25 Mai 2020
Chiesa e omosessualità.
Un’inchiesta alla luce del magistero di papa Francesco
Publicamos alguns trechos do prefácio-entrevista do cardeal Matteo Maria Zuppi, arcebispo de Bolonha, para o livro de Luciano Moia, "Chiesa e omosessualità. Un’inchiesta alla luce del magistero di papa Francesco” (Igreja e homossexualidade. Uma investigação à luz do magistério do Papa Francisco, em tradução livre, San Paolo), agora nas livrarias.
O texto é de Matteo Maria Zuppi e Luciano Moia, publicado por Avvenire, 23-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em Amoris laetitia, o Papa Francisco reitera a necessidade de acompanhar as pessoas homossexuais "para realizar plenamente a vontade de Deus em suas vidas". Um convite um tanto desconsiderado em nossa comunidade. Como podemos mudar de direção?
O Papa Francisco em Amoris laetitia e, posteriormente, o Sínodo dos Jovens no Documento final, síntese muito equilibrada e exigente, convidam os sacerdotes e todos aqueles que seguem pastoralmente as pessoas a acompanhar todos para conhecer e realizar plenamente a vontade de Deus em suas vidas. Se lermos toda a Exortação, e em particular o cap. 8, entendemos que esse convite é para todos, não apenas para as pessoas homossexuais. O Papa, e a Igreja com ele, não estão interessados em levar as pessoas a observar regras externas, por melhores e oportunas que sejam. Seu interesse é ajudar as pessoas a fazer a vontade de Deus; isto é, entrar em relação pessoal com Deus e, dele ouvir a Palavra apropriada para a vida de cada um. De fato, cada pessoa será capaz de realizar essa Palavra de Deus - única para todos - na plenitude que lhe é própria; aquela plenitude possível inscrita na própria natureza e sobretudo na própria história. De fato, a de Deus é uma vontade encarnada na história da pessoa, é a vontade Dele que realiza a nossa. Portanto, não devemos relativizar a lei, mas torná-la relativa à pessoa concreta, com suas especificidades. A plenitude da vontade de Deus para uma pessoa não é a mesma para outras.
O que realmente é desconsiderado pelas nossas comunidades, afinal, é a profunda escuta da pessoa em suas situações de vida; não olhamos para a pessoa como Deus a olha, de uma maneira única, e por isso não somos capazes de acompanhar as pessoas a encontrar a própria e original plenitude de relação com Ele. Quando em nossas comunidades, realmente começamos a olhar as pessoas como Deus as olha, então também as pessoas homossexuais - e todos os outros - começarão a se sentir, naturalmente, parte da comunidade eclesial, em caminho.
É mais oportuno uma "pastoral específica", com o risco de colocar em guetos ainda mais pessoas que já permaneceram por muito tempo na soleira, ou uma tentativa de integração plena nas propostas ordinárias, com todos os riscos relativos?
Não, não há necessidade de uma pastoral específica. É necessário um olhar específico sobre as pessoas; sobre cada pessoa antes das categorias. Devemos tomar cuidado para não definir as pessoas com base em suas características - por mais profundamente ligadas à sua identidade -, mas devemos olhar para a pessoa como tal; e, como cristãos, devemos olhá-la como filha de Deus, com todos os direitos, ou seja, receber, sentir e viver o amor de Deus como qualquer outro filho de Deus. A pastoral deve fazer isso e somente isso. A pastoral da comunidade cristã deve ser única e unitária; deve ajudar as pessoas a viver como filhos de Deus em uma única família em que cada uma é semelhante, mas diferente; onde a diversidade de cada um é um dom para a riqueza da comunidade, onde se vive a verdadeira vocação da nossa vida que é sermos deles, santos. Quais são os riscos de uma integração de todos - incluindo pessoas homossexuais - na pastoral ordinária? Eles são talvez maiores do que os riscos que uma família corre ao tentar integrar criativamente as diferenças particulares (às vezes muito "particulares") de cada filho? A vida da comunidade e da família é dinâmica, muitas vezes cheia de conflitos; mas como pode ser exercida a caridade, o amor de Deus, se também não for colocada à prova pelos conflitos?
Acolher, discernir, integrar. Isso também deve valer para casais homossexuais que buscam sinceramente a Deus. Mas alguns salientaram que o acolhimento e a integração não são possíveis sem se distanciar daquele estilo de vida. O que dizer sobre isso? É possível, ao mesmo tempo, acolher e não discriminar, isto é, acolher a pessoa, mas não sua orientação?
Atenção: a doutrina da Igreja distingue entre orientação e atos; o que não podemos "acolher" é o pecado expresso por um ato. A orientação sexual - que ninguém "escolhe" - não é necessariamente um ato. Além disso, não pode ser separada da identidade da pessoa; acolhendo a pessoa, não podemos ignorar sua orientação. Mas mesmo que uma pessoa tenha um estilo de vida contrário à lei de Deus, não deveríamos acolhê-la? O que significa acolher? Por acaso significa justificar? Se Jesus tivesse esse critério, antes de entrar na casa de Zaqueu, ele teria exigido sua conversão. Antes de acompanhar a mulher samaritana à adoração a Deus em Espírito e Verdade, ele teria pedido que ela regularizasse sua situação matrimonial ... Jesus se comportou assim?
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Os homossexuais? A diversidade é a riqueza. Entrevista com cardeal Matteo Zuppi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU