04 Janeiro 2019
Neste tempo, no século XXI, existem muitos batizados mundo afora, tanta gente que não caberia no rio Jordão. Entretanto, poderíamos nos perguntar: em que medida o Sacramento do Batismo nos motiva, por um lado, a dissipar o mal e, por outro, a promover a paz?
A pergunta é de Carlos Rafael Pinto, mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE-BH) e graduado em Filosofia e Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF).
“O que esperar de 2019?” – pergunta que geralmente fazemos quando se aproximam os liames do crepúsculo de um ano e a aurora do seguinte... É difícil responder, tampouco prever como o novo ano vai se desenrolar. Não obstante, a Igreja estabelece as datas das memórias, festas e solenidades do calendário litúrgico, entre as quais a Festa do Batismo do Senhor.
Nessa celebração, escutamos a súplica do salmista: “Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!” (Sl 28). “Como precisamos de paz!”, suspiram os muitos corações. Nos quatros cantos, observamos insultos, agressões, violências, espancamentos, assassinatos...São marcas da maldade que insistem em vigorar no mundo.
Decerto seja oportuno, inclusive, indagar-nos: o que queremos promover entre nós, a paz ou a maldade? De imediato, essa pergunta pode parecer irrelevante e, quiçá, imbecil: quem de nós pensaria fazer o mal?... Mesmo que pensasse, responderia qualquer coisa, menos que seria capaz de fazer o mal a qualquer outra pessoa.
Na Festa do Batismo do Senhor, celebramos a morte para o pecado e a vida na graça do seio da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. É a celebração da esperança de que o céu, como presença de Deus, toca nossos corações... e abre nossos ouvidos, para escutar um sussurro: “Você é um dom, um dom especial!”.
Dessa maneira, poderemos ver de modo diferente aqueles com os quais nos encontrarmos, como foi a experiência do apóstolo Pedro, conforme ouvimos na segunda leitura (At10,34): “Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: ‘De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas’”.
“Deus não faz distinção entre as pessoas”, ouvimos inúmeras vezes esse trecho dos Atos dos Apóstolos e, certamente, precisaremos ouvir muitas vezes... Facilmente fazemos distinção e, pior ainda, a partir dela podemos promover a maldade, mediante insultos, agressões, violência, espancamentos e assassinatos, inclusive.
Também na Liturgia da Palavra, ouvimos o evangelho de Lucas (3, 15-16.21-22):
“Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: ‘Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo’. Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer’”.
Naquele tempo, João batizou Jesus nas águas do rio Jordão... Neste tempo, no século XXI, existem muitos batizados mundo afora, tanta gente que não caberia no rio Jordão. Entretanto, poderíamos nos perguntar: em que medida o Sacramento do Batismo nos motiva, por um lado, a dissipar o mal e, por outro, a promover a paz?
Do céu veio uma voz... e que, agora, chegue ao céu a nossa voz, não sem antes se alastrar na terra: basta de hipocrisia! Parem de insultos, agressões e, inclusive, assassinatos, em virtude de orientação sexual, cor da pele ou classe social! Chega de condenados às condições de escravos... Enfim, basta!
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Outro olhar: Festa do Batismo do Senhor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU