14 Junho 2018
O site argentino LaTecla.info fez uma longa entrevista com Dom Víctor Fernández (disponível aqui, em espanhol), o novo bispo de La Plata, que tomará posse da sua diocese oficialmente no sábado, 16 de junho.
A reportagem é de Francesco Gagliano e Luis Badilla, publicada em Il Sismografo, 13-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica Argentina (Puca), Dom Fernández substituirá Dom Hector Aguer, que já tem mais de 75 anos. Na conversa com a revista de Buenos Aires, o prelado argentino – famoso não só pela sua inteligência e preparação, mas também por ser uma pessoa muito próxima ao Papa Francisco, com quem colabora desde o dia de sua eleição – responde a várias perguntas sobre a delicada situação pela qual o país está passando e, obviamente, sobre a relação com o Papa Francisco.
Como se sabe, o pontífice, poucos meses depois de sua eleição, elevou Dom Fernández, então reitor da Puca, à dignidade de arcebispo, atribuindo-lhe a sede titular de Tiburnia.
No dia 23 de abril passado, Dom Fernández deixou a reitoria da universidade e, durante várias semanas, sucederam-se as hipóteses mais diversas sobre seu próximo encargo. A maioria dos analistas pensou que o prelado estava prestes a se mudar para o Vaticano, para assumir a liderança de um dicastério como prefeito.
No dia 2 de junho passado, chegou de surpresa a notícia oficial: o Santo Padre o nomeou bispo de La Plata. Agora, alguns em Buenos Aires defendem que, mais cedo ou mais tarde, Dom Fernández chegará à capital como bispo coadjutor e, portanto, com direito de sucessão, quando for oportuno. Deve-se lembrar que o atual arcebispo, o cardeal Mario Aurelio Poli, completará 71 anos em novembro próximo.
Na recente entrevista, sobre as instrumentalizações políticas da figura do papa na Argentina, consideradas por muitos analistas como verdadeiras armadilhas, o arcebispo defende que o papa foi prejudicado por “chegar ao papado exatamente quando se passava de um governo a outro com sinal político diferente. Estando longe, ele ficou exposto a interpretações de seus gestos banhadas pela sensibilidade política. (...) De todos os modos, ele não opera tentando deixar todos os argentinos contentes e opta por ser ele mesmo, porque nunca nos deixaria contentes. Não ocorre o mesmo em outros países. Na Itália, embora muito estejam contra o que ele diz sobre os imigrantes, gostam dele mesmo assim. Nos Estados Unidos, embora estejam contra o que ele diz sobre economia ou mudanças climáticas, os próprios republicanos o receberam com fervor, e a maioria continua amando-o”.
O arcebispo Fernández também explica que, em sua pátria, assim como em outros países, incluindo a Itália, as posições do pontífice – às vezes críticas em relação à política e aos governos atuais – são sempre ouvidas e apreciadas pela sua franqueza e sinceridade.
Em resposta à fatídica pergunta – se o papa visitará em breve a Argentina – Dom Fernández observa brevemente assim: “Não acho que ele virá. Eu acho que ele sente que aqui já deu o que podia dar e agora tem um mundo imenso ao qual quer dar uma mão. Embora eu não descarte que, se houver uma oportunidade adequada, ele dê uma breve ‘passada’ por aqui”.
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Dom Víctor Fernández: ''Não acho que o papa virá à Argentina em breve'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU