18 Junho 2018
A expressão “todo o mundo é uma aldeia” pode ser aplicada a algumas situações novas que foram registradas no Chile nas últimas semanas. Nos meios de comunicação, particularmente nos programas de TV, de repente, cresceram desmedidamente as tomadas de posição, as declarações e os encorajamentos, além dos elogios e dos agradecimentos às vítimas de abusos sexuais, das três mais famosas – Cruz, Murillo e Hamilton, abusados pelo padre Fernando Karadima – até as menos conhecidas, ligadas a casos nos âmbitos jesuíta, marista e salesiano.
O comentário é de Luis Badilla, publicada em Il Sismografo, 16-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hoje, depois de mais de oito anos, muitos falam, muitos que, no passado, permaneceram em silêncio. Agora, fazem análises e desejam soluções. No passado, nunca tiveram uma única opinião; agora, parecem desejosos para ocupar a cena midiática para analisar os documentos do papa, as visitas dos enviados do pontífice, Dom Scicluna e Mons. Bertomeu, a tragédia da pedofilia na Igreja e na sociedade etc.
Nessa espécie de festival da verborragia, há bispos, sacerdotes, jornalistas, teólogos, especialistas em questões eclesiais e também organizações católicas que, ao contrário, nos últimos anos, ou se calaram ou disseram o contrário do que dizem hoje.
Há algumas semanas, e isto deve ser enfatizado por motivos de honestidade e de coerência, e também para orientar o leitor interessado, um grupo chileno chamado Voces Católicas – ligado à rede internacional Catholic Voices – está muito visível na condenação dos abusos, na defesa das vítimas, no pedido de mudanças na Igreja local. Até a visita do papa em janeiro passado, esse grupo estava em posições opostas que se inspiravam na opinião do seu fundador, Austen Ivereigh (1).
O jornalista e escritor Ivereigh, no passado, atacou repetidamente as três vítimas de Karadima, recebidas depois pelo Papa Francisco: J. C. Cruz, A. Murillo e J. Hamilton. Justamente nos dias dos encontros dessas pessoas com o Santo Padre no Vaticano, Juan Carlos Cruz polemizou via Twitter com Austen Ivereigh, lembrando-lhe aquilo que havia escrito semanas antes, quando pedia que o jornalista chileno mostrasse provas contra Barros, exigência muito amplificada pelo grupo Voces Católicas.
Pelo bem de todos, seria necessário que aqueles que, no passado, antes das decisões do papa sobre a Igreja chilena, pensavam diferente e agora mudaram de opinião, fossem menos presunçosos e mais humildes.
Sim, humildes, como o Papa Francisco, que reconheceu aberta e solenemente os seus erros de avaliação e de informação, e pediu perdão. As Voces Católicas deveriam imitar o Santo Padre para aspirar à credibilidade nesse assunto, em que o seu comportamento foi, no mínimo, distorcido.
1. O outro cofundador do grupo é Jack Valero. O Catholic Voices nasceu em 2010 no contexto da visita do Papa Bento XVI ao Reino Unido. Do site do Catholic Voices Italia:
“É um projeto que visa a melhorar a comunicação da mensagem cristã sobre as temáticas de atualidade. Ajuda os fiéis a falarem de modo mais eficaz à cultura contemporânea, tanto através da mídia, quanto na vida cotidiana. Não fala oficialmente em nome da Igreja, mas tem sua bênção e respeita totalmente sua liderança e sua doutrina.”
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Chile. Mais cautela e humildade ao falar da crise da Igreja: o caso ''Catholic Voices'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU