13 Setembro 2018
Ao pedido que chegou de várias partes logo após o caso do relatório do Grande Júri da Pensilvânia de um Sínodo extraordinário para abordar as questões relacionadas com a luta e a prevenção da pedofilia clerical, o Santo Padre, com o apoio do Conselho dos nove cardeais, ofereceu nessa quarta-feira, 12, uma resposta diferente, talvez mais pertinente e eficaz, a saber, um encontro no Vaticano dos 112 presidentes das Conferências Episcopais dos cinco continentes.
A reportagem é de Luis Badilla, publicada por Il Sismografo, 12-09-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A esses 112, deverão se somar outros presidentes de coordenações eclesiais regionais e sub-regionais (Celam, Amecea, Secam, CCEE etc.).
Obviamente, é muito cedo para falar sobre a modalidade e sobre o desenvolvimento do encontro, que será realizado entre a quinta-feira, 14, ao domingo, 21 de fevereiro de 2019. Ele certamente deverá durar três dias completos e deverá se encerrar com uma solene concelebração eucarística presidida pelo papa.
O número relativamente reduzido de participantes, se não forem acrescentados muitos especialistas de todos os tipos (que muitas vezes arruínam essas reuniões), deverá facilitar grandemente um resultado do mais alto nível, especialmente de natureza pastoral.
De fato, o desafio da pedofilia na Igreja é acima de tudo um desafio pastoral, do qual devem derivar, naturalmente, outras dimensões que, para serem eficazes e irreversíveis, devem ter as suas raízes bem plantadas, precisamente, na dimensão pastoral. Muitas questões ainda pendentes, tais como alguns aspectos disciplinares, processuais e normativos, deverão ser abordados a partir dessa perspectiva, a fim de garantir solidez, consistência e aplicabilidade, comprometendo em tudo as Conferências Episcopais, o bispo individual e a coordenação entre eles.
Isso significa que o encontro de fevereiro não deve ser transformado em um megacongresso espetacular e de grande atratividade midiática, em uma passarela para escutar palestras repetitivas e às vezes óbvias e banais. A pedofilia no clero já é uma realidade mais do que conhecida.
O desafio é outro: o que fazer e como fazer para que esse mal costume, “crime e pecado”, seja erradicado de uma vez por todas da vida da Igreja e, como sempre se disse com razão, o que fazer e como fazer para colocar as vítimas no centro.
O encontro também deverá servir para dar carne e corpo a uma ideia que já circula há algum tempo, que parece justa, mas nem sempre é compreensível: a participação dos leigos nesses compromissos, especialmente das mulheres.
Pode-se e deve-se chegar ao encontro caminhando por um caminho seguro, ou seja, a Carta do Papa Francisco ao Povo de Deus (20 de agosto de 2018), onde se lê:
“É impossível imaginar uma conversão do agir eclesial sem a participação ativa de todos os integrantes do povo de Deus. E mais, cada vez que tentamos suplantar, calar, ignorar, reduzir a pequenas elites o Povo de Deus, construímos comunidades, planos, ênfases teológicas, espiritualidades e estruturas sem raízes, sem memória, sem rosto, sem corpo, em última análise, sem vida. Isso se manifesta com clareza em uma maneira anômala de entender a autoridade na Igreja – tão comum em muitas comunidades em que ocorreram as condutas de abuso sexual, de poder e de consciência – como é o clericalismo, essa atitude que ‘não só anula a personalidade dos cristãos, mas também tem uma tendência de depreciar e desvalorizar a graça batismal que o Espírito Santo colocou nos corações da nossa gente. O clericalismo, favorecido tanto pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, gera uma divisão no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que hoje denunciamos. Dizer não ao abuso significa dizer não energicamente a qualquer forma de clericalismo”.
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Abusos: não haverá um Sínodo extraordinário, mas mais de 100 presidentes de Conferências Episcopais abordarão a questão com o papa no Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU