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“Os vírus recordam-nos que qualquer ser pode destruir o presente e estabelecer uma ordem desconhecida”. Entrevista com Emanuele Coccia

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05 Junho 2020

Em seu novo ensaio, o filósofo italiano desenvolve uma tese tão surpreendente quanto reconfortante: todos os seres vivos, do humano à planta, passando pela bactéria, partilham uma mesma vida, sem começo nem fim, a qual se transmite há séculos e não pertence verdadeiramente a ninguém.

Após o sucesso de La vie des plantes (Payot e Rivages, 2016)[1], em que presta homenagem aos vegetais, o filósofo italiano Emanuele Coccia continua sua reflexão acerca da mistura e da transformação dos seres vivos em sua obra Metamorphoses. A tese é radical e desconcertante: humanos, bactérias, vírus, plantas, animais, somos todas e todos uma mesma vida, que passa de forma em forma, transmite-se há séculos de espécie em espécie, de reino em reino, e continuará seu curso. Há algo reconfortante nesse brilhante ensaio que, ao descrever a continuidade da vida, coloca o homem de volta a seu lugar: um veículo de vida entre tantos outros. O nascimento já não é mais o começo, nem a morte é o final.

A entrevista é de Sonya Faure e Anastasia Vécrin, publicada por Libération.fr, 13-03-2020. A tradução é de Davi De Conti e Marcelo Jungmann Pinto.

Eis a entrevista.

Você que estuda os elos entre os viventes, o que o coronavírus lhe suscita?

Todo vírus é inquietante: sua vida é a transformação (por vezes mortal) da vida dos outros. Ele é a demonstração de que a vida que consideramos como nossa não nos pertence: ela pode a qualquer momento tornar-se a vida de outro, mesmo do ser biologicamente e anatomicamente mais remoto, o vírus, que pode instalar-se em nosso corpo e tornar-se seu senhor.

O vírus é a evidência da transformação própria a toda vida, mas como se ele existisse separadamente dos seres vivos: nesse sentido, ele é a exemplificação perfeita do futuro. O futuro é, como um vírus, uma força de desenvolvimento da vida que não nos pertence, ele é uma enfermidade benigna que obriga os indivíduos e as populações a se transformarem, a não se eternizarem. É por isso que o futuro não precisa existir como o passado, isto é, como um monumento: ele é a realidade mais minúscula, e, exatamente como o coronavírus, pode colocar em crise, de uma hora para a outra, um aparato técnico monumental de vários séculos, e a vida de um planeta.

Todo vírus, e este em particular, ensina-nos, assim, a não medir a potência de um ser vivo com base em seu equipamento biológico, cerebral, neuronal. Ele rompe também nosso estranho narcisismo: situados no antropoceno, continuamos a contemplar nossa grandeza, ainda que negativamente, e engrandecemo-nos de nossas potências malignas e destrutivas... “Veja como somos poderosos”. Os vírus recordam-nos que qualquer ser tem força para destruir o presente e estabelecer uma ordem desconhecida e inesperada. O coronavírus mostra, enfim, que a vida zomba das fronteiras, das entidades políticas, das distinções de raça, que ela mistura tudo, une tudo. Isso é bastante libertador.

De acordo com você, a metamorfose é o que caracteriza a vida. Como defini-la?

A metamorfose é a continuidade entre todos os seres vivos presentes, passados e futuros: todos e todas partilham uma única e mesma vida. Olhe para qualquer ser vivo: ele é obrigatoriamente a transformação da vida que o precedeu e que lhe deu à luz. É a mesma vida anterior, mas capaz de existir em outro lugar e de maneira diferente. Essa continuidade não é apenas a ordem de nascimentos no interior da mesma espécie, mas também o elo entre todas as formas de vida. Segundo Darwin, todas as espécies são a metamorfose de uma espécie precedente: todas as espécies são uma só e mesma vida que se transmite há séculos, de espécie em espécie, de reino em reino, e continuará a fazê-lo para sempre. Cada um de nós é a vida de outros: é isso a metamorfose. Eu sou a vida de minha mãe catapultada para fora de seu corpo e obrigada a viver de modo diferente dela. Mas também sou a vida dos primatas catapultada para fora de sua espécie, sou a vida de um vírus que está em mim e em breve serei a dos vegetais que se alimentarão de meu corpo...

Essa continuidade da vida põe em causa a ideia de nascimento como começo...

O nascimento é percebido como um começo absoluto e como um processo individual, mas é uma passagem que leva uma mesma vida de uma forma a outra, de uma espécie a outra. A vida que somos e que expressamos existia antes de nós, era a vida de nossos pais e aquela de nossos avós, em uma passagem contínua que chega até o início da vida no planeta. É nesta passagem que o indivíduo, a espécie e a Terra comunicam-se e metamorfoseiam-se. É por isso que não há nada mais universal que o nascimento: um carvalho, um fungo, um gato, uma bactéria são todos seres definidos pelo nascimento. Toda criança é um corpo que impôs uma metamorfose à sua matéria original, todo ser nasce em um corpo outro: nascer é não poder separar sua própria história daquela do mundo. O nascimento é nesse sentido um processo de migração da vida, deixando migrar em nós um eu, um sopro vindo d’alhures para outros destinos. Todo parto é uma continuação da tectônica de placas[2].

Apesar disso, o nascimento é um tabu. Nossa cultura é dominada por homens, que não tiveram a oportunidade de gerar a vida. É sem dúvida por isso que somos obcecados pela morte, ao passo que existe poucas obras, pouca literatura sobre o nascimento, que permanece um mistério.

Então a morte não pode ser pensada como o oposto da vida?

A morte é um casulo que permite as passagens da vida de uma espécie a outra. Ela abre os corpos definidos por uma vida humana às outras formas de vida, no sentido de que esse corpo, infelizmente – ou felizmente – tornar-se-á a refeição de vermes, de bactérias, de fungos e de que essa vida se transformará em outros corpos.

A vida seria a mesma no corpo de um homem, um verme ou uma flor? É estonteante!

Mas também é libertador. Aconteça o que acontecer, ela continuará, com ou sem mim, e apesar de meus fracassos. Não se trata apenas de mim, é a vida passada e futura que me atravessa como uma força telúrica. A mim, isso me acalma bastante.

O ato de comer é, segundo você, crucial na metamorfose da vida. Em que medida isso é uma manifestação da universalidade?

A experiência mais regozijante da alimentação é esta: vivemos a mesma vida que o ser que nos alimenta. Esse vínculo de parentesco entre todos os seres vivos está na base da ecologia no século XVIII. A princípio isso causou um grande escândalo, porque implicava a ideia de uma guerra de todos contra todos. Uma maneira de neutralizar essa guerra foi a tradução termodinâmica do fenômeno: comer como uma troca de energia. Mas essa metáfora não diz que comemos apenas o que vive, que não podemos comer o que não vive. A cada vez que comemos, contemplamos a identidade absoluta da vida do comensal e do que se come. Isso não quer dizer apenas que há algo vivo no tomate, mas que há um tomate em mim e, portanto, que o espaço de compartilhamento não é apenas energético, mas também metafísico. O ato de comer é um ato de multiplicação do vivente e de partilha integral da vida. Um ser desaparece, mas não desaparece verdadeiramente, porque permite que uma vida continue seu curso.

Existe uma forte crítica ao veganismo e à causa animal?

O antiespecismo é válido no sentido de que não há espécies, qualquer espécie é uma colcha de retalhos, uma mistura de outras espécies. Portanto, não se pode considerar que o humano seja mais digno do que os outros, porque a humanidade não existe, é apenas um Frankenstein de outros viventes. É um estado de agregação temporária de uma vida que é a mesma para todos. O humano tem, portanto, o direito de comer tudo, como um vírus tem o direito de destruir tudo. Querendo ultrapassar o antropocentrismo, alguns estenderam os direitos concedidos aos humanos a todos os animais. Mas a questão animal é um problema “humano, demasiado humano”. Criminalizamos um ato, comer, que é a fonte da vida. Os animalistas têm no fundo uma concepção pequeno-burguesa e hiperliberal da vida. Todos devem permanecer com o que lhes diz respeito e não tocar os outros. Uma visão que se baseia na ideia de propriedade da vida e em uma identidade estrita e definida, que é o oposto da ideia de metamorfose que defendo.

Se nossa vida, como você escreveu, não tem “nada de individual nem de exclusivo”, como trilhar nosso caminho, e que filosofia criar sem a noção do “eu”?

Dizer que a vida não é pessoal não significa dizer que não existe um eu. A vida é necessariamente singular para cada um de nós. Mas o fundamento desse eu não é limitado, a fonte e a forma desse eu não coincidem. O eu é apenas um veículo, algo que transporta sempre outra coisa além dele. Tomemos um exemplo concreto: cada um de nós é filho ou filha de alguém. Eu sou a carne de minha mãe. Eu sou a minha mãe, literalmente, reduplicada e forçada a viver fora do corpo de minha mãe, de forma diferente dela. É essa diferença que faz a individualidade, a singularidade. Isso talvez também explique por que a vida é tão difícil, por que vivemos tão inabilmente: fui programado para viver a vida de minha mãe e não outra. Esse singular nasceu de um acidente. Deve-se estender essas reflexões à nossa humanidade: o que chamamos de espécies é esse conjunto de acidentes que permitem distinguir esses gêmeos siameses que são os homens e os primatas, os vírus e os fungos ... Nós distanciamo-nos, traçamos linhas diferentes, mas somos a mesma vida.

“Nossa casa está em chamas”, dizemos frequentemente para alertar acerca da mudança climática. Mas, de acordo com você, a casa não é uma imagem eficaz para falar dessa vida em comunidade. Por quê?

É mesmo uma imagem perigosa! A ecologia repousa sobre uma base patriarcal de que se deve doravante afastar-se. Pensar a casa como uma ordem ideal e absoluta não tem nada de muito belo. A casa certamente abriga uma coexistência pacífica entre os indivíduos – e ainda assim, nem sempre –, mas ela é, por definição, sobretudo um instrumento de exclusão: eu estou em minha casa e os outros estão fora dela. O próprio termo ecologia repousa sobre essa imagem[3].

Historicamente, o primeiro a querer pensar a totalidade das espécies vivas sobre a Terra foi Carl von Linné (1707-1778), quando se acreditava que as espécies eram fixas. De fato, em um universo fixista, em que não se estabelece qualquer relação de parentesco entre as espécies, o único ponto de vista possível para abarcar a totalidade do vivente é Deus. Não podemos culpar os naturalistas da época, eles não poderiam formular de outro modo: a concepção de Deus como o pai de todos, levou-os a conceber o mundo como a casa onde esse pai governa, reina. É um imaginário literalmente patriarcal: a casa é um espaço em que cada um tem a sua função, um lugar determinado. A ecologia é a ciência que pensa os seres vivos eternamente designados para o lar. Na realidade, entretanto, mudamos de casa sem cessar, ocupando a vida e os corpos de outros, é por isso que devemos excluir a palavra ecologia em prol do imaginário da cidade. Precisamos agora de um Ibsen[4] da ecologia que denuncie os horrores da família e da vida doméstica!

Notas

[1] Esta obra foi traduzida para o português por Fernando Scheibe e publicada pela editora Cultura e Barbárie em 2018. [N. dos T.]

[2] A tectônica de placas é a teoria segundo a qual a litosfera – camada exterior sólida da superfície da Terra –, é formada por placas rígidas flutuantes que se deslocam continuamente sobre a astenosfera – camada frágil da parte superior do manto terrestre, localizada logo abaixo da litosfera. [N. dos T.]

[3] Este termo foi cunhado em 1866 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel a partir do grego oikos, “casa”, e logos, “ciência”. [N. do E.]

[4] Referência ao dramaturgo norueguês Henrik Johan Ibsen (1828-1906), um dos idealizadores do teatro realista moderno, cuja obra problematizava o modelo teatral da época, fortemente determinado pela vida familiar e pela propriedade. [N. dos T.]

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