Sínodo alemão, problemas para Roma

Papa Francisco e o cardeal Reinhard Marx / Foto: Vatican News

Mais Lidos

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

03 Dezembro 2019

Reformas radicais de pontos decisivos das estruturas eclesiais estão em pauta no "Synodaler Weg", o caminho sinodal que, lançado no último domingo pela Igreja Católica Alemã durará pelo menos dois anos, chegando a conclusões talvez perturbadoras para toda a Igreja Católica. O presidente da Conferência Episcopal Alemã (DBK), o cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Mônaco, e o Dr. Thomas Sternberg, presidente do Comitê Central de Católicos Alemães (ZdK), com uma carta conjunta abriram a Assembleia em Munique, mas, na prática, começará a tomar decisões em 30 de janeiro, para continuar, em períodos separados, até 2021.

A reportagem é de Luigi Sandri, publicada por L'Adige, 02-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

São quatro os "fóruns" previstos:

1) Poder, participação, divisão de poderes dentro da Igreja;

2) Moral sexual;

3) Estilo de vida sacerdotal;

4) Mulheres nos serviços e ministérios da Igreja.

De acordo com os documentos preparatórios e com os comentários teológicos mais insistentes dos últimos meses, o primeiro "fórum" contesta o clericalismo imperante, que exclui os leigos do voto em questões decisivas; o segundo, em contraste com os ensinamentos oficiais do Vaticano, dá "luz verde" à contracepção e às uniões homossexuais; o terceiro coloca em pauta o celibato opcional para os presbíteros; o quarto propõe a ordenação de mulheres diáconos e, em perspectiva, sacerdotes.

Cada participante do Sínodo - eclesiástico ou laico/a - tem direito a voto; mas o resultado da votação será "vinculante"? Nesse sentido, surgiu nos últimos meses uma tensão entre Marx e a Cúria Romana, onde dois altos dirigentes responsáveis, um pelas normas canônicas (monsenhor Iannone) e o outro das Conferências Episcopais (cardeal Ouellet) escreveram ao cardeal alemão que o "Synodaler Weg" não poderá deliberar sobre temas - como os mencionadas - que vão além de uma Igreja nacional e afetam a Igreja universal.

Francisco, por sua vez, escreveu uma carta em 29 de junho "Ao povo de Deus peregrino na Alemanha", na qual elogia a iniciativa alemã, mas, ao mesmo tempo, lança seu forte convite aos católicos alemães para que permaneçam na linha comum a toda a Igreja Católica. Por outro lado, na mesma Dbk há uma minoria de bispos que se opõem a quase todas as "aberturas" e "novidades" que Marx esperaria aprovar pelo Sínodo. Em particular, o cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Colônia, discorda dele. E, no entanto, contestando o "atraso" da Igreja, e os muitos casos de pedofilia do clero que finalmente vieram à luz depois de anos de "silêncio", em 2018, 200 mil católicos a abandonaram.

Juntamente com aquela dos Estados Unidos, a Igreja alemã se destaca em apoiar financeiramente a Santa Sé. Portanto, se o Sínodo pedir os ministérios femininos, não admitirá, então - como foi feito em outubro, em Roma, com o Sínodo da Amazônia - que a decisão seja remetida a uma instância posterior, talvez uma comissão papal. A terra natal de Lutero não sonha mais com novos cismas; no entanto, nem sequer aceita adiamentos contínuos da solução de problemas profundamente sentidos do outro lado dos Alpes.

Leia mais