11 Mai 2020
Sete anos se passaram desde 22 de abril de 2013, quando foram sequestrados por "desconhecidos" os dois metropolitas de Aleppo, Mor Gregorios Youanna Ibrahim, (sírio-ortodoxo) e Boulois Yazigi (grego-ortodoxo). Eles estavam viajando como parte de uma missão humanitária e estavam na fronteira sírio-turca Bab Al-Hawa na rota de Aleppo. Desde então, nada se sabe sobre seu destino.
A reportagem é de Antonio Dall'Osto, publicada por Settimana News, 09-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 22 de abril, dois patriarcas, o sírio-ortodoxo de Antioquia, Mor Ignatius Aphrem II e Youanna X (grego-ortodoxo) publicaram uma declaração conjunta na qual lembram que, apesar de "milhares de buscas" por informações, todas as tentativas permaneceram sem resposta. Nos 2.557 dias passados ao fechar sete anos, os dois patriarcas escrevem: "Batemos às portas locais, regionais e internacionais, às de governos, organizações e personalidades influentes, pedindo-lhes para cuidar do caso". O empenho deles acendeu uma "luz de esperança" - eles dizem - enquanto o silêncio da comunidade internacional tornou vã qualquer tentativa de encontrar uma solução.
Em sua declaração, convidam as pessoas a orar pelos dois metropolitas sequestrados, "mas também por todas as pessoas sequestradas, desaparecidas e todos aqueles que se encontram em situações dramáticas, mas que, olhando para a cruz de Cristo, encontraram consolo". Eles lembram que a vida humana no Oriente Médio não tem menos valor do que a de outras regiões. A pandemia de coronavírus mostra que todos os seres humanos "em qualquer circunstância, independentemente de sua diversidade de origem, religião e nacionalidade, estão no mesmo barco. E é hora dos políticos, que influíram no andamento das coisas, reconhecerem que todas as criaturas humanas compartilham a mesma dignidade, independentemente do país, língua, cultura e religião". É um reconhecimento amargo a digerir, mas a pandemia mostrou claramente que todos os seres humanos "em todo o mundo compartilham uma comum existência e uma fraternidade humana".
Referindo-se, então, ao seu papel no Oriente, os dois patriarcas continuam afirmando que a lógica das oposições entre minoria e maioria não tem sentido, em seu lugar deveria se substituir a lógica do encontro, do diálogo e do papel pioneiro dos cristãos: “Nós - ressaltam - não somos uma carta que todos possam jogar. Somos uma ponte de comunicação e de encontro entre leste e oeste, entre cristianismo e outras religiões".
Voltando aos dois metropolitas sequestrados, o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas, o teólogo romeno-ortodoxo prof. Ioan Sauca, garantiu solidariedade com todos aqueles que rezam pelo retorno dos dois bispos sequestrados: "Estamos em comunhão de oração - declarou ele -, somos solidários com suas famílias e participamos de sua dor e desespero".
Também a Sociedade para os Povos Ameaçados, com sede em Göttingen, em 22 de abril, lembrando os dois metropolitas sequestrados, disse que, mesmo após sete anos de espera, há sempre a esperança de seu retorno. Não se deve perder a esperança, disse a Sociedade de Göttingen, que em 2014 tinha proposto com sucesso conceder o Prêmio de Weimar para os Direitos Humanos aos dois metropolitas sequestrados.
As notícias sobre eles continuam confusas. Por exemplo, em janeiro passado, Mansur Salib, de origem síria, mas residente nos Estados Unidos, disse em um relatório que, em dezembro de 2016, os dois bispos teriam sido mortos por militantes do grupo jihadista "Nur-ed-din al Zengi" (nome de um líder muçulmano de Mosul). Mas, os dois patriarcas atuais de Antioquia, referindo-se ao relatório de Salib, escreveram que desde 2013 - e de maneira mais acentuada nos últimos meses de 2019 - "informações falsas e enganosas" foram disseminadas sobre o destino dos dois metropolitas sequestrados. Portanto, os patriarcas não deixarão de revirar todas as pedras para procurar o local onde estão e o destino dos metropolitas. Eles literalmente afirmam: “Não podemos nem confirmar nem desmentir as notícias sobre os dois metropolitas. Recebemos informações semelhantes todos os dias".
Finalmente, na declaração de 22 de abril, eles lembram que os cristãos orientais, "juntamente com outros grupos da região", com suas vidas e seus destinos pagam o preço do terrorismo e da violência na forma de "expulsões, sequestros, assassinados e dificuldades de todos os tipos. Apesar disso, eles permaneceram fiéis a Cristo que, há 2000 anos, os chamou para espalhar ‘a alegria de seu Evangelho’ na região do Oriente Médio".
No mesmo ano, no final do mês de julho, foi sequestrado Paolo Dal'Oglio, jesuíta, na Síria. Até hoje, não se tem informações sobre ele.
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Sete anos após o sequestro dos dois metropolitas de Aleppo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU