Hoje, faz um mês do crime da mineração em Brumadinho. Foram confirmadas 179 mortes. Mas ainda restam 131 desaparecidos na lama espalhada pelo rompimento da barragem de rejeitos da Vale. A Folha conta como alguns familiares tem lidado com a situação. “Todas as famílias merecem fechar esse ciclo. Fico pensando no que uma tragédia dessas faz com a gente. Antes, eu queria ela viva de qualquer jeito. Agora, a gente só quer enterrar o pedaço que for”, desabafa Natália de Oliveira, que perdeu a irmã Lecilda que trabalhava na mineradora há 30 anos.
A informação é publicada por Outra Saúde, 25-02-2019.
Uma especialista, a psicóloga Maria Helena Franco, afirma que as pessoas estão sofrendo um “luto ambíguo”, em que a ambiguidade da situação dificulta que se retome a vida. “Os rituais são importantes porque eles marcam a realidade. Eles organizam a pessoa e dão concretude. Não havendo um corpo, o ritual conhecido, habitual, fica tudo em suspenso”, diz.
Já a BBC Brasil, que também abordou o sofrimento das famílias dos desaparecidos, caracteriza sua situação como "limbo jurídico", na medida em que sem certidão de óbito, não é possível dar entrada em processos de pensão, seguro de vida, etc.
Em entrevista ao Deutsche Welle, o prefeito de Brumadinho Avimar de Melo Barcelos (PV) afirmou que a cidade está "um pouco" abandonada pelos governos estadual e federal. A quantidade de bombeiros nas buscas diminuiu. "Isso está prejudicando muito os familiares das vítimas. Tem muitas vítimas embaixo da lama, os bombeiros estão indo embora e as pessoas podem não ser encontradas", disse.
Ontem, um protesto reuniu centenas de pessoas na cidade. Moradores, ambientalistas e artistas se mobilizaram para que o crime não caia no esquecimento. Tarefa difícil, se levarmos em conta a fraquíssima cobertura da imprensa sobre um mês do rompimento.
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Brumadinho. Um mês depois - Instituto Humanitas Unisinos - IHU