25 Junho 2020
Roma apresentou o novo Diretório para a Catequese elaborado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização com o objetivo de que o Evangelho permaneça sempre atual na cultura do encontro.
O processo de inculturação que caracteriza em particular a catequese e que, sobretudo em nossos dias, demanda uma atenção muito particular, requer a composição de um novo Diretório.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 25-06-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Na apresentação deste Diretório de Catequese elaborado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização – e que foi apresentado às 11h30 na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé – participaram dom Rino Fisichella, presidente do dicastério, o secretário dom Octavio Ruiz Arena e o delegado de catequese dom Franz-Peter Tebartz-van Elst. A conferência de imprensa pode ser acompanhada via streaming pelo canal do Vatican News no Youtube.
Dom Rino Fisichella afirmou que a publicação de um Diretório para a Catequese representa um evento feliz para a vida da Igreja, dado que pode marcar uma provocação positiva porque permite experimentar a dinâmica do movimento catequético que sempre teve uma presença significativa na vida da comunidade cristã. E acrescentou que depois de muito tempo e esforço, e depois de uma ampla consulta internacional, este Diretório para a Catequese é um documento da Santa Sé que agora se confia a toda a Igreja. Também explicou que se dirige em primeiro lugar aos bispos por serem “os primeiros catequistas entre o povo de Deus”, ademais de “os primeiros responsáveis da transmissão da fé”. Naturalmente, junto aos bispos encontram-se implicadas as Conferências Episcopais com suas respectivas Comissões para a Catequese, a fim de compartilhar e elaborar um esperado projeto nacional que apoie o caminho de cada diocese.
No entanto, os mais diretamente implicados no uso deste Diretório seguem sendo os padres, os diáconos, as pessoas consagradas e os milhões de catequistas que diariamente oferecem seu ministério nas diferentes comunidades. Por esta razão destacou que “a dedicação com a qual trabalham, sobretudo em um momento de transição cultural como este, é o sinal tangível de como o encontro com o Senhor pode transformar um catequista em uma genuíno evangelizador”.
Mesmo assim, se destacou que desde o Concílio Vaticano II, este é o terceiro Diretório, depois do primeiro de 1971, e o segundo, em 1997, que “marcaram esses últimos cinquenta anos de história da catequese” e que “desempenharam um papel fundamental” para dar um passo decisivo no caminho catequético, sobretudo, “renovando a metodologia e a instância pedagógica”. Ao que o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização acrescentou: “o processo de inculturação que caracteriza em particular a catequese e que, sobretudo em nossos dias, demanda uma atenção muito particular, requeri a composição de um novo Diretório”.
Por outro lado, manifestou-se que “a Igreja enfrenta um grande desafio que se concentra na nova cultura com a qual se encontra, a digital”. De maneira que “focalizar a atenção em um fenômeno que se impõe como global, obriga a quem tem a responsabilidade da formação a não tergiversar”. E diferente do passado, quando a cultura se limitava ao contexto geográfico, “a cultura digital tem um valor que se vê afetado pela globalização em curso e determina seu desenvolvimento”.
E levando em conta que “os instrumentos criados nesta década manifestam uma transformação radical dos comportamentos que incidem sobretudo na formação da identidade pessoal e nas relações interpessoais”, destacou-se que: “a velocidade com que se modifica a linguagem, e com as relações comportamentais, deixa entrever um novo modelo de comunicação e de formação que afeta inevitavelmente também a Igreja no complexo mundo da educação”.
Depois de destacar que “a presença das diversas expressões eclesiais no vasto mundo da Internet é certamente um fato positivo”, também afirmou que “a cultura digital vai muito mais além”, posto que “toca desde a raiz a questão antropológica”, que é “decisiva em todo contexto formativo, sobretudo no referente à verdade e à liberdade”. Questão que faz necessária uma confrontação para a Igreja em virtude de sua “competência” sobre o homem e sua pretensão de verdade.
Por essa razão, e “somente por esta premissa – disse dom Fisichella – era necessário um novo Diretório para a Catequese. Na era digital, vinte anos são comparáveis, sem exagero, ao menos a meio século. Daí se deriva a exigência de escrever um Diretório que leve em consideração com grande realismo a novidade que se assoma, com a intenção de propor uma leitura que envolva a catequese”. Por este motivo: “O Diretório não somente apresenta os problemas inerentes à cultura digital, como também sugere quais caminhos seguir para que a catequese se torne uma proposta que encontra o interlocutor em condições de compreendê-la e de ver sua adequação com o próprio mudo”.
Ao mesmo tempo existe “uma razão mais de ordem teológica e eclesial que levou a redigir este Diretório”. E é “o convite a viver cada vez mais a dimensão sinodal” com seus “constantes” em todas estas assembleias “que tocam de perto o tema da evangelização e da catequese”. Por esta razão recordou de modo especial o Sínodo sobre a Nova Evangelização e a Transmissão da Fé, do ano de 2012, com a conseguinte Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do papa Francisco, e o vigésimo quinto aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, documentos que são de competência direta do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. “A evangelização ocupa o lugar principal na vida da Igreja e no ensinamento cotidiano do papa Francisco”.
Dom Fisichella recordou que “a evangelização é a tarefa que o Senhor ressuscitado confiou a sua Igreja para ser no mundo de todos os tempos o fiel anúncio do seu Evangelho”. Por essa razão disse que “prescindir deste pressuposto equivaleria a converter a comunidade cristã em uma das muitas associações beneméritas, forte durante seus dois mil anos de história, porém não a Igreja de Cristo”. E acrescentou que “a perspectiva do papa Francisco, entre outras coisas, situa-se na forte continuidade com o ensinamento de São Paulo VI na Evangelii nuntiandi de 1975. Ambos não fazem mais que se referir à riqueza surgida do Vaticano II que, no referente à catequese, encontrou seu ponto focal na Catequesis tradendae (de 1979) de São João Paulo II”.
Este novo Diretório “endossa a centralidade do querigma que é expressa no sentido trinitário como um compromisso de toda a Igreja”. E é articulado ao tocar vários temas que se referem apenas ao objetivo subjacente. “Uma primeira dimensão é a mistagogia, apresentada através de dois elementos que se complementam: acima de tudo, uma apreciação renovada dos sinais litúrgicos da iniciação cristã; além disso, o amadurecimento progressivo do processo de treinamento em que toda a comunidade está envolvida”.
Outra novidade do Diretório é o elo entre evangelização e catecumenato em seus vários significados. Daí a urgência de “realizar uma conversão pastoral para libertar a catequese de certos laços que a impedem de ser eficaz”. Ao mesmo tempo, como escreveu o papa Francisco: “Anunciar a Cristo significa mostrar que crer nele e segui-lo não é apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de encher a vida com um novo esplendor e profunda alegria, mesmo no meio dos testes”.
Portanto, o Diretório apresenta a catequese querigmática não como uma teoria abstrata, mas como um instrumento com um forte valor existencial. Essa catequese encontra seu ponto de apoio no encontro que nos permite experimentar a presença de Deus na vida de cada um. Um Deus próximo que ama e segue os eventos de nossa história porque é diretamente comprometido pela encarnação do Filho. A catequese deve envolver todos, catequistas e catequizandos, na experiência dessa presença e no sentir-se envolvidos na obra da misericórdia.
“Esperamos que este novo Diretório para a Catequese possa ser de verdadeira ajuda e apoio à renovação da catequese no único processo de evangelização que a Igreja não cansou de incitar há dois mil anos, para que o mundo possa encontrar Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem para nossa salvação”.
Da sua parte, o Secretário do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização recordou que o papa Bento XVI, ao passar a competência da catequese para este dicastério, queria destacar o posto tão importante que tem a catequese na realização da missão fundamental da Igreja: a evangelização.
De fato, em uma das sessões finais da XIII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, foi manifestada essa intenção, que se materializou em 16 de janeiro de 2013, com a publicação da carta apostólica Fides per doctrinam, na qual se diz que “a fé precisa ser sustentada por meio de uma doutrina capaz de iluminar a mente e o coração dos crentes, pois o particular momento histórico que vivemos, marcado entre outras coisas por uma dramática crise de fé, requer assumir uma consciência que responda às grandes esperanças que surgem no coração dos que creem, pelas novas questões que interpelam o mundo e a Igreja”.
“De fato, a Igreja não vive mais em um regime de cristandade, mas sim em meio a uma sociedade secularizada, na qual ao fenômeno do distanciamento da fé acrescentou-se o fato de que se foi se perdendo o sentido do sagrado e se colocou em evidência os fundamentos dos grandes valores do cristianismo”. “É preciso reconhecer – disse dom Octavio Ruiz Arenas – que muitos batizados nunca receberam uma iniciação cristã, que não foram animados pelo querigma, que não conseguiram um encontro pessoal com Cristo e que não tiveram um apoio e acompanhamento da comunidade cristã”.
De onde surgiu “a necessidade de aprofundar a inserção da atividade catequética no processo de nova evangelização”, para a qual, desde maio de 2015, foi preparado um primeiro rascunho de um documento intitulado “Catequese e Nova Evangelização” que, baseada no Diretório Geral de Catequese, assumiu o que o papa Francisco indicou na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Projeto apresentado aos membros deste Conselho Pontifício durante a Segunda Assembleia Plenária, realizada de 27 a 29 de maio de 2015, durante o qual foi decidido que era mais apropriado atualizar o Diretório em 1997.
Depois de analisar alguns tópicos de interesse para o novo Diretório, como a realidade da juventude, cultura digital, catequese e pessoas com deficiência e piedade popular, foram realizadas mais consultas e, à medida que as correções necessárias foram realizadas, até chegar ao texto atual do novo Diretório, doze rascunhos foram produzidos.
“Foram, portanto, quase seis anos de trabalho para a elaboração do novo Diretório de Catequese, cuja redação mais recente foi aprovada pelo Santo Padre em 23 de março, na memória litúrgica de São Toríbio de Mogrovejo”.
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Novo Diretório para a Catequese, publicado pela Santa Sé, aposta na sinodalidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU