04 Dezembro 2019
Se acende o círio sinodal no primeiro domingo do advento. Este é o sinal com o qual a Igreja alemã iniciou o chamado caminho sinodal, na catedral de Munique, em uma celebração presidida pelo cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal Alemã. Acompanhado por Karin Kortmann, vice-presidente do Comitê Central de Católicos Alemães (ZdK), uma entidade que assumirá o peso de coordenar essa rota sinodal.
A reportagem é publicada por Vida Nueva, 03-12-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“As expectativas dos fiéis de obter resultados substanciais são altas, mas também existe uma grande preocupação com o fracasso”, disse Marx durante uma homilia, na qual lembrou aos católicos alemães que “só podemos tornar o evangelho visível se nós mesmos somos testemunhas críveis, testemunhas da alegria, testemunhas da esperança”.
Proclamar a alegria
O cardeal encorajou os participantes do Sínodo a entrar na dinâmica da conversão e das reformas: “Precisamos eliminar os obstáculos que incomodam e observar o que nos impede de proclamar essa grande alegria e testemunhar credibilidade”. Obviamente, ciente de que nesta peregrinação haverá posições diferentes, ele apelou ao diálogo e escutou: “Espero que tenha sucesso. Haverá debate e conflitos, estarão por toda parte”.
Dessa forma, as medidas são tomadas em uma iniciativa que durará dois anos. Nele, todos os participantes da Assembleia do Sínodo terão voz e voto em igualdade de condições, sejam bispos, padres, religiosos e leigos, homens ou mulheres. A partir disso, todas as iniciativas aprovadas por maioria de dois terços prosseguirão.
Diferenças manifestadas
Entre os temas que se colocarão sobre a mesa e que já propiciaram um choque direto com o prefeito para a Congregação dos Bispos, Marc Ouellet, resultando na intervenção através de uma carta aos católicos alemães, se encontram: o poder do clero, a ministerialidade da mulher e a moral sexual da Igreja.
Nessa mesma linha do encontro, Marx se manifestou através de uma vídeo-mensagem na qual solicitou tanto os católicos como os cidadãos alemães que “participem e tenham curiosidade pelo que está fazendo a Igreja”. “Estamos abertos a qualquer pergunta e a qualquer crítica”, afirmou o presidente dos bispos alemães na mensagem.
A crise dos abusos
Esse começo de caminho sinodal veio marcado novamente pela sombra da pedofilia, com novos casos que estouraram em diferentes dioceses alemãs. “A mensagem do Evangelho foi obscurecida e inclusive agredida de forma terrível. Estamos pensando em particular sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes. Temos que tirar conclusões e assegurarmos de que a Igreja seja um lugar seguro. Juntos queremos encontrar a melhor maneira de servir ao povo, ao mundo e a Deus como Igreja nos dias de hoje”, apontava Marx em uma carta prévia à cerimônia, assinada junto ao presidente do Comitê Central de Católicos Alemães, Thomas Sternberg. E justamente o escândalo dos abusos foi o que levou os bispos alemães a convocar este Sínodo.
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Começa o Sínodo da Igreja alemã: “Haverá debate e conflitos, estão por todas as partes” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU