 milhões de habitantes. E abriga a mais acentuada desigualdade social do mundo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 53% de nossa população sobrevivem de trabalhos informais. Como nossos sistemas de saúde são precários, os efeitos econômicos e sanitários da pandemia tendem a ser maiores.

A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) prevê um retrocesso de 5,3% do PIB regional em 2020. Maior índice histórico, superando o ano de 1930, quando a depressão de 1929 fez com que recuasse 5%. Assim, haverá aumento da crise social. Quase 29 milhões de latino-americanos serão empurrados para a pobreza. E 16 milhões, para a extrema pobreza. A taxa de desemprego chegará a 11,5%, afetando 37,7 milhões de pessoas, crescimento de 3,4 pontos percentuais em relação a 2019.

No ano passado, vários países foram sacudidos por manifestações populares contra medidas econômicas neoliberais e fraudes ou golpes eleitorais, como ocorreu no Equador, Peru, Colômbia, Bolívia, Nicarágua, Haiti e Chile. Cessada a pandemia, é possível que os protestos retornem com mais força.

No Brasil, o presidente Bolsonaro, ao encarar com descaso os efeitos da Covid-19, conseguiu que, às crises sanitária e econômica, se somasse a política, cujo desfecho é imprevisível.

Merece destaque o papel de Cuba nessa conjuntura pandêmica. Como ressalta Ignacio Ramonet, do Le Monde Diplomatique, Cuba é uma potência médica. Conta, hoje, com 100 mil médicos, o que equivale a 9 médicos por cada 1 mil habitantes. É a taxa mais alta do mundo. Na Alemanha, Suíça e Espanha, o índice é de 4/1.000 e, na França, Israel e EUA, de 3/1.000. Atualmente, Cuba atende 66 países (El País, Madrid, 22/3/20), onde se encontram 30 mil médicos e enfermeiros das brigadas internacionais.

Ao criá-las, Fidel declarou: “Um dia haverão de reconhecer que o nosso país jamais promoveu ataques preventivos ou de surpresa contra qualquer país do mundo, e que, ao contrário, nosso país foi capaz de enviar médicos solidários às mais distantes regiões do mundo. Médicos, e não bombas; médicos, e não armas inteligentes” (discurso feito em Buenos Aires, maio de 2003. Granma, Havana, 17/4/2020).

 

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