26 Mai 2020
A Arquidiocese de Salzburgo, na Áustria, publicou um novo livro que explora as bênçãos de uniões entre pessoas do mesmo sexo, um passo importante para o reconhecimento formal dos relacionamentos LGBTQ+ em um país onde a igualdade no casamento foi instituída em 2019.
A reportagem é de Catherine Buck, publicada em New Ways Ministry, 25-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Intitulado “A bênção de parcerias do mesmo sexo”, o livro foi resenhado pela revista The Tablet e inclui citações de uma entrevista que o liturgista Ewald Volgger concedeu ao jornal KirchenZeitung, da Diocese de Linz.
Volgger compartilhou que havia sido convidado pelo arcebispo Franz Lackner para explorar a “questão de uma bênção oficial” para casais de lésbicas e gays. Embora não chegue a definir esses relacionamentos como casamento, o texto encontra fortes bases para lhes conceder uma bênção formal. A área atual que está sendo explorada, uma bênção, é assim descrita na The Tablet: “Não um sacramento e, portanto, não no mesmo nível que o Sacramento do Matrimônio, mas como um ato oficial de bênção”.
A publicação desse livro, observou Volgger, ocorre enquanto um número crescente de católicos está abraçando a inclusão LGBTQ+ na Igreja. Para que a bênção delineada no texto seja declarada liturgia oficial, seria necessária uma emenda à discussão do Catecismo sobre homossexualidade, que ainda contém a expressão “distúrbio intrínseco”. Diz Volgger: “Uma liturgia oficial deve se basear na doutrina da Igreja”.
O texto, em coautoria com o teólogo Florian Wegscheider, também discute as perspectivas éticas e bíblicas sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, assim como um exame de como a igualdade no casamento se desenvolveu na Áustria.
Embora Volgger não tenha certeza sobre um cronograma para quando uma bênção dessas possa ser instituída, ele desejou que isso ocorra “o mais rápido possível”. O site Novena News informou que Volgger observou que a teologia está atrasada no que diz respeito ao acompanhamento pastoral que os padres fornecem a casais do mesmo sexo há anos.
Volgger também compartilhou com o KirchenZeitung que o arcebispo Lackner não está sozinho no seu desejo de uma Igreja mais inclusiva. Ele diz que “um número significativo de bispos deseja ver uma mudança de pensamento em relação à avaliação das parcerias entre pessoas do mesmo sexo no ensino da Igreja sobre a moral sexual”.
A Igreja de língua alemã particularmente tem se posicionado a esse respeito. Em 2020, o novo presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, Dom Georg Bätzing, disse que a Igreja deve encontrar uma forma de reconhecer os casais do mesmo sexo.
O cardeal Reinhard Marx, de Munique e Freising, conselheiro próximo do Papa Francisco, fez comentários semelhantes. No ano passado, Dom Dieter Geerlings, bispo auxiliar emérito da Diocese de Münster, reafirmou seu antigo apoio a essas bênçãos com base na “responsabilidade mútua” que os parceiros demonstram um ao outro, que é “valiosa e louvável, mesmo que esse vínculo não esteja em total acordo com a Igreja”. Dom Felix Gmür, bispo da Basileia, na Suíça, disse que a Igreja precisa encontrar uma maneira significativa de envolver esses casais.
Na Áustria, uma onda pública vem se voltando significativamente a favor de abençoar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, e Volgger diz que “uma nova abordagem não está apenas aberta à discussão, mas também pode ser demandada”. Esse desenvolvimento mostra o grande impacto que a opinião pública e a influência dos leigos podem ter na modelagem da Igreja.
Esperamos que o apelo a uma bênção oficial continue, e que isso abra caminho em breve para a igualdade no casamento sacramental.
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Arquidiocese de Salzburgo publica livro sobre bênçãos da Igreja a casais do mesmo sexo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU