17 Janeiro 2020
O Papa Francisco concluiu o seu texto altamente aguardado em resposta que dará à assembleia dos bispos realizada no Vaticano em 2019 sobre a Amazônia, documento que pode permitir a ordenação de homens casados ao sacerdócio católico na região composta por nove países. É o que pode confirmar o National Catholic Reporter.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 16-01-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Esta semana os bispos católicos do mundo inteiro estão recebendo uma carta do Vaticano, informando-os que o documento – que também deve lamentar a destruição ambiental devastadora na região amazônica e que pode trazer novos ministérios às mulheres na Igreja – está prestes a ser publicado.
“Atualmente, o esboço está sendo revisado e corrigido e, então, precisará ser traduzido”, diz a carta, assinada pelo cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, e que foi obtida pelo National Catholic Reporter.
“O Papa Francisco espera promulgá-lo até o final deste mês ou no começo de fevereiro”, escreve Hummes, prelado que foi o principal organizador do Sínodo dos Bispos do ano passado.
A resposta de Francisco à assembleia realizada entre os dias 6 e 27 de outubro em Roma está entre os documentos mais aguardados deste papado de quase sete anos. Espera-se que o texto aborde um pedido feito por 185 padres sinodais para que os bispos da região amazônica tenham a autorização para ordenar ao sacerdócio os diáconos casados, a fim de satisfazer as necessidades sacramentais na região, que é vasta e de difícil locomoção.
O texto ainda não publicado recebeu uma atenção renovada esta semana, com a notícia de que o Papa Emérito Bento XVI teria colaborado na escrita de um livro que defende a prática do celibato clerical adotado pela Igreja.
Esta intervenção de Bento fez surgir o receio entre os teólogos de que o ex-papa estaria tentando atar as mãos de Francisco, efetivamente impedindo o papa reinante de aprovar o pedido sinodal.
Desde então, o secretário pessoal de Bento XVI, Dom Georg Gänswein, tem declarado que o ex-pontífice, hoje com 92 anos e com sua saúde fragilizada, não se colocou como coautor do volume, pedindo que seu nome fosse retirado do livro.
A carta de Hummes data de 13 de janeiro, um dia após a notícia do livro de Bento ter aparecido.
O cardeal parece reconhecer a atmosfera singular em torno do documento a ser publicado por Francisco, dando a entender aos bispos que eles podem querer começar a organizar coletivas de imprensa para apoiar a divulgação do texto.
Hummes conta aos prelados do mundo que eles deverão receber o documento por email “quando se aproximar o dia da promulgação”.
O cardeal também passa aos bispos links para seis fontes que podem ser consultadas na medida em que eles se prepararem para o lançamento do documento. Estes incluem o documento final do Sínodo dos Bispos, o discurso final de Francisco à assembleia e a encíclica ambiental de 2015 “Laudato Si’ – Sobre o cuidado da casa comum”.
“Unimo-nos em sincera oração ao Pai Nosso de todas as misericórdias para que abençoe o Papa Francisco e todos os bispos na promulgação da Exortação, e para que disponha o Povo de Deus na Amazônia e em todo o mundo a recebê-la com fé e esperança, com inteligência e efetividade”, conclui Hummes.
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Francisco conclui o texto sobre o Sínodo amazônico; publicação deve sair em poucas semanas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU