13 Março 2019
Ronnie confirmou que havia sido avisado [da operação e da prisão]”, afirmou a promotora do Gaeco/MPRJ (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Letícia Emile, na tarde desta terça-feira, em coletiva de imprensa que apresentou detalhes da denúncia contra Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, os dois acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes. Eles atuaram como atirador e motorista no crime, respectivamente. O nome de Ronnie, segundo a promotoria, apareceu em meados de outubro do ano passado a partir do trabalho dos setores de inteligência. A equipe do MP envolvida no caso afirmou que o crime pode ou não ter mandante e afirmou que isso é um tema para a segunda fase da investigação.
A reportagem é publicada por El País, 12-03-2019.
“O Ronnie tinha um perfil bastante reativo a pessoas que lutavam pelas minorias. Isso ficou suficientemente comprovado a ponto de o Ministério Público apontar em sua denúncia essa motivação”, afirmou a promotora que coordena os trabalhos do caso, Simone Sibilio, que também destacou a relação de amizade dos dois ex-PMs. “Eram amigos e tinham sido do Batalhão de Choque da PMERJ. Durante o Carnaval, eles estavam em uma casa alugada em Angra dos Reis andando de jetski”, declarou.
De acordo com a denúncia, o homicídio tem as seguintes qualificadoras: “motivo torpe, interligado a abjeta repulsa e reação à atuação política de Marielle na defesa de suas causas”, ter sido praticado mediante emboscada e sem chance de defesa da vítima. Além desses elementos, a promotoria destaca que a morte de Anderson Gomes e a tentativa de matar a assessora da vereadora configuram “queima de arquivo”. Além de serem denunciados por homicídio qualificado (art. 121), Ronnie e Élcio também vão responder por receptação (art. 180) referente ao veículo Cobalt prata, que tinha a placa clonada e foi usado no dia do crime. “Hoje não é dia de sorrir, mas de refletir”, afirmou Simone.
“O crime foi muito bem pensado e planejado de forma a dificultar as investigações”, afirmou a promotora Letícia Emile, que destacou, assim como mais cedo informou o delegado titular da DH, Giniton Lages, que o trabalho entra em uma segunda fase e vai continuar. Com relação a ligação dos dois acusados com atividades de milícias, a promotora Letícia Emile é cuidadosa. “Não há como saber com certeza se o Ronnie participava de milícia. Mas há indícios de que ele participava de alguma atividade paramilitar, mas que não é em Rio das Pedras”, afirmou, em referência ao reduto clássico de milicianos na zona oeste do Rio. A promotora destacou, no entanto, que Ronnie Lessa, conhecido mais pelo sobrenome, tinha uma academia na região.
Texto originalmente publicado no site da Ponte Jornalismo.
Leia mais
- Prisão de suspeitos de matar Marielle eleva pressão para rastrear mandantes
- Conclusão de caso Marielle testa Moro no Ministério da Justiça
- Caso Marielle, uma investigação radioativa para os Bolsonaro
- “Mais importante que prender mercenários é saber quem mandou matar Marielle”, diz viúva da vereadora
- Suspeito de matar Marielle tinha ódio da esquerda, diz delegado
- Caso Marielle Franco: enquanto não souber quem mandou matar, o medo não passa, diz ex-chefe de gabinete da vereadora
- PM e ex-PM suspeitos de matar Marielle Franco são presos no Rio de Janeiro
- O assassinato de Marielle e o fracasso das políticas de segurança. Entrevista especial com Rachel Barros
- Marielle e os dois pilares do poder e do capitalismo: o patriarcado e o aparato do Estado penal racista. Entrevista especial com Alana Moraes e José Cláudio Alves
- Por que foi morta Marielle Franco?
- "Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês". Veja a letra do samba-enredo da Mangueira
- Violência contra mulheres quilombolas e assassinato de Marielle Franco são tratados em evento da ONU
- “A fé no amor!”: o testemunho de Mônica Benício sobre Marielle Franco
- Marielle assombra Flávio Bolsonaro mais morta do que viva
- O elo entre Flávio Bolsonaro e a milícia investigada pela morte de Marielle
- Polícia cumpre mandados relacionados à morte de Marielle Franco
- Justiça proíbe TV Globo de divulgar inquérito sobre morte de Marielle
- Roger Waters, Marielle Franco, e o poder da inspiração frente às trevas e ao perigo
- “Quando dizem que Marielle virou semente, é muito real”
- Marielle, Bolsonaro e a importância do repúdio à violência na política
- Os homens do estado implicados no assassinato de Marielle Franco, informa o jornal do Vaticano
- Mãe de Marielle Franco se encontra com o Papa Francisco
- Anistia critica "ineficácia" de autoridades no caso Marielle
- Anistia quer comissão independente para investigar execução de Marielle
- ‘Efeito Marielle’: mulheres negras entram na política por legado da vereadora
- Marielle e o futuro dos feminismos
- Escutas indicam proximidade entre milicianos e vereador investigado por morte de Marielle
- Marcello Siciliano, de filantropo a vereador acusado de mandar matar Marielle Franco
- Como combate a mentiras sobre Marielle superou racha ideológico e pode antecipar guerra eleitoral nas redes
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Acusado de matar Marielle foi avisado de que seria preso, diz promotora - Instituto Humanitas Unisinos - IHU