Vítimas da pedofilia clerical de todo o mundo exigem que o Papa “passe das palavras aos fatos”

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06 Julho 2018

Miguel Ángel Hurtado tinha 16 anos quando sofreu abusos sexuais por parte de um sacerdote em Barcelona. Desde então, este psiquiatra catalão, residente em Londres, luta sem descanso para retirar mais vítimas desse obscuro caixão no qual ele próprio esteve metido, de medo e silêncio, que permitiu, entre outras coisas, que muitos depredadores tenham saído intactos de suas atrocidades. Uma impunidade favorecida a partir da própria Igreja e sua política de acobertamento e ameaças.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 05-07-2018. A tradução é do Cepat.

Hurtado é um dos responsáveis por ECA (Ending Clergy Abuse, em suas siglas em inglês), uma organização mundial de ativistas que se uniram para “obrigar a Igreja a acabar com o abuso clerical” a menores, fazer justiça às vítimas e “exigir o fim do mecanismo estrutural na Igreja que permite o abuso”.

Junto ao espanhol, entre os fundadores estão personalidades como Peter Saunders, que fez parte da Comissão Antipedofilia criada pelo Papa Francisco e da qual saiu acusando a instituição de querer esconder os abusos contra menores; Alberto Athié, um dos primeiros denunciantes do mexicano Marcial Maciel; e José Andrés Murillo, uma das três vítimas do clérigo Fernando Karadima, no Chile, que foram recebidas pelo Papa Francisco antes que este decidisse intervir na Igreja chilena e destituir bispos (no momento, 5 de 31 prelados) acusados de acobertamento.

Na atualidade, a organização ECA conta com ativistas em 15 países dos quatro continentes, e lida com informação relativa a abusos sexuais na Igreja em vários países de todo o mundo. No último mês de junho, coincidindo com a visita do Papa a Genebra, a organização quis se fazer presente nas ruas, denunciando a passividade de Roma para implementar uma política antiabusos.

De fato, segundo revelava esta semana Associated Press, o Estado vaticano não conta com políticas para proteger os menores de sacerdotes pedófilos, nem requer que qualquer suposto abuso seja denunciado à polícia.

Sete anos depois que o Vaticano ordenou todas as conferências episcopais do mundo a elaborar diretrizes para evitar tais abusos, atender as vítimas, punir os infratores e manter afastados os pedófilos do sacerdócio, a própria sede da Igreja católica não tem uma política como essa.

“Não cabe a mim julgar o Papa Francisco ou o Vaticano por suas palavras, mas pelos seus fatos”, relata Miguel Ángel Hurtado. Em sua opinião, “a retórica de tolerância zero, caso não seja acompanhada de ações contundentes, permanece em um triste slogan publicitário, que pode ser muito efetivo, mas não irá prevenir novos abusos, nem garantir que os sobreviventes adultos tenham acesso a uma justiça efetiva”.

Uma das ações prioritárias da organização ECA é denunciar como a Santa Sé, apesar das reiteradas petições da ONU, continua “negando-se a implementar as recomendações” das Nações Unidas para acabar com este flagelo. “E passaram cinco anos desde os primeiros relatórios” do Comitê de Direitos da Criança.

“Não basta que o Papa, em nome da Igreja, peça perdão às vítimas”, denuncia Hurtado. “Se esse perdão não é acompanhado por ações encaminhadas a reparar o dano causado, não demonstra um arrependimento sincero”.

“Em nível pessoal, se me pedisse perdão, como fez com outras vítimas, eu lhe diria que estou disposto a aceitar suas desculpas, mas que lhe imponho como penitência, por seus graves pecados, que cumpra as recomendações das Nações Unidas”, arremata o psiquiatra.

Como exemplo, Hurtado ressalta como o Vaticano ainda não colocou em prática algumas das recomendações da ONU, como “denunciar todos os casos de pedofilia clerical à polícia, entregar os arquivos canônicos às autoridades civis e criar um tribunal para julgar os bispos acobertadores”.

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